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Pós estruturalismo e Foucault

Por:   •  23/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.645 Palavras (7 Páginas)  •  946 Visualizações

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SILVA, Tomaz Tadeu da. A crítica pós-estruturalista do currículo IN:____ Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p.117-124

FOUCAULT, Michel. Corpos dóceis IN: ____Vigiar e punir: nascimento da prisão. 29.ed Petrópolis: Vozes, 2004.p. 117-142

A crítica pós-estruturalista do currículo – Tomaz Tadeu Silva

O pós-estruturalismo tem como autores de referência Foucault e Derrida. Freqüentemente é associado ao pós-modernismo, sendo em algumas análises, considerados como iguais.

Apesar do pós-modernismo e do pós-estruturalismo fazerem uma critica do sujeito centrado e autônomo do modernismo e do humanismo, eles pertencem a campos epistemológicos diferentes. Pós-modernismo abrange um campo bem mais extenso de objetos e preocupações, define-se a uma mudança de época. Pós-estruturalismo limita-se a teorizar a linguagem e o processo de significação, continua e radicaliza a critica do sujeito do humanismo e da filosofia da consciência feita pelo estruturalismo, para ambos esse sujeito é uma invenção cultural, social e histórica. Para o pós-estruturalismo de Foucault não existe sujeito que não seja resultado de um processo de produção cultural e social.

Foucault e Derrida contribuíram de forma efetiva para definição do pós-estruturalismo. Tendo como destaque Foucault, principalmente pela forma como ele concebe a noção de poder; não como algo que se possui, algo fixo, centralizado. Ele esta dissolvido em toda a sociedade, distribuído em micropoderes. Foucault tem o saber como algo que não é externo ao poder. Há uma correlação de dependência entre poder e saber.

Para Foucault o poder se dá a partir dos processos que nos formam como sujeitos de determinado tipo. A identidade dos sujeitos é determinada pelos aparatos discursivos e institucionais que os definem como tais; o louco, o prisioneiro, o homossexual.

Derrida contribuiu com o pós-estruturalismo através do conceito de Différance, usando o termo para estender e radicalizar o alcance do conceito de diferença. Para Derrida o significado não é definitivo e apreendido pelo significante. O significado está sempre mais adiante, mais além, algo que não tem fim. Sendo nós sempre dominados pelo significante.

O pós-estruturalismo rejeita qualquer tipo de sistematização, sendo assim, não se pode atribuir uma teoria do currículo a ele. O que se pode inferir é uma atitude nas perspectivas atuais sobre o currículo.

Características da perspectiva pós-estruturalista do currículo

A concepção pós-estruturalista vê o processo de significação como indeterminado e instável remetendo desta mesma forma ao conhecimento. Um significado é o que é porque ele foi socialmente assim definido. A análise de Derrida sobre os significados e significantes entram em acordo com os processos entre saber e poder apresentados por Foucault. Sendo o conhecimento e o currículo considerados como campos de significação, estes também são caracterizados por sua indeterminação e por sua conexão com relações de poder 

Segundo Foucault, é preciso desconfiar destas definições filosóficas de “verdade”, que é verificada empiricamente e que corresponde a uma suposta realidade. A perspectiva pós-estruturalista se preocupa em saber de como algo é considerado verdade, o porquê algo se tornou verdadeiro.

Partindo dos pressupostos de Derrida, uma perspectiva pós-estruturalista sobre o currículo, seria questionar as concepções de verdade que permeiam os significados ligados à religião, a pátria, a política, a ciência, que faz parte da estrutura curricular.

Questionamentos como: onde? quando? por quem foram inventados? Seria uma tentativa de desconstruir os inúmeros binarismos de que foi feito o conhecimento que constitui o currículo: masculino/feminino, heterossexual/homossexual, colocaria em duvida as atuais e rígidas separações curriculares entre os diversos gêneros de conhecimento, não deixaria, evidentemente de questionar a concepção de sujeito (autônomo, racional, centrado) na qual se baseia o empreendedorismo pedagógico e curricular, denunciando-a como resultado de uma construção histórica muito particular.

Corpos Dóceis – Michel Foucault

É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado...em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. (p.118)

A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. Faz do poder do corpo uma aptidão e transforma-o em potência de modo a sujeitá-lo aos mecanismos a ele impostos. Tratam de mecanismos sutis, aparentemente inocentes, que definem as formas de investimento político e do corpo. Constitui-se uma microfisica do poder.

Abordagens:

Época clássica: descoberta do corpo como objeto e alvo de poder..., atenção dedicada ao corpo; que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forcas se multiplicam. Homem-máquina: Anátomo-metafísico (Descartes) e Técnico-político, constituído pelas instituições sociais e por processos empíricos e refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo.

Foucault apresenta dois tipos de controle a que é submetido o corpo:

Coerção; trabalha o corpo de forma detalhada; exaustivamente, de forma operacional, uma atividade sobre o corpo  Disciplina; trabalha a potência do corpo e seus movimentos. Reprime e lhe impõe exercícios e atividades cronometradas a um determinado tempo e delimitadas a um determinado espaço.

A disciplina ocorria de forma ostensiva nos conventos, nos exércitos, nas oficinas, como forma de dominação.

O marco histórico da disciplina se dá com o nascimento de uma arte do corpo humano que aponta em um mesmo mecanismo a formação de um corpo que quanto mais útil ele for mais obediente ele será e vice-versa.

A arte das distribuições

A disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço. Para isso, utiliza diversas técnicas.

A Cerca; especificação de um local heterogêneo a todos os outros e fechado em si mesmo. Local protegido da monotonia disciplinar

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