ENTREVISTAS COM PSICÓLOGOS EDUCACIONAIS

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

ROTEIRO – ENTREVISTA

Nome do profissional: Simone Bicca Charczuk

Instituição de trabalho: FACED/UFRGS

1. Gostaria que você descreve-se como é seu trabalho com a psicologia, quais são as atividades que desenvolve e há quanto tempo estás atuando na área.

Atuo como psicóloga desde 2003. Já atuei em recrutamento e seleção, assessoria escolar e brevemente com clínica infantil. Desde 2007 sou professora universitária, trabalhei com formação de psicólogos entre 2009 e 2016 e com formação de professores desde 2007.

1. Como você descreveria para nós a interface entre a psicologia e a educação?

Como você acha que a psicologia está contribuindo com esse processo de ensino-aprendizagem e como isto afeta os sujeitos envolvidos?

A interface entre a psicologia e educação é uma das mais antigas no Brasil, passando por diversos momentos e implicações sociais. Atualmente percebo essa interface em estreita relação e preocupada com os processos de ensino e aprendizagem, sendo o psicólogo parceiro dos educadores e trabalhando, muitas vezes, inserido na própria escola. Um trabalho que vejo se ampliando é justamente a participação da psicologia na formação de professores nessa perspectiva de parceria. Vejo a escola como potencial espaço de promoção de saúde, tanto para alunos, como professores e funcionários. Muitas vezes um trabalho de promoção e prevenção realizado na escola evita que seus atores necessitem de serviços especializados de maior complexidade em saúde mental fora dela.

1. Como você percebe a aceitação da escola e de seu trabalho dentro dela? Quais foram os maiores desafios que já enfrentou no ambiente escolar e quais são as principais demandas da instituição e das famílias?

Penso que hoje a presença do trabalho do psicólogo que atua na interface com a educação está mais amplamente aceito e reconhecido. Um desafio clássico é colocar-se como parceiro nas intervenções e não atender a demanda como “solucionador de problemas”.

1. Por você estar inserida dentro deste contexto escolar, o que você percebe como sendo as principais necessidades de uma escola da rede pública quando ao contexto de ensino-aprendizagem? Você acredita haver diferenças entre a escola da rede pública e a privada neste aspecto?

A escola da rede pública necessita de recursos e suporte aos professores. Estes se defrontam com demandas que extrapolam o contexto escolar e precisam lidar com elas estando, muitas vezes, sozinhos nessa tarefa. Espaços para construção coletiva e desconstrução do estigma de aluno-problema. Acredito que o ambiente escolar pode ser potencializador ou adoecedor tanto na escola pública quanto na privada. A diferença reside muitas vezes na forma como as relações são constituídas. Muitas vezes podemos pensar que a escola privada, por ter recursos materiais, é melhor que a pública, porém, pode também ser um ambiente propício para o assédio moral e a violência entre alunos. Talvez a forma como isso de manifesta é que pode apresentar nuances.

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