ANÁLISE SISTÊMICA SOBRE O FILME GUARDIÕES DA GALÁXIA À LUZ DA TEORIA PICHONIANA

Acadêmica: Bruna Goede Krieck      Data: 17/04/220     Psicologia 5° período      Professora: Ana Bela - Processos Grupais

ANÁLISE SISTÊMICA SOBRE O FILME GUARDIÕES DA GALÁXIA

À LUZ DA TEORIA PICHONIANA

• INTRODUÇÃO (breve sinopse do filme)

 Guardiões da Galáxia, se passa na linha de tempo do Universo Marvel. O filme inicia seu enredo quando Peter Quill, também conhecido na história como Star Lord, foi abduzido da Terra quando ainda era criança. Este que, quando adulto, fez carreira como um saqueador. Quando o mesmo rouba uma esfera, na qual o imponente vilão Ronan, está interessado, Peter passa a ser procurado por vários caçadores de recompensas. Para escapar do perigo, ele une forças com quatro personagens foragidos do sistema: Groot, uma árvore humanóide, a confiante e habilidosa Gamora, o engenhoso guaxinim Rocket Racoon e o vingativo Drax, o Destruidor. Mas o Star Lord descobre com seu novo grupo que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo, e logo todos deverão unir forças para proteger o objeto e assim salvar o futuro da Galáxia.

• ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA PICHONIANA

 Utilizando para a análise do filme, o referencial teórico-metodológico de Pichon -Rivière, no que se refere aos processos grupais. Perspectiva metodológica que pressupõe o caráter dialético da interação entre indivíduo e sociedade, baseando-se também na teoria do vínculo, entre outras concepções que serão definidas no decorrer da resposta.

 A técnica de grupo operativo de Pichon-Rivière, consiste em uma tarefa grupal, onde tem como objetivo a mudança, interesses apresentados em comum, assim como a articulação de um processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos. Cada integrante do grupo possui sua história pessoal consciente e inconsciente, isto é, sua verticalidade. Em Guardiões da Galáxia, foi possível ter uma percepção de diversos conceitos em diferentes aspectos do filme, a primeira delas está relacionada com o ECRO Individual, que seriam as características particulares de cada indivíduo.

 Dito isso, posso discorrer sobre os personagens que destaquei como principais ao longo da história. Começando com Peter Quill, onde percebendo um pouco de sua trajetória, nota-se que o mesmo apresenta uma personalidade confiante e ágil porém imprevisível, impulsivo e em partes, debochado. Em seguida Gamora, essa que também tem seu caráter confiante e debochado, ainda que seja notório sua força e autenticidade. Ronan, um vilão pretensioso e ganancioso por poder, muito conhecido entre os demais, o qual Gamora, inclusive, deveria seguir ordens. Drax, o Destruidor, que traça sua personalidade por influências negativas de seu passado cruzado com o de Ronan, tornando-o impulsivo, explosivo e com muita cobiça por vingança, esse que no entanto, apresentará mais a frente respeito e confiança. Ainda Rocket Racoon, o qual demonstra um caráter descontraído e sarcástico, mas manifesta uma habilidade e inteligência incrível. E por fim, Groot, com sua ingenuidade, se demonstrando sempre muito pró-ativo e protetor, principalmente a seu parceiro, Rocket. Estes que mais a frente formarão um grupo operativo, com objetivos em comum.

 Na concepção de Pichon, o grupo se apresenta como ferramenta de transformação da realidade, em que seus integrantes passam a estabelecer relações grupais, que se formam na medida em que inicia um partilhamento de objetivos comuns, participando dentro do grupo de forma crítica e se percebendo interagindo e se vinculando entre eles. No entanto, os personagens apresentados anteriormente ainda não se apresentam como um grupo pois, no início, cada um tem objetivos diferentes, sendo o de Rocket e Groot, por exemplo, o da recompensa, do dinheiro, visto que são mercenários. O qual se assemelha um pouco com o de Peter que, sendo um saqueador, também está atrás de recompensas. Diferente de Gamora e Drax, onde ela tem como seu objetivo principal a liberdade da submissão que tem por Ronan, que faz surgir mais além uma ânsia por vingança, sendo essa o principal aspecto a ser seguido por Drax. Conclui-se entretanto que, ainda aqui, já há uma necessidade em comum por todos: a mudança. Seria esse o objetivo fundamental de todo grupo operativo, onde seus integrantes assumem papéis e posições distintas dentro da tarefa grupal.

 Compreendemos então, que o grupo opera em prol de uma tarefa, passando a compartilhar necessidades em função de objetivos comuns, criando uma nova história, definida como a horizontalidade do grupo. Assimilando ao esquema do Cone Invertido de Pichon, com seus vetores e aspectos. O Cone tem sua finalidade em observar como os integrantes do grupo interagem dentro dele mesmo para executar uma tarefa, possibilitando com isso verificar os efeitos da mudança, podendo ser estabelecido, de uma forma simplista, como a dinâmica grupal. Encontramos ainda na teoria de Pichon-Rivière, um conceito que antecede a tarefa: a pré-tarefa, sendo definida pela resistência na interação apresentadas pelos indivíduos pertencentes ao grupo, situação que gera uma ansiedade nos mesmos.

O conceito do cone e a pré-tarefa é observada no filme à medida que os personagens apresentam conflitos tanto em grupo, quanto consigo mesmo, justificados por seus interesses distintos. Eles demonstram uma insegurança com esse novo esquema que estão inseridos e com as certezas que tinham de si mesmos e do mundo. Percebe-se aqui, as manifestações de ansiedades paranóides

devido a esse rompimento do que se manifestava em particular para, neste momento, adaptar-se às novas demandas. No entanto esses medos vão se alterando conforme as adversidades ao decorrer do enredo. Passando por isso, inicia-se a tarefa, sendo a trajetória que o grupo percorre para atingir seus objetivos.

 O primeiro contato dos personagens do filme como um grupo operante acontece na prisão, onde foram todos pegos no mesmo momento. A partir daí, ocorre a pré-tarefa e logo a tarefa, sendo escapar do aprisionamento o objetivo inicial partilhado entre todos. Tendo isso, pode-se dar início uma compreensão dos personagens pelos aspectos do Esquema Conceitual Referencial Operativo - o ECRO - grupal. Junto a tarefa ainda, surgem papéis importantes a serem adquiridos pelos sujeitos do grupo. Cada um assume um papel, fazendo uso de suas habilidades para atingir o atual propósito coletivo.