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Resumo cartas a um jovem terapeuta

Por:   •  6/11/2015  •  Resenha  •  1.996 Palavras (8 Páginas)  •  2.165 Visualizações

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DA RGIÃO DE JOINVILLE- FURJ[pic 1]

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

Departamento de Psicologia – Personalidade

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           Professora: Mariana Datra Schulze                                                                                                        09.06.2015

RESENHA

I. Identificação da obra

O nome do livro é Cartas a um jovem terapeuta, porque o autor escolheu o formato de cartas para se comunicar com dois jovens terapeutas, um homem e uma mulher. Impresso pela editora Vozes, publicado pela Elsevier em 2008, Rio de Janeiro. Contém 11 capítulos e 155 páginas carregadas de senso crítico com boa dose de humor que trata do próprio trabalho do psicoterapeuta, autor, Contardo Calligaris, ao responder aos questionamentos desses jovens terapeutas.

II. Dados sobre o autor e escola de pensamento

 Calligares nasceu na Itália, formou-se na França, onde viveu aproximadamente 20 anos. Mudou-se para o Brasil na década de 1980, é casado com uma brasileira com quem tem três filhos. Desde 1995 vive nos Estados Unidos, onde trabalhou na New Scholl for Social Research, Nova York e na Universidade de Berkeley. Também mora no Brasil, em São Paulo, onde realiza seus atendimentos e é colunista da Folha de São Paulo. Possui outras obras publicadas como: Adolescência e Terra de Ninguém. Sua primeira formação foi em Epistemologia Genética, na Suíça, onde apreciou as palestras de Jean Piaget. Nesta época Calligaris focou seus estudos às ciências sociais, e também, fez graduação em Letras que o permitiu ensinar teoria da literatura. Fez um doutorado em Semiologia com Roland Barthes, quando começou a fazer análise sendo paciente. Depois disso, seu interesse voltou-se para a Psicanálise. Foi membro da Escola Freudiana em Paris, em 1975 frequentando os cases apresentados por Jaches Lacan. É doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Provença na França.

III. Resumo do conteúdo

Os 11 capítulos focam em responder as questões elaboradas pelos dois jovens terapeutas que fala sobre as dúvidas: características que revelam a vocação para profissão; se há impedimentos para exercê-la (travesti pedofilia, outros limites, influência na decisão das pessoas); se há preferência por terapeutas experientes; se existe amores terapêuticos; qual deveria ser a formação do psicoterapeuta (psicologia clínica, medicina e psiquiatria); se a psiquiatria pode propor a cura; como aumentar o número de pacientes; sobre a estrutura da sessão terapêutica (setting, entrevista, duração da sessão, pagamento, supervisão); sobre o falso conflito entre psicanálise e psicofarmacologia (neurociências); como lidar com questões da infância se paciente quer tratar questões da atualidade.

De modo rápido, explicitamos aqui as diretrizes obtidas nas respostas de Calligaris, que desenham as condições salutares aos profissionais que querem aturar como psicoterapeutas. Para o autor o bom psicoterapeuta necessita de traços de caráter como, por exemplo,  não ser crucial o querer ser objeto de veneração amorosa, reconhecido com gratidão. O temor e o escárnio são escamoteados nas atitudes de polidez direcionadas ao psicoterapeuta, por isso não deve esperar gratidão, nem permitir-se o desejo de ser amado e admirado fazendo o papel das ilusões de objetos insubstituíveis de gratidão e amores maternos. Além de que, nenhuma terapia deve almejar o vínculo de dependência do paciente. A terapia funcional é aquela que conduz o paciente a parar com a idealização do terapeuta, e que este tenha: a) um gosto pela palavra e um carinho espontâneo pelas pessoas; b) extrema curiosidade pela variedade da experiência humana com o mínimo possível de preconceito; c) experiência em reconhecer que de algum modo ele mesmo tenha engajado em algum tipo de “desvio”, para não permitir que reprima em si mesmo o desejo que parece condenar; d) vivência pessoal de sofrimento psíquico.

O psicoterapeuta que os limites convencionados socialmente como impeditivos ao exercício profissional não coadunam com a visão psicanalítica. Por exemplo, a confiança é que nos leva a fazer análise com algum profissional e não a sua identidade sexual (travesti), ou que a pedofilia é impeditiva para ser analista, não pela situação em si, mas porque a fantasia pedófila implica em impor seus desejos àquele que não entende o que está sendo feito com ele e com seu corpo, o que a sessão analítica potencializaria essa fantasia. Assim, a diretriz é que o psicoterapeuta analise quais são seus limites pessoais (de sua própria história e psique) de funcionamento, evitando assim que seus desejos sejam transferidos a seus pacientes. Só estaria em condições de aceitar as variedades de vida. Também, assim se estabelece a confiança, mesmo àqueles profissionais inexperientes. Lembra que se deve ter o primeiro compromisso com o paciente, isso também, cria credibilidade que traz mais pacientes.

Calligaris, alerta para os possíveis amores terapêuticos, que com raríssimas exceções, ocorrem pela idealização do terapeuta num amor de transferência por parte do analisado, e na dinâmica do abuso perpretada pelo terapeuta ou da crença de se ver como remédio pra tudo, ou mesmo da manutenção de sua intencionalidade de agradar “a mãe e fazê-la feliz” (Complexo Edipiano).

Quanto à formação do psicoterapeuta, o autor não vê a necessidade de uma formação específica, mas advoga a necessidade de competência e domínio de conteúdos tanto da área médica e psiquiatra, quanto da psicologia, para que saiba distinguir sintomas de efeitos medicamentosos, de distinguir as nuances pertinentes em cada caso às psicopatologias. Por isso ele entende que a aversão ao termo cura em psicanálise não é necessário, quando há o entendimento de que a normalidade é o estado de funcionamento em que o sujeito se permita realizar suas potencialidades vivendo plenamente o que lhe é possível nos limites impostos por sua história e constituição. Na saída da análise não somos os mesmos sem dor, somos outros diferentes, daí a cura não é voltar o que era antes e sim, sair da situação que adoece, com dignidade e com outras perspectivas, que ainda assim, me constituem.

O autor também fornece diretrizes para dinâmica da sessão terapêutica, destacando: a) a livre associação (regra) permite o psicoterapeuta enunciá-la quando lhe parecer necessário, para um ganho qualitativo de pensamento; b) durante a análise evitar decisões irreversíveis para o longo da vida; c) comprometer-se a não falar com seus familiares de sua terapia; d) o setting terapêutico precisa ser ajustado ao analisado e ao psicoterapeuta respeitando-se sempre o modo de funcionamento deles; e) o limite do terapeuta está em direção às suas condições de servir como auxílio, se colocando como aliado do desejo do paciente contra as razões que ele se impede de desejar, por exemplo, até a voz do paciente pode interferir no quanto me disponho a ouvir, daí a entrevista serve para esse tipo de análise ou também para saber o que o paciente espera da terapia; f) o tempo da sessão, valor e forma de pagamento precisam ser negociados, e não podem limitar a conduta de qualidade da terapia; g) é imprescindível supervisão e esta escolha deve ser compatível às necessidades do terapeuta.

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