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ABUSO, NEGLIGÊNCIA E PARRICÍDIO

Por:   •  8/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.893 Palavras (8 Páginas)  •  494 Visualizações

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FACULDADE ASSIS GURGACZ

ABUSO, NEGLIGÊNCIA E PARRICÍDIO

CASCAVEL

2015

FACULDADE ASSIS GURGACZ

ABUSO, NEGLIGÊNCIA E PARRICÍDIO

Trabalho apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado em Psicologia das Instituições e Organizações do 9º período do curso de Psicologia da Faculdade Assis Gurgacz, sob orientação da professora Adriana Garbin como requisito parcial de avaliação da disciplina.

CASCAVEL

2015

ABUSO, NEGLIGÊNCIA E PARRICÍDIO: UM ESTUDO DE CASO

Paula Inez Cunha Gomide

Entender os parâmetros dos meus tratos infantis é um fator crítico para de determinar o processo de como adolescentes matam seus pais (HEIDE, 1994). Este ato é denominado parricídio, ou seja, é um homicídio ou tentativa de homicídio que envolve os pais, mães, padrastos ou madrastas como vítimas. Se o filho mata a mãe, ele é denominado matricida, e se mata o pai é denominado patricida.

A lei distingui duas formas de maus tratos: o abuso e a negligência, que é considerada um crime de abandono de incapaz. Geralmente, um tipo de abuso é acompanhado por um ou mais tipos de negligência. O primeiro é dividido em três tipos: físico, sexual e psicológico. E o segundo também é dividido em três tipos: física, médica e emocional.

O abuso físico inclui maus tratos físicos que produzem dor. Já o abuso sexual pode ser de dois tipos: o explícito, que envolve penetração vaginal, anal, sexo oral e masturbação da criança; e o abuso encoberto, que envolve a exposição da criança a cenas sexuais inadequadas para a idade. E o abuso psicológico pode ser verbal ou ações que humilhem, depreciem, rebaixem a autoestima.

A negligência física inclui não prover a criança de alimentos, roupas ou moradia segura; a negligência médica envolve não fornecer cuidados à saúde obrigatórios, e a negligência emocional ocorre quando os pais falham em promover condições favoráveis para que o desenvolvimento da criança seja saudável.

Estudos de Heide (1994) com adolescentes parricidas determinaram a presença de uma ou mais destas formas específicas de abusos e negligência. A autora entende que o mais consistente fator entre os jovens que matam é que ele, via de regra, observaram ou experimentaram violência familiar.

A explicação para muitos parricídios cometidos por adolescentes é um ato desesperado de autoproteção pela percepção real de um perigo eminente, para finalizar os abusos cometidos pelas vítimas. A desintegração familiar, a quebra dos valores morais, o abuse de drogas, a violência e a negligência familiar são as causas do parricídio.

Via de regra, os parricídios ocorrem em famílias monoparentais em que aquele que fica com a obrigação de exercer os cuidados parentais não demonstra habilidade e equilíbrio para fazê-lo, gerando relações hostis e abusivas. Entretanto, ocorrem casos de parricídio em famílias consideradas intactas, pela ausência parental, que leva a quebra da harmonia familiar.

Muitos jovens que cometeram parricídio nunca haviam se envolvido com atos criminosos até a ocorrência do homicídio ou tentativa de homicídio de seus pais. Os adolescentes que são isolados, e não tem amigos próximos, tem o dobro de chance de terem comportamentos antissociais. Para estes jovens, a violência se torna um método para conseguir o que desejam, ou eliminar uma situação indesejável (HEIDE, 1994).

Segundo Heide (1994), abusar física, psicológica e sexualmente dos filhos causa grave problema de desenvolvimento em crianças e adolescentes. Essas práticas são negativas, e favorecem o desenvolvimento de comportamentos antissociais, tais como uso de drogas, comportamentos infratores e agressivos (GOMIDE, 2003, 2004, 2006).

Este artigo relata o tratamento psicoterápico realizado com um adolescente matricida e discute a influência das variáveis familiares (negligência, abuso físico, psicológico e sexual familiar) como determinantes do matricídio.

Este adolescente tinha 17 anos, e estava no 2º ano do Ensino Médio quando o crime ocorreu. Durante parte do período de internamento fez sessões de psicoterapia. As sessões foram realizadas durante seus meses e conduzidas pela autora deste trabalho. Ocorreram 24 sessões individuais e três com membros da família. As sessões variavam de 1 a 3 horas de duração, dependendo dos conteúdos tratados.

Histórico familiar do adolescente: Ele morava com a mãe e os avós maternos. Contou que ficava a maior parte do tempo em casa com os avós pois sua mãe não deixava-o sair de casa. A mãe dele passava a maior parte do tempo no trabalho, pois sustentava a casa. Contou que desde pequeno era espancado pela mãe, e constantemente estava com hematomas pelo corpo. Muitas noites ele era acordado com socos e era espancado enquanto dormia. Relatou que sempre dormia com calças compridas e cobertas para se proteger. Já mais velho, não conseguindo mais espanca-lo, a mãe passou a jogar água quente nele enquanto dormia.

Contava tudo com raiva, medo, tristeza e principalmente sem compreender porque era tratado desta forma pela mãe e avós maternos. Os espancamentos relatados não tinhas o objetivo de educar e eram acompanhados de raiva intensa, palavrões e desqualificações. Segundo Gomide (2004), a criança não entende que seu comportamento é inadequado, entende sim, que ele é inadequado.

A mãe registrou o filho apensas em seu nome e nunca permitiu a aproximação do pai. Ela não permitia a convivência do adolescente com amigos; trazer amigos ou ir à casa deles era proibido. Em várias ocasiões rasgou roupas e cadernos, quebrou seus brinquedos, deus seus brinquedos de presentes para outras crianças e não compareceu às festas escolares ou ao aniversário do próprio filho. Fazia o menino copiar, de madrugada, o caderno que ela havia rasgado propositalmente, sob a justificativa de que ele havia errado a tarefa. Assim que a criança começava a fazer amigos nas redondezas, ela imediatamente mudava de bairro, procurando lugares isolados, onde ele não podia ficar sozinho.

Relatou o ódio e a frustração que sentia por estar sempre mendigando o afeto materno. Nunca se sentiu amado. Disse submeter-se a tudo, pois acreditava que um dia receberia o amor materno. Ela dizia que era por que ele era muito parecido com o pai que a havia maltratado. Queria muito conhecer o pai e ter informações sobre ele, mas a mãe o forçava a odiar o pai. Entendeu que os avós também espancaram os filhos e ficaram sem moral diante da mãe, por isso não o protegiam.

O abuso psicológico é uma forma tão severa de coerção quanto o abuso físico. O abuso de poder e falta de afeto são percebidos pela criança como se ela estivesse em perigo, não fosse amada. Embora o abuso psicológico possa ser sutil e de difícil mensuração, na prática pode ser o mais frequente de todos os tipos de abuso. Várias consequências negativas podem advir do uso desta forma de controle, entre elas, uma baixa autoestima, dificuldades em estabelecer relacionamentos sociais ou ideações suicidas (Gershoff, 2002).

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