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Por:   •  9/10/2013  •  Tese  •  1.068 Palavras (5 Páginas)  •  391 Visualizações

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A expressão "gênero" sempre esteve, na tradição ocidental, especialmente ligada aos gêneros literários, mas já não é mais assim, como lembra Swales (1990:33), ao dizer que "hoje, gênero é facilmente usado para referir uma cate¬goria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias". É assim que se usa a noção de gênero em Etnografia, Sociologia, Antropologia, Folclore, Retórica e, evidentemente, na Lingüística.

Os gêneros não são entidades naturais como as borboletas, as pedras, os rios e as estrelas, mas são artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano. Não podemos defini-Ios mediante certas propriedades que lhe devam ser necessárias e suficientes. Assim, um gênero pode não ter uma deter¬minada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Por exemplo, uma carta pessoal ainda é uma carta, mesmo que a autora tenha esquecido de assinar o nome no final e só tenha dito no início: "querida mamãe". Uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de produtos em oferta; o que conta é que divulgue os produtos e estimule a compra por parte dos clientes ou usuários daquele produto. A título de exemplo, obser¬ve-se este artigo de opinião da Folha de São Paulo, que, embora escrito na forma de um poema, continua sendo um artigo de opinião:

Exemplo (3) NELFE - 350 - artigo de opinião

Um novo José

Josias de Souza

-São Paulo- Diga: ora, Drummond, Agora FMI.

Calma José. Se você gritasse,

A festa não começou, se você gemesse,

a luz não acendeu, se você dormisse,

a noite não esquentou, se você cansasse,

o Malan não amoleceu, se você morresse ...

mas se voltar a pergunta: O Malan nada faria,

e agora José? mas já há quem faça.

Diga: ora Drummond,

agora Camdessus. Ainda só, no escuro,

Continua sem mulher, qual bicho-do-mato,

continua sem discurso, ainda sem teogonia,

continua sem carinho, ainda sem parede nua,

ainda não pode beber, para se encostar,

ainda não pode fumar, ainda sem cavalo preto,

cuspir ainda não pode, Que fuja a galope,

a noite ainda é fria, você ainda marcha, José!

o dia ainda não veio, Se voltar a pergunta:

o riso ainda não veio, José, para onde?

não veio ainda a utopia, Diga: ora Drummond,

o Malan tem miopia, por que tanta dúvida?

mas nem tudo acabou, Elementar, elementar,

nem tudo fugiu, sigo pra Washington

nem tudo mofou. e, por favor, poeta,

Se voltar a pergunta: não me chame de José.

E agora José? Me chame Joseph.

Fonte: Folha de São Paulo, Caderno 1, pág. 2 - Opinião, 04/10/1999

Aspecto interessante no texto acima é que ele apresenta uma configuração híbrida, tendo o formato de um poema para o gênero artigo de opinião. Isso configura uma estrutura inter-gêneros de natureza altamente híbrida e uma relação intertextual com alusão ao poema e ao poeta autor do poema no qual se inspira e do qual extrai elementos: "E agora]oséJJ, de Carlos Drummond de Andrade. Essa característica pode ser analisada de acordo com a sugestão de Ursula Fix (1997:97), que usa a expressão "intertextualidade inter-gênerosJJ para designar o aspecto da hibridização ou mescla de gêneros em que um gênero assume a função de outro. Esta violação de cânones subvertendo o modelo global de um gênero poderia ser visualizada num diagrama tal como este:

INTERTEXTUALIDADE TIPOLÓGICA

Função do gênero A

/

artigo de opinião

/

Formado gênero A

Forma do gênero B

/

poema

/

Função do gênero B

A questão da intertextualidade

...

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