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A Teoria de Aprendizagem de Piaget

Por:   •  16/9/2022  •  Resenha  •  2.476 Palavras (10 Páginas)  •  241 Visualizações

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A Teoria de Aprendizagem de Piaget

A Teoria de Aprendizagem de Piaget diz que as crianças possuem um papel ativo na construção de seu conhecimento e o desenvolvimento cognitivo, que é a base da aprendizagem, se dá por assimilação e acomodação. Assim, a assimilação é o esforço que temos para fazer com que os eventos existentes se adaptem ao nosso organismo. Compreendemos os novos conceitos, comparando-os com os que já temos na nossa estrutura psíquica. Piaget diria que quando um bebê manuseia uma bola de vidro decorativa da mesma forma que ele aprendeu a manipular uma bola de borracha, ele a assimilou a seu esquema de manuseio de bola. A chave aqui é que a assimilação é um processo ativo. Em primeiro lugar, assimilamos informação seletivamente. Nós não absorvemos tudo o que experimentamos; antes, prestamos atenção apenas àqueles aspectos de qualquer experiência para a qual já temos esquemas. Por exemplo, quando você escuta um professor dar uma aula, você pode tentar escrever tudo em seu caderno ou armazená-lo em seu cérebro, mas na verdade você assimila apenas os pensamentos que pode associar a algum conceito ou modelo que você já tem.

O processo complementar à assimilação é a acomodação, que envolve mudar um esquema como resultado de informação nova absorvida por assimilação. Ou seja, acontece a acomodação quando surge uma situação em que a assimilação não pode ser feita, ocorre o seu complemento, que é a acomodação. Neste caso, ocorre uma adaptação nos conceitos existentes para que se possa assimilar o novo conteúdo. Por exemplo, o bebê que pega uma bola de vidro pela primeira vez responderá à natureza escorregadia da superfície, comparada àquilo que ele esperava com base em sua experiência com bolas de borracha, e acomodará seu esquema de manuseio de bola. Dessa forma, ele desenvolverá um esquema de manuseio de bola que pode levar em consideração diferentes características de superfície de diferentes tipos de bolas.

Portanto, na teoria de Piaget, o processo de acomodação é o segredo da mudança do desenvolvimento. Através da acomodação, reorganizamos nossos pensamentos, melhoramos nossas habilidades e mudamos nossas estratégias. Com isso, o equilíbrio cognitivo é restabelecido. Todas as vezes que ocorre um desequilíbrio cognitivo, os processos de assimilação e acomodação passam a funcionar. Esses processos ocorrem durante toda a nossa vida, estamos sempre em processo de desequilíbrio cognitivo em busca de equilíbrio. Esse fenômeno é conhecido como equilibração.

Piaget dividiu o desenvolvimento em estágios, como você poderá constatar a partir do conteúdo que iremos apresentar. Cada estágio alcançado possibilita novas formas de ver o mundo.

O período sensório-motor

Essa fase vai do nascimento até aproximadamente os dois anos de vida. Nesse período, a criança inicia o seu aprendizado, ela ainda não tem condições de entender o mundo como nós o fazemos, através de conceitos e lembranças. Ela inicia, nos primeiros seis meses, com os esquemas. Como já foi dito, os esquemas são a base das futuras estruturas. Tudo começa com os reflexos de choro, de sucção, de orientação para sons no ambiente. Logo ela passa a realizar as chamadas reações circulares primárias e começa a repetir ações que já fez no passado como reflexo, mas que agora é proposital. Por exemplo, ficar passando a mão na boca quando sente fome.

