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A História do Lago dos cisnes

Por:   •  5/12/2017  •  Resenha  •  3.242 Palavras (13 Páginas)  •  1.697 Visualizações

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Introdução

 

        O enredo do filme retrata a trajetória de Nina, uma jovem bailarina e o cotidiano da academia de dança da qual ela faz parte. A temática central se desenvolve a partir da proposta da apresentação de O lago dos cisnes pela companhia.

 

        A história do Lago dos cisnes ilustra a trama em que uma menina doce e ingênua se encontra presa, por meio de um feitiço, no corpo de um cisne branco, sendo apenas o amor verdadeiro o que pode lhe dar a tão desejada liberdade, quebrando a maldição. Surge então um príncipe que poderá amar a menina e livrá-la de seu aprisionamento, porém, antes que o príncipe possa declarar seu amor, ele é seduzido e enganado pela irmã gêmea luxuriosa e malvada do Cisne Branco - o Cisne Negro - que se faz passar pela irmã boa. Em desespero por ver seu amor, e consequentemente sua chance de ganhar a liberdade serem arrancados de si, o Cisne Branco se atira de um penhasco, encontrando sua tão desejada libertação por meio da morte.

 

        Dessa forma, o elenco decide aceitar a proposta e apresentar o Lagos dos cisnes. Por ser uma apresentação clássica que já havia sido remontada diversas vezes, o diretor postula a necessidade de que os dançarinos apresentem o espetáculo em um formato mais visceral, realista, inovador. Simultaneamente, a companhia precisa encontrar uma nova “rainha Cisne”, bailarina principal da performance que deve ser capaz de viver o Cisne Branco e Negro simultaneamente.

 

 

Desenvolvimento (análise do caso);

 

        A personagem principal da trama é Nina, bailarina extremamente dedicada que se esforça ao máximo para obter a perfeição em sua dança. É importante ressaltar que o projeto de ser de Nina vem acompanhado por esse desejo do alcance da perfeição: Eu quero ser perfeita é a afirmação de Nina ao diretor em diversos momentos do filme. Thomas, o diretor da companhia de dança, é outro personagem importante para a trama. É ele que pode autorizar o sonho de Nina de ser escalada para o papel sonhado de Rainha Cisne.

        Desde o início ele a provoca com colocações de que ela seria o Cisne Branco perfeito por ser pueril, doce e ingênua, mas a desafiava em relação a possibilidade de que ela vivesse também o Cisne Negro, que não tinha conexão com a sua personalidade até então. Nina passa pelo seu primeiro momento de teste de seu projeto de ser, tendo que provar para ela mesma e para o diretor que ela poderia abandonar sua versão inocente e trocá-la por outra que se adequasse a personalidade do Cisne Negro.

        O perfeccionismo já era um padrão conhecido por Nina, reforçado através de inúmeras imposições em sua maneira de ser no mundo, controlada por sua mãe. Ao perceber que ele por si só não seria suficiente para que alcançasse o papel principal Nina vivencia um primeiro indício de que seu suposto projeto de ser não a ajudaria na realização de seu objetivo atual.

        Até então podemos compreender o projeto de ser de Nina como um ideal de ser uma grande bailarina, sendo esforçada, doce e gentil. Seu quarto, refletor de seu mundo interno, é enfeitado com bichos de pelúcia e decorado em tons de cor de rosa claro, assim como suas roupas, sempre discretas e claras, quase sempre na cor branca. Aparenta ser uma moça recatada, que passa bastante tempo em casa com a mãe, única referência familiar da protagonista ao longo do filme.

        Sua mãe também se apresenta como um personagem emblemático: ela própria havia sido bailarina na juventude, o que a aproximava da filha por entender a vivência desta, assim como também fazia com que a cobrança por resultados na dança aumentasse, embora se apresentasse um cuidado e preocupação excessiva por parte da figura materna. Essa relação entre mãe e filha com o balé se dá de maneira muito complexa, já que a mãe não pôde realizar seu projeto de ser bailarina, transpondo-o para a filha. Nina então tem de lidar com seu próprio projeto de ser, assim como o antigo projeto de sua mãe, que havia ido à falência.

        A rigidez imposta em sua rotina, sem espaço para uma relação dialética, parece não ter permitido que a escolha original de Nina pudesse emergir já que sua condição para tal era que o mesmo viesse suprir o projeto de ser de sua mãe. Para além de sua mãe, seus outros arreadores existenciais, como a companhia de dança e seu professor Thomas, representavam bastante rigidez, exigindo cada vez mais de Nina, alimentando seu desejo obsessivo pela perfeição.

 

        Para ser aprovada para o papel de Rainha Cisne a protagonista têm de passar pelo primeiro teste que ameaça seu projeto de ser. Durante o processo de escolha de quem seria a bailarina que interpretaria o papel principal, Nina é convidada a ter relações íntimas com o diretor em troca do papel, ao passo que se assusta e acaba por agredir o superior. Acontece que é exatamente esta primeira recusa por parte dela que faz com que ele a escolha para o papel de Rainha Cisne; a dúvida de Thomas ainda se calcava na possibilidade de que a bailarina pudesse interpretar o Cisne Negro, porém, ao agredi-lo ela teria provado poder ser o Cisne Negro, já que sê-lo era também ser a moça que se atreve a morder o diretor.

        Nesse momento, Nina passa a entrar em contato com o princípio de um conflito, que a levará a seu processo de enlouquecimento, onde as condições colocadas pelo “ambiente externo” (seu treinador, a companhia, seus reais impulsos) pedem que ela rompa de alguma forma com seu “ambiente interno” (representados por sua mãe, suas próprias regras de ser no mundo moldadas pelo outro, suas limitações). A negação de Nina aponta uma necessidade maior de ser para si do que ser para os outros, demarcada através de sua atitude. (CASTRO, 2016)

 

        A escolha de Nina como nova protagonista inclui que a antiga estrela da companhia de balé estaria encerrando sua participação, e por isso haveria a necessidade de uma nova alocação. Dessa forma vemos simultaneamente o aparecimento de Nina como personagem principal e a decadência de Beth, bailarina mais velha que ocupou o espaço de protagonista por muito tempo, até ter de se aposentar por ser considerada velha demais para continuar dançando.

        Beth é uma personagem que traz marcas muito importantes, e a falência de seu projeto de ser está intimamente vinculado a ascensão do projeto de Nina, ao mesmo tempo que também o ameaça, trazendo um lembrete de que a idade também chegará para a moça, deixando-a sem escapatória. Beth chega a provocar Nina ao ser substituída, insinuando que a moça deveria ter pago sua colocação como personagem principal tendo relações sexuais com o diretor. Nesse momento fica escancarado esta era uma prática comum entre o diretor e as bailarinas principais.

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