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Surgimento da didática

Por:   •  8/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.660 Palavras (7 Páginas)  •  5.167 Visualizações

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Definindo à Didática

A didática surgiu no século XVII, com João Amós Comenius, é dele a definição: “A Didática é a arte de ensinar tudo a todos”. Em sua principal obra, Didática Magna (COMENIUS, 2006), Comenius expõe seus princípios e suas propostas educacionais. Seu pensamento é bastante avançado para a sua época.

A professora Haydt (2001, p. 13) conceitua a didática como “[...] o estudo da situação instrucional, isto é, do processo de ensino e aprendizagem, e nesse sentido ela enfatiza a relação professor-aluno”. O professor Libâneo afirma que a:

Didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si, de moda a criar condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. (2008, p. 5).

Com essas duas definições de Didática já é possível ter uma boa ideia do que seja esse campo de conhecimento. Em ambos os autores está claro que a Didática se preocupa com o ensino, com as condições de aprendizagem, ou seja, com o processo ensino-aprendizagem. Haydt (2001) enfatiza mais as relações entre professor e alunos. Libâneo (2008) preocupa-se com o processo como um todo, incluindo objetivos, conteúdos, métodos e procedimentos.

A seleção de conteúdos, as escolhas de métodos de ensino e de formas de avaliação estão intimamente ligadas a determinadas convicções e visões de mundo. Como lembra o professor Libâneo (2002, p. 5), a prática docente está diretamente relacionada com o “para que educar”.

[...] pois a educação se realiza numa sociedade formada por grupos sociais que têm uma visão distinta de finalidades educativas. Os grupos que detêm o poder político e econômico querem uma educação que forme pessoas submissas, que aceitem como natural a desigualdade social e o atual sistema econômico. Os grupos que se identificam com as necessidades e aspirações do povo querem uma educação que contribua para formar crianças e jovens capazes de compreender criticamente as realidades sociais e de se colocarem como sujeitos ativos na tarefa de construção de uma sociedade mais humana e mais igualitária.

De forma geral, podemos conceituar a Didática como uma disciplina pedagógica que se preocupa com o processo de ensinar e aprender, procurando sempre melhorar a aprendizagem, mas sem perder de vista as finalidades últimas da educação (sociais, humanas e políticas).

Evolução histórica da didática

A evolução histórica da Didática está relacionada com a evolução histórica da própria educação, que, como sabemos, desde a Antiguidade até praticamente o século XIX, não apresentou mudanças muito expressivas. Durante todo esse período a aprendizagem era do tipo passivo e receptivo. Infelizmente, esse tipo de ensaio ainda persiste em muitos lugares, embora a Pedagogia e a Didática tenham proposto muitos outros modelos nos últimos dos séculos. Naquele período:

[...] ensinava-se a ler e a escrever da mesma forma que se ensinava um ofício manual ou a tocar um instrumento musical. Por meio da repetição de exercícios graduados, ou seja, cada vez mais difíceis, o discípulo passava a executar certos atos complexos, que aos poucos iam se tornando hábitos. O estudo de textos literários, da gramática, da História, da Geografia, dos teoremas e das ciências físicas e biológicas caracterizou-se, durante séculos, pela recitação de cor. (HAYDT, 2001, p. 14).

Naquela época, alguns pensadores já se rebelavam contra esse modelo didático. É conhecido de todos nós o caso do filósofo grego Sócrates. Seu método de ensino nada tinha a ver com a repetição ou a “decoreba”, como dizemos hoje. Fazia as pessoas refletirem, convencerem-se de sua ignorância e formular suas próprias hipóteses a partir das perguntas que lhes ia fazendo.

Além de Sócrates, muitos outros filósofos e professores propuseram alternativas didáticas à educação, mas que não tiveram efeitos práticos na vida escolar. A grande guinada rumo à Didática moderna vai se dar com a obra de Comenius. Comenius se diferencia bastante dos educadores medievais em relação aos métodos de ensino. Suas propostas metodológicas representam uma verdadeira revolução educacional, se não levarmos em conta as demais dimensões da Didática.

Em relação as finalidades da educação, que também fazem parte do repertório de preocupações da Didática, Comenius não avança. Para ele o homem deve buscar, em última instância, a felicidade eterna dentro da tradição cristã, na qual foi ele também educado. (COMENIUS, 2006). A educação deve, então, perseguir esse objetivo, ou seja, preparar as crianças e jovens para alcançar a felicidade eterna.

Na obra do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Emílio ou da Educação (ROUSSEAU, 1999), sugere um sistema educacional capaz de formar um jovem que consiga conviver com a sociedade que é, por definição, corrupta. Rousseau acredita que as pessoas nascem boas, mas a sociedade as corrompe. Suas ideias sociais e políticas vão servir de base para a renovação ideológica que, poucos anos mais tarde, culmina a Revolução Francesa, cujas repercussões no mundo ocidental conhecemos bem.

O pensamento educacional de Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) sofreu forte influência de Rousseau. Como seu mestre, Pestalozzi acreditava que o ser humano nasce bom e é formado pelo ambiente no qual vive. Era necessário, portanto, “[...] tornar esse ambiente o mais próximo possível das condições naturais, para que o caráter do indivíduo se desenvolvesse ou fosse positivamente”. (HAYDT, 2001, p. 17).

Pestalozzi acreditava também que “[...] a transformação da sociedade iria se processar através da educação, que tinha por finalidade o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as faculdades e aptidões do ser humano”. (HAYDT, 2001, p. 17). No aspecto metodológico, a Didática de Pestalozzi é pouco prescritiva, ou seja, não há preocupações ambientais que favorecessem o desenvolvimento harmônico das crianças. Ele propunha também que toda criança, independente do seu nível social, deveria ter acesso à educação. Foi o primeiro a advogar, de forma explicita, que a educação deve se dar respeitando-se o desenvolvimento infantil.

Um dos educadores que sofreu influência de Pestalozzi, foi o alemão Johann Friedrich Herbart (1776-1841). Alguns consideram que foi o primeiro autor a formular a Pedagogia em termos propriamente científicos. A teoria de Herbart é bastante ampla e complexa e conta com grande contribuição da Psicologia. Sua proposta tem forte conteúdo moral, enfatizando que a finalidade última da educação é a formação da moralidade e da virtude, moldando as vontades e desejos das pessoas.

Contrapondo-se à passividade do ensino tradicional, aparece John Dewey (1859-1952). Para ele, a atividade é inerente ao ser humano. “A ação precede o conhecimento e o pensamento. Antes de existir como ser pensante, o homem é um ser que age. A teoria resulta da prática. Logo, o conhecimento e o ensino devem estar intimamente relacionados à ação, à vida prática, à experiência. (HAYDT, 2001, p. 21).

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