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ANTROPOLOGIA

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Por:   •  15/9/2014  •  Tese  •  1.114 Palavras (5 Páginas)  •  246 Visualizações

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“Procure a complexidade e ordene-a.”

O título instigante que buscamos dar a este texto parte de uma reestruturação da citação de Whitehead, onde ele vai dizer: “procure a simplicidade, mas desconfie dela.” Mediante a nova cultura na qual o homem moderno está inserido, sempre acompanhado de suas mazelas, sejam estas as mesmas que o acompanham durante toda sua história, sejam elas novas que surgem no decorrer de sua trajetória histórica ou sejam as que são criadas. A partir dessa colocação, veremos como o homem se perdeu no meio dessa complexidade e quais válvulas de escape que ele encontrou para amenizar a perda de seu cerne, sua suposta sanidade. Este texto busca compreender a relação entre a situação de cultura apresentada por Maria Lucia da Silveira em sua obra “O Nervo Cala, o Nervo Fala: a linguagem da doença” e a interpretação das culturas feita por Clifford Geertz.

Em Geertz, vemos a importância do trabalho etnográfico, onde é através dele que se pode analisar o homem, atravessando suas camadas, onde de camada em camada, se encontraria um homem divido em vários níveis, superiores e inferiores, de acordo com a degradação das camadas. Nesse emaranhado de camadas, onde antes interferia o fator psicológico, passa então a agir o fator biológico, e sucessivamente de formas desordenadas outros fatores como sociais, neurológicos, fisiológicos etc. Na etnografia de Maria da Silveira, uma médica sanitarista que está trabalhando seu mestrado em Antropologia, podemos notar o quanto sua inserção no meio de uma comunidade de mulheres moradoras de um bairro de Florianópolis foi importante para o levantamento de dados acerca do sofrimento do nervo.

Ao desvendar as camadas propostas por Geertz, Maria da Silveira vai descobrir a influência dos nervos na vida dessas moradoras, onde é justamente através desses sintomas psicológicos e somáticos que ela vai perceber a intermediação nas relações entre o indivíduo e seu meio, que se manifestará socialmente – e essencialmente – na forma do estresse. Nessa investigação das camadas, a médica propõe encontrar as origens da doença dos nervos, sob ponto de vista clínico e entrelaçá-los com a concepção de nervos no senso comum daquela comunidade. Nesta ótica, a médica, ao se colocar como observadora no lugar do outro, podemos perceber com a pesquisa o quanto a cultura influencia no conceito do sujeito e na conceituação abstrata que o sujeito faz do seu meio.

Geertz coloca o homem em um grau evolutivo hierarquizado, onde ele é estruturado, sob seu próprio tempo, em níveis sociais, psicológicos, orgânicos e culturais. Isso talvez tenha alguma influência no que tange a ideia de gênero no trabalho de Maria da Silveira, uma vez que as mulheres são, de certa forma, mais suscetíveis ao estado de nervo, já que para o homem tal manifestação é compatível com seu temperamento. A manifestação da doença se dá como resposta a pressão do meio exercida sobre o indivíduo. Através desse trabalho de campo, a médica chegou a uma forma de antropologia da saúde, na qual abarca as ciências naturais e as ciências sociais para explicar os fatores que desencadeiam o transtorno patológico.

Toda organização de cultura tem por determinar as necessidades e exigências dos indivíduos, seja nas questões fisiológicas, psicológicas e/ou sociais. Todas essas exigências são modeladas pela cultura, o que acaba exercendo um efeito opressor sobre o sujeito, isto é, quando o mesmo, por alguns dos fatores já citados, não está apto à corresponder de forma eficiente à essas exigências. A inaptidão não é um ponto primordial para a “proliferação dos males dos nervos”, isso pode se dar também quando o sujeito tem um estado fisio-metabólico saudável e o que o compromete é o fator sócio-cultural. É o que nos afirma Maria da Silveira quando diz que “a estrutura da doença não é monolítica, mas que depende de vários outros fatores como as variações individuais de classe, de gênero e de circunstâncias.” (2000, p. 22)

Como as doenças, em certos períodos históricos, exigem da sociedade de seu tempo formas de relações entre indivíduo-doença, vemos que nessas

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