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Ensaio Filme Shine

Por:   •  3/5/2017  •  Ensaio  •  1.067 Palavras (5 Páginas)  •  351 Visualizações

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Este ensaio procura descrever a idéia que tive sobre o filme Shine, produzido na Austrália em 1996, direção de Scott Hicks. Trata-se de um filme inspirado na história real de David Helfgott, representando os dramas existenciais na vida do protagonista. O diretor utiliza-se de recursos temporais passando pela infância, adolescência e fase adulta.

No filme destaca-se o relacionamento conflituoso de David com o pai, esse último caracterizado por um homem rígido, severo, patriarca em uma família amedrontada, vítima de sua história e da história, marcado por guerras e grandes traumas, um homem que aparentemente teve dificuldades em se projetar e principalmente realizar-se como indivíduo, o mesmo por diversas vezes cita a questão do violino que comprou com tanto sacrifício e foi destruído pelo pai, nesses momentos parece tocar a fragilidade, mas o resultado final demonstra uma atitude de “auto-endeusamento” e tirania, a mãe por sua vez, parece viver na sombra, responsável em acudir as crianças somente em suas necessidades fisiológicas, não exercendo nenhum poder de decisão na vida dos filhos, as irmãs aparentam também não ter nenhuma autonomia, todo esse contexto com certeza, dificultou o desenvolvimento dessa família.

A leitura que a criança faz destes gestos, destas palavras, destes atos do adulto, do cuidador dela, é que vão desencadear o processo psicológico que a gente chama de identidade ou formação de identidade. Então é na afetividade, isto é, na maneira como os vínculos entre o adulto e a criança se fazem é que esta identidade vai se favorecer ou não (CAPELATTO, 2001 p. 20).

David era uma criança prodígio, e essa característica o fazia detentor de um grande poder e ao mesmo tempo vítima de tal incumbência, ele convivia com a obrigação de vencer, menos que isso não era tolerável, a “não vitória” tinha por si só o peso do pior dos fracassos e isso foi demonstrado nos concursos musicais que o garoto participou, mesmo assim, o pai exigia que ele tocasse obras quase impossíveis para sua idade e maturidade, demonstrando pouca empatia pelo garoto, sua obsessão pela música e o descaso em relação a família, vistos como seres privados de identidade, vontade e projetos.

David não tinha amigos na infância, seu grupo familiar e social era restrito aos pais  e irmãs, todos na família pareciam ser sujeitos alienados pela vontade de um pai, que buscava através do filho resgatar a mediocridade que se tornou a própria vida, esse contexto impossibilitava David de encontrar recursos para se construir singularmente e adquirir segurança psicológica e assim poder traçar seus projetos e lançar-se na sociedade.

Quando adolescente, o protagonista construiu uma forte amizade com Katherine, ela também vitima da ausência do pai, uma senhora que o encorajou a seguir seus propósitos e construir um projeto de ser, desvinculado da tirania do pai, a mesma o presenteou com um par de luvas, que no filme simbolizou um objeto mediador desse processo.

Apesar de não vitorioso os primeiros concursos logo causam admiração dos profissionais que ali estavam, um dos jurados solicitou a autorização para dar aulas a David, mas tal acontecimento pareceu não alegrar ao pai, como se seu propósito maior fosse expor o filho como um objeto de valor a ser admirado, mas pertencente somente a ele. Mesmo relutante o pai entrega o filho aos ensinamentos do profissional, que o prepara e adverte da imaturidade do menino para tocar uma obra como Rach 3” di Rachmaninov, mas o pai parece não se importar com a advertência.

David já rapaz, começa a se destacar e então recebe um convite de uma prestigiosa escola Americana, é nesse momento que o pai se utiliza de covardes artifícios para impedir que o filho parta, entre eles as chantagens emocionais, diz a David que ele será culpado pela destruição da família e que nunca encontrará alguém que o ama, projetando um mundo cruel onde ele estaria longe da única pessoa que poderia protegê-lo, talvez o pai havia notado a doença mental do filho, talvez estivesse somente limitando o universo de David para poder controlá-lo, é nesse cenário de “aprisionamento mental” que o filho cria forças para se rebelar e aceitar o convite de uma outra grande universidade Inglesa.

Do momento que David decide morar em Londres, seguindo finalmente um caminho em direção ao sucesso e a realização de seu maior sonho, ele é obrigado a se afastar de sua família, por exigência do pai; essa distância parece existir somente fisicamente, uma demonstração da pressão que o pai ainda exerce sobre ele é a escolha do rapaz em aprender de forma majestosa a tocar “Rach 3” di Rachmaninov.

Nesse período as manifestações da doença de David, transtorno esquizoafetivo, começam a surgir e então ele retorna em Austrália, em 1970, após o fim do primeiro casamento é internado em um hospital psiquiátrico, onde permanece por dez anos, recebendo inclusive  eletroconvulsoterapia.“Em 1984, após se apresentar alguns anos em um bar australiano, ele conhece a astróloga Gillian Murray, com quem se casa alguns meses depois. Nas décadas de 80 e 90, construiu uma carreira de sucesso na Austrália e na Europa (WIKIPÉDIA,2016)

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