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Cartas Um Jovem Terapeuta

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Por:   •  22/5/2013  •  1.972 Palavras (8 Páginas)  •  1.517 Visualizações

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Capitulo I

Vocação Profissional

“Aquele que tem uma profissão tem um bem, aquele que tem uma vocação tem um cargo de proveito e honra.” Benjamin Franklin

Para ser terapeuta é preciso ter vocação, amor ao que se propõe não se deve procurar a profissão de terapeuta por status ou coisa do gênero, se desejar chamar a atenção, procure outra profissão. Ser terapeuta é muito gratificante, traz uma imensa alegria ao ver as conquistas e vitórias dos seus pacientes, mas não tem reconhecimento, não é como o médico, que seus pacientes são eternamente gratos e vivem dando recompensas, na profissão de psicoterapeuta não encontramos o mesmo brilho.

O caráter e a ética, devem caminhar juntos, como iremos encontramos pessoas de todas as classes e culturas, temos que saber lidar com o diferente e acima de tudo respeitar as individualidades dos sofrimentos.

Traços ideais para se tornar psicoterapeuta:

1. Um gosto pronunciado pela palavra e um carinho espontâneo pelas pessoas, por diferentes que sejam de você;

2. Uma extrema curiosidade pela variedade da experiência humana com o mínimo possível de preconceito. Você pode ter crenças e convicções, mas se essas convicções acarretam aprovação ou desaprovação morais preconcebidas das condutas humanas, sua chance de ser um bom psicoterapeuta é muito reduzida, por não dizer nula;

3. O futuro terapeuta deve, ele mesmo, ser paciente durante um bom tempo, pois quando sentir que suas práticas não estão funcionando, será bom lembrar que você sabe mesmo (e não só pelos livros) que sua pratica adiante. Sabe porque a pratica que você propõe a seus pacientes já curou ao menos um: você.

Capitulo II

Quatro Bilhetes

Bilhete 1

“Poderia um travesti ser psicoterapeuta ou psicanalista? E você iria num ou numa terapeuta travesti?”

Pois é, eu escolheria um analista em que tivesse confiança. As razões dessa confiança seriam provavelmente imponderáveis e, eventualmente, irrisórias: desde a recomendação de um amigo até a decoração do consultório, passando por uma contribuição decisiva do terapeuta à ultima enciclopédia de bridge ou por algo que ele/ela disse ou escreveu em matéria de psicanalise.

De qualquer forma, quando escolhi meu analista, não me lembro de ter pensado que escolhia um analista heterossexual. Suas fantasias e preferencias sexuais não o definiam, eram irrelevantes aos meus olhos.

Bilhete 2

“E um pedófilo, poderia ser terapeuta ou analista?”.

A objeção à ideia de um terapeuta existe, mas é de outra natureza. A fantasia do pedófilo é propor ou impor seus desejos a um sujeito que mal entende o que está sendo feito com ele e com seu corpo. É uma fantasia de domínio e, sobretudo de domínio pelo saber.

Não é difícil entender que essa fantasia não é compatível com o exercício da psicoterapia ou da análise.

Bilhete 3

“Qual é o seu limite? Qual é o paciente que você recusaria e encaminharia alhures? E será que existem limites, por assim dizer, universais? Ou seja, sujeitos que nenhum terapeuta ou analista deveria aceitar?

Mas talvez meu limite coincida com o limite universal sobre o qual você me questiona. Talvez um terapeuta ou um analista não tenham nunca o que propor a quem (burocrata, militante ou crente) consegue agir e perpetrar pequenos ou grandes horrores sem que sua subjetividade esteja envolvida.

Bilhete 4

“Será que não deveríamos acrescentar, entre os traços de caráter esperados num terapeuta, uma vontade de mexer com a vida dos outros, de ensiná-los, influencia-los?”

A escolha da direção ou do caminho não deve ser decidida por uma norma, nem mesmo por uma sabedoria. Espera-se que o terapeuta ou analista empurre o paciente na direção de seu desejo. Alias, é por isso que uma terapia leva tempo, porque, antes de empurrar, é preciso que esse desejo consiga se manifestar um pouco.

Em suma, muito mais do que a vontade de ensinar os outros e de mexer com suas vidas, é importante, como já lhe disse, a aceitação carinhosa da variedade das vidas com todas as suas diferenças.

Capitulo III

O primeiro paciente

Quando chegou o dia da primeira entrevista do primeiro paciente, eu tinha uma preocupação dupla: queria que o apartamento tivesse a cara de consultório, mas também queria que não tivesse cara de consultório no dia de sua inauguração. Afinal , eu pensava, qual paciente gostaria de descobrir que o analista em que ele vem depositar uma esperança de cura é um novato absoluto?

Nada garante que a voracidade da escuta e uma atenção exarcebada sejam as melhores conselheiras para um terapeuta. Além disso, dificilmente o desejo de ser o primeiro paciente de seu analista é apenas um jeito de garantir uma escura especial e atenta.

A escolha de um terapeuta é sempre guiada por razões um pouco mais complexas e reveladoras do que o próprio paciente imagina.

Essa história deixa alguns ensinamentos:

1. Nem sempre é verdade que os pacientes preferem terapeutas experientes.

2. Como os caminhos pelos quais um paciente coloca sua confiança num terapeuta são muitos, se não são inúmeros, o mais simples talvez seja que nos contentemos em ser nós mesmos (não é preciso desarrumar colchas e deixar baganas nos cinzeiros).

3. A experiência certamente ajuda na conduta das curas, mas, de qualquer forma, seria bom que guardássemos sempre alguns elementos do espirito do debutante: a curiosidade, a vontade de escutar e , por que não, o calor de quem, a cada vez, acha extraordinário que alguém lhe faça confiança.

Capitulo IV

Amores terapêuticos

Admirações, respeito, são sentimentos que destinamos às pessoas a quem pedimos algum tipo de cura para nossos males.

Os afetos facilitam o trabalho do terapeuta. E acrescentei que isso é especialmente verdadeiro no caso da psicoterapia, com a exceção de que, neste caso, espera-se que o encantamento se resolva, acabe um dia. Sem isso, a psicoterapia condenaria o paciente

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