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A TEMÁTICA DA MORTE NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Por:   •  11/2/2020  •  Ensaio  •  1.956 Palavras (8 Páginas)  •  194 Visualizações

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A TEMÁTICA DA MORTE NO CONTEXTO DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Bruna Stênia Queiroz Melo

Mikael Wesley Vieira do Nascimento

INTRODUÇÃO

        Os cuidados paliativos segue uma doutrina de melhorar a qualidade de vida das pessoas que não emitem respostas à tratamentos curativos e assim pauta sua assistência na administração da dor, amenização do sofrimento psíquico e o controle de outras sintomas de ordem psicológica, social e espiritual, almejando oferecer respeito a dignidade do indivíduo e da família no processo de morrer (OMS, 2002).

De acordo com a leitura realizada, o ser humano quando alcança a compreensão de sua limitação e debilidade ao se defrontrar com a finitude da vida, se origina novos significados em relação a morte. Isso, porque desde a antiguidade, o ser humano busca e se inquieta em relação a sua subexistência, estando em constante desenvolvimento e assim, questionamentos inevitáveis podem ocorrer como: O que sou? Quem sou? Qual foi o sentido da minha vida? Por que foi assim? Enfim, inúmeros questionamentos que podem surgir e vir a contribuir para a acentuação de um sofrimento psíquico desnecessário diante do destino inexorável.

Há todo um ritual que deve ser seguido, protocolos que garantem uma boa morte, de acordo com os preceitos cristãos do final da Idade Média. Naquela época, era incumbência dos eclesiásticos auxiliar os moribundos em seus momentos finais de vida e não havendo muitos eclesiásticos disponíveis, a finitude da vida se dar de forma sozinha e isolada era uma constante. Daí a necessidade de se aprender a morrer. Os indivíduos se apropriando da arte de morrer, a morte não era temida, uma vez que se conhecia o caminho que seria percorrido por tal arte (COMBINATO, QUEIROZ, 2006).

        Diante da incerteza de que o momento de cessação da vida se daria ou não de forma solitária, fazia-se necessário aprender desde cedo aprender a boa arte, que consistia em seguir os preceitos que garantissem êxito para uma vida de paz na eternidade não sucumbindo as tentações que lhes era apresentadas no leito de morte.

Atualmente, essa arte vem sendo modificada. Já não se morre mais como antigamente. Vivemos em uma sociedade globalizada, tecnológica e capitalista, cujas concepções referentes à morte são distintas das da época medieval. O que percebemos é que o fenômeno da morte é algo compreendido como impessoal.  Quando a morte se aproxima, ou até mesmo uma ameaça eminente da mesma, faz evocar sentimentos de impotência e inutilidade diante de tal fato.

Podemos afirmar que a falta de conhecimento e até mesmo reflexão sobre o a temática da morte e do morrer, pode contribuir para a percepção que o fenômeno da morte é algo compreendido como impessoal e a morte é um acontecimento que perturba que incomoda do qual não se pensa e não se fala, gerando assim, sentimentos os sentimentos inadequados citados anteriormente.

Nos dias atuais a morte pode ser vista como um absurdo inaceitável, um mistério incompreensível ou até mesmo com um tabu. A medicina devido ao seu desenvolvimento contribui para o duelo entre aceitar a morte ou prolongar a vida em um contexto na qual a morte já se faz presente (COMBINATO, QUEIROZ, 2006).

Dentro desse contexto surgem alguns questionamentos em relação a forma como a pessoa quer morrer e se esse direito deve ser assegurado. Atualmente, a bioética faz essa discussão fundamentada em seus princípios da beneficiência, dignidade, competência e autonomia e enfantizando a necessidade da humanização do morrer (UNESCO, 2005).

A necessidade da realização do presente estudo é baseada na observância de que diante da impossibilidade de cura e a permanência de uma vida com qualidade, nos deparamos com alguns questionamentos, se a pessoa pode escolher esse fim? Pode planejar esse momento? Nossa atuação enquanto profissionais de saúde?

Se por um lado percebemos o dever de manutenção da vida, por outro, nos questionamos em relação a  autonomia do sujeito sobre o seu corpo. Faz suscitar questões sobre nossa ideia de que sabemos o que é bom e ideal para o outro e o poder sobre a vida desse outro, por vezes desrespeitando esse outro e o seu desejo.

Destarte, propõe-se este trabalho relatar a experiência de uma profissional de saúde, enfermeira e sua vivência com a temática da morte no contexto em uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA na região do Sertão Central no estado do Ceará.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo de natureza descritiva, com abordagem qualitativa e delineamento de um relato de experiência, realizado em um município localizado na região do Sertão Central no Estado do Ceará. A escolha pelo método qualitativo deve-se por este oferecer ao pesquisador a oportunidade de compreender o fenômeno em seu contexto real. Este permite acesso à experiência vivida pelos sujeitos (CÂMARA, 2013).

O estudo foi realizado pelos profissionais psicólogos, alunos do curso de especialização em Tanatologia, Suicídio e Processo de Luto do Centro Universitário Católica de Quixadá – UniCatólica. Foi realizada uma entrevista semiestrurada com uma enfermeira que atua há 05 anos em uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA na região do sertão central.

No período em que a experiência foi realizada, 24 de maio de 2019, o município possuía uma população estimada de 87.116.

         Os dados coletados na experiência foram analisados à luz da literatura vigente sobre a temática da morte do contexto dos profissionais de saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A experiência da profissional no contexto de uma UPA compreende um período de 05 anos atuando como enfermeira plantonista atendendo a todas as faixa etárias.

A profissional relata que o trabalho com pacientes em fim de vida não foi uma escolha sua. Porém, a partir do momento que escolheu a enfermagem, sabia que poderia me deparar com diversas situações na vida das pessoas, inclusive a do “fim da vida”, estado terminal.

Ao ser questionada sobre os principais valores que norteiam a sua prática com pacientes em fim de vida, a mesma respondeu que principalmente o respeito, se durante a vida temos que ter, com o paciente em estado terminal não pode ser diferente.

Afirma que o trabalho árduo, mas gratificante, quando reconhecido pelos familiares ou superiores, funciona como um combustível para fazer ainda melhor e saber que está indo pelo caminho certo e que nunca se cansa de desenvolver seu trabalho nesse ambiente. E que utiliza como recursos de enfrentamento para a manutenção do equilíbrio emocional a leitura, mais especificamente os livros que edificam a sua espiritualidade.

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