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Pessoas com Deficiência na Educação de Jovens e Adultos: Algumas Considerações

Por:   •  16/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  8.190 Palavras (33 Páginas)  •  72 Visualizações

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Pessoas com deficiência na Educação de Jovens e Adultos: algumas considerações

Patrícia Vasconcelos

Simone Barreto Anadon

Resumo

O presente artigo é resultado de uma pesquisa que teve como tema a inserção de estudantes com deficiência nas classes de Educação de Jovens e Adultos - EJA. Entende-se que esse é um fenômeno que vem ocorrendo e modificando os espaços de aprender e de ensinar na modalidade de EJA. Para compreender melhor como esses sujeitos tem ingressado na EJA e quais as dificuldades e possibilidades desse novo cenário para que esses possam avançar em seus estudos, foi realizado um estudo de caso. A partir da realidade de uma escola pública da rede municipal de ensino, procurou-se identificar como professores e professoras da EJA percebem a entrada dos PCD’s nas turmas.

Palavras-chave: EJA, Inclusão, aprender, ensinar

Considerações Iniciais

O presente artigo é resultado de uma pesquisa que tem como tema a inserção de pessoas com deficiência – PCD, nas turmas de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Trata-se de um trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em Pedagogia da FURG e tem como objetivo compreender como vêm se dando o trabalho docente e a integração desses estudantes no cotidiano das salas de aula da EJA.

Dentro desta perspectiva, este trabalho pretende demonstrar a partir da perspectiva de professores e professoras da EJA de uma escola municipal da rede pública de Rio Grande, quais as dificuldades e quais as potencialidades da inclusão. Pretende-se com isso demonstrar tanto o desafio que configura esse novo cenário, quanto a inclusão aponta para a revisão de nossas posturas e práticas pedagógicas cotidianas.

Sabemos que o termo inclusão não se refere apenas à integração de crianças, de jovens e de adultos deficientes nos espaços escolares e sociais. A inclusão refere-se a um olhar atento a todos e todas que no decorrer da história tiveram direitos negligenciados e que precisam ser reconhecidos e integrados às oportunidades de ser na sociedade. Especialmente, na educação, a inclusão de pessoas com deficiência, impele a expansão do olhar pedagógico para todas as diferenças. Defende-se que as políticas de inclusão são fortes elementos impulsionadores da revisão do fazer docente, da organização escolar e das diferentes formas de aprender e ensinar nos espaços educacionais.  

          

A inclusão de pessoas com deficiência na escola mobiliza os fazeres escolares na direção do reconhecimento de individualidades com suas peculiaridades e especificidades. As vivências entre sujeitos diferentes na escola é uma possibilidade de exercício para a liberdade de ser quem se é e de aprender e ensinar de acordo com as características de cada um, de cada uma. Destacamos a abordagem de Mantoan (2006) que acredita em uma educação inclusiva na qual as pessoas devem ter respeito umas às outras:  

As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim, a diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada e é condição imprescindível para se entender como aprendemos e como compreendemos o mundo e a nós mesmos. (MANTOAN, 2006.p12)

O respeito a dignidade da qual está revestido todo ser humano impõe-se, portanto, como base e valor fundamental de todo e qualquer processo formativo. O trabalho que apresento procura evidenciar a experiência de professores e professoras da EJA, buscando socializar as práticas que acolhem e integram os sujeitos da inclusão.

O CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

No decorrer da história, a educação de jovens e adultos emerge no período da colonização com a vinda dos padres jesuítas que buscavam alfabetizar os e as indígenas a fim de catequizá-los. A intenção de ação cultural e educacional com a proposta de alastrar a fé católica estava diretamente ligada ao trabalho educativo. Porém com a vinda da família real ocorreu o afastamento dos jesuítas no século XVIII, ocasionando a decadência da educação de jovens e adultos pois esta ficaria de responsabilidade do Império.

Durante a ditadura de 1964 surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), gerado pelo Governo Federal. A criação do MOBRAL, durante a ditadura militar ocorreu em substituição ao método de alfabetização de adultos recomendado pelo educador Paulo Freire

 De todo modo, o método de alfabetização usado pelo MOBRAL era fortemente influenciado pelo Método Paulo Freire, utilizando-se por exemplo do conceito de "palavra geradora". A diferença é que o Método Paulo Freire utilizava palavras tiradas do cotidiano dos alunos, enquanto, no MOBRAL, as palavras eram definidas a partir de estudo das necessidades humanas básicas por uma equipe técnica definida pelas normas-padrão da língua cultural.

Apenas no final da ditadura militar que a EJA começou a adquirir novos olhares, porque foi neste período que foi criada a UNESCO, administrado pelo professor Lourenço Filho. Este foi que encabeçou a primeira campanha em prol da Alfabetização de Jovens e Adultos, aplicando o método de Frank Laubach educador norte-americano.

Não podemos esquecer a contribuição de Paulo Freire com a chamada Educação Popular.

Sendo, assim a partir 1967 foi formalmente criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), a Declaração da Salamanca (1994), a Constituição Federal da Educação Brasileira (1988), a LDBEN 9394/96 e a Declaração de Hamburgo (1997). Analisamos que essa modalidade de educação passou por muitas interrupções e modificações, por isso precisa ser compreendida e repensada pelas políticas públicas, poia ainda existem várias falhas em sua real função

No momento vamos abordar aqui um tema bastante complexo sobre a Educação de Jovens e Adultos, que é a legislação. Esta é uma das partes principais deste trabalho que merecem um olhar mais profundo acerca da compreensão das leis e suas emendas destinadas a esta modalidade.

Destacamos um pouco sobre o que diz A Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96(LDBEN), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA (Resolução CNE/CEB 01/2000 e o Parecer CNE/CEB 11/2000[a]) determinam que a EJA seja entendida como um direito uma vez que “a educação é um bem real social e simbolicamente importante”, que dá a esses indivíduos a oportunidade de estudar, aprender a ler, escrever e calcular, possibilitando uma formação ampla e integral de homens e mulheres (NOVAIS, 2010).

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