A partir dos seis meses, começam a ocorrer as reações circulares secundárias, ou seja, repetem ações que levam a produzir efeitos visuais ou auditivos no ambiente que chamaram a sua atenção. Se antes ela olhava para o chocalho quando alguém balançava, agora ela quer balançar o chocalho. O interesse agora é pelo efeito de suas ações no ambiente. Ao final do primeiro ano, já conseguem dominar uma quantidade maior de esquemas e, assim, movimentam-se em direção do objeto desejado, inclusive retirando obstáculos do caminho ao invés de pegarem o primeiro que estiver em sua frente. Logo após o primeiro ano, elas desenvolverão as reações circulares terciárias e, por meio disso, variam as ações que produzem no meio, fugindo da repetição. Continuam observando o efeito provocado no meio. Fica claro, nessa fase, que a criança passa a ter curiosidade e busca entender as propriedades dos objetos. Então, ela aperta a bola e sente, arremessa a bola e escuta o som dela batendo na parede. Essa fase termina quando a criança desenvolve a capacidade de criar imagens mentais que podem ajudá-la a resolver alguns problemas, como, por exemplo, quando ela olha para a cadeira, olha para a mesa e arrasta a cadeira para subir e pegar algo de seu interesse que está sobre a mesa. Ela criou uma imagem em que seria possível alcançar algo usando a cadeira.

É importante observarmos que muitos pais interferem de forma negativa nessa fase ao punirem suas crianças pelo que denominam de teimosia. A criança aprende pelas sensações que chegam do ambiente e pelas sensações provocadas pelo seu movimento, por isso chama-se sensório-motor.

Pré-operacional

Piaget via evidências de uso de símbolo em muitos aspectos do comportamento
de crianças de 2 a 6 anos. Por exemplo, crianças dessa idade começam a fazer
brincadeiras de “faz de conta”. Esse uso de
símbolos também é evidente no surgi-
mento da linguagem e na capacidade primitiva dos pré-escolares de entender modelos em escala ou mapas simples. Portanto, os esquemas figurativos das crianças crescem a passos largos durante esse estágio. Em comparação, os esquemas operativos desenvolvem-se lentamente. Como resultado, a natureza fragmentária “em desenvolvimento” dos esquemas operativos dos pré-escolares geralmente os impede de gerar conclusões válidas para problemas lógicos.

Além do uso de símbolos, a descrição de Piaget do estágio pré-operacional focalizava-se em todas as outras coisas que a criança em idade pré-escolar ainda não pode fazer, dando um tom estranhamente negativo a sua descrição desse período. Piaget considerava o pensamento do pré-escolar rígido, capturado por aparências e ligado a sua própria perspectiva – uma qualidade que Piaget chamava de egocentrismo. A criança não está sendo egoísta; antes, ela simplesmente pensa (supõe) que todos veem o mundo como ela.

O foco da criança pré-escolar na aparência dos objetos é uma parte igualmente importante da descrição de Piaget desse período, evidente em alguns dos mais famosos de seus estudos, aqueles sobre conservação. Conservação é o entendimento de que a quantidade de uma substância permanece a mesma ainda que sua aparência mude. A técnica de medição de Piaget envolvia primeiro mostrar à criança dois objetos ou um conjunto de objetos iguais, induzindo a criança a concordar que eles eram iguais em algum aspecto específico, tal como peso, quantidade, tamanho ou número, e então trocando, mudando ou deformando um dos objetos ou o conjunto de objetos e perguntando à criança se eles ainda eram iguais. Em seguida, Piaget perguntava como a criança sabia que a resposta era correta. Crianças que estavam usando esquemas pré-operacionais davam justificativas tais como “a salsicha tem mais argila porque agora ela é maior”. Esse tipo de pensamento reflete a tendência da criança a pensar no mundo em termos de uma variável de cada vez, um tipo de pensamento que Piaget chamava de centração. Em contraste, pensadores operacionais concretos são capazes de descentração, um processo no qual múltiplas dimensões são consideradas. Portanto, a criança mais velha diz, “a salsicha parece mais porque é maior agora, mas você não colocou nem tirou argila, então ela ainda deve ser a mesma”. Piaget insistia, com base em suas avaliações tanto das soluções das crianças quanto do seu raciocínio, que elas raramente exibem um entendimento verdadeiro de conservação antes dos 5 ou 6 anos.

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