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A Relação Entre A Teoria Da Evolução E As Ciências Sociais Por Francisco Prosdocimi

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Por:   •  28/10/2013  •  1.330 Palavras (6 Páginas)  •  388 Visualizações

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A relação entre a teoria da evolução e as ciências sociais Por Francisco Prosdocimi

As teorias em biologia, química e física precisam ser compatíveis entre si e devem ser avaliadas em níveis de compatibilidade multidisciplinar. As teorias em biologia precisam ser coerentes entre si e, apesar de irredutíveis a explicações químicas, elas devem ser consistentes com a química conhecida. O mesmo vale pra química. Apesar de ser irredutível à física, ela precisa ser consistente com essa ciência. Não é possível que as ciências se contradigam e estejam, ambas, corretas. Cada nível de análises adiciona propriedades que são irredutíveis à ciência de nível inferior, assim, as teorias biológicas não devem e não podem se constituir de teorias psicológicas da mesma forma que as teorias psicológicas não podem apresentar teorias para a formação da cultura. Cada nível pode apenas prover fundamento para o nível posterior na hierarquia.

Com relação à interação entre natureza e cultura costuma-se tentar separar qual a parcela de um determinado comportamento é instintiva e qual é social ou aprendida. Um fato interessante é que os pesquisadores em ambas as áreas estão descobrindo que as rígidas fronteiras entre natural e cultural na verdade não existem. Ao invés de separadas e aditivas, natureza e cultura interagem de forma intercalada, inseparável e ricamente interativa (multiplicativa). Considere, por exemplo, um experimento teórico realizado com dois indivíduos que diferem em suas aptidões musicais, Marcelo e Mozart. Marcelo tem pouca aptidão musical, enquanto Mozart é potencialmente um gênio. Se ambos vivessem num ambiente onde houvesse pouca exposição à música, é provável que Mozart mostrasse um pouco mais de talento do que Marcelo em suas habilidades musicais. Entretanto se ambos nascessem em um ambiente contendo uma rica variedade de músicas, a baixa capacidade musical de Marcelo seria óbvia quando comparada à genialidade de Mozart. A aptidão e o meio ambiente devem interagir! O potencial inato e a experiência ambiental interagem para produzir as habilidades comportamentais. Ao invés de serem plenamente aditivos, os efeitos do meio ambiente deverão variar dependendo do nível da aptidão inata dos indivíduos. Mais uma vez, a tentativa de explicar o comportamento em termos de porcentagens atribuídas à natureza ou à cultura devem ser infrutíferas e enganosas. Ao invés de produzirem efeitos separados, natureza e cultura, cada uma influenciando e sendo influenciada pela outra, ambas devem influir no desenvolvimento de um determinado organismo durante seu tempo de vida. Através das gerações, a natureza biológica humana influencia a natureza social de nossa espécie. E, em alguns aspectos, o ambiente social humano também influencia nossa natureza biológica.

Todas as culturas humanas são fortemente influenciadas, ligadas, limitadas e incorporam nossa natureza animal. Toda característica cultural tem como ponto de partida nossa característica biológica. Imagine, por exemplo, como seria a sociedade humana se algumas das seguintes características comuns aos mamíferos fossem diferentes:

Suponha que todas as fêmeas tivessem um ciclo sexual anual. Isso faria com que tanto os machos quanto as fêmeas se interessassem por relações sexuais apenas durante algumas semanas do ano, durante o verão. As relações sociais entre os sexos deveriam ser bem diferentes, o que refletiria na composição da sociedade;

Ou imagine o impacto na estrutura familiar se as crianças humanas já pudessem se cuidar sozinhas e viver independentemente com um ano de idade;

Ou suponha que as mulheres humanas dessem luz a seis a dez filhos em cada gravidez;

Ou considere as conseqüências produzidas se os machos humanos levassem uma existência solitária, longe de outros machos ou fêmeas, exceto no período de reprodução.

Se qualquer uma das hipóteses acima fosse verdadeira, toda a psicologia humana e as interações sociais, em todas as culturas, seriam profundamente diferentes das que conhecemos. É claro que as culturas humanas são variáveis, mas todas elas possuem características geradas para considerar todos os requerimentos biológicos de nossa espécie. Em muitos casos é possível observar fatores biológicos, psicológicos e culturais atuando em conjunto para produzir respostas similares. Um exemplo é o incesto, que aumenta a endogamia, diminuindo a variabilidade de uma população e levando a efeitos genéticos deletérios. Existe uma tendência psicológica, conhecida como efeito Westermarck, onde os adultos evitam escolher como parceiros sexuais indivíduos com os quais eles viveram suas infâncias. Esse efeito ilustra como a experiência social (companhia quando criança) produz um mecanismo psicológico (nível de interesse sexual) que é compatível com uma adaptação biológica (diminuição da endogamia). Os fatores em cada um dos níveis da análise operam de forma conjunta de forma a realizar funções mutuamente compatíveis.

É interessante notar que algumas pesquisas mostram que nossa natureza social também afeta profundamente nossa natureza biológica. Por exemplo, trabalhos na área de neurociências mostram que a plasticidade neuronal tem um papel importante em modelar nossas sinapses de acordo com a experiência, inclusive social. Essa plasticidade inclui a formação de novas sinapses e a desativação de outras, reforçando ainda a capacidade de algumas em produzir

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