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Estresse Na Adolescência

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Por:   •  3/12/2014  •  2.656 Palavras (11 Páginas)  •  151 Visualizações

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1. Introdução

Adolescência é frequentemente descrita como um período de sofrimento e de dificuldades para o próprio adolescente e para as pessoas de seu convívio (Arnett, 1999). É nesse período que se desenvolvem concepções mais consistentes a respeito de si e dos outros, além de habilidades para formar e manter relacionamentos significativos (Kristensen et al.,2004).

O adolescente é muito vunerável a problemas, e há diversos fatores que facilitam isso, como: problemas do dia-a-dia, condições financeiras crônicas, violência familiar, estresse, mudança no estilo de vida, e principalmente a morte de um dos pais, ou de ambos, causando um desequilíbrio emocional e gerando sensação de desamparo.

Essa condição pode favorecer o desenvolvimento de problemas psicológicos, tais como estresse e depressão, em indivíduos com vulnerabilidade biológica e ambiental. Os sintomas mais comuns de estresse na adolescência incluem aparecimento súbito de comportamentos agressivos, desobediência, ansiedade, depressão, dificuldade de relacionamento, dificuldades escolares, pesadelos, insônia, entre outros (Lipp, 2000).

A família pode atuar como um fator protetor, servindo como apoio e modelo de enfrentamento de dificuldades. Por outro lado, pode também ser uma fonte geradora de estresse e conflito (Kristensen et al. 2004).

Apesar dos efeitos nocivos advindos das práticas parentais coercitivas, a maioria dos pais e/ou cuidadores tem dificuldade em aplicar outros métodos disciplinares. Assim, o trabalho do psicólogo é de extrema relevância na orientação de pais e/ou cuidadores. O ensino de práticas parentais produtoras de comportamentos pró-sociais e o acompanhamento psicológico do adolescente podem minimizar ou reduzir comportamentos-problema, melhorando a qualidade da interação pais-filhos (Marinho, 2005).

Pais ou cuidadores devem ser, portanto, incluídos nos programas de intervenção psicológica com adolescentes, já que estão envolvidos no processo de manutenção e desenvolvimento dos comportamentos problemas. Necessitam ser incluídos não só como mediadores do psicólogo, mas também como alvos da intervenção (Marinho, 2005).

Além dessas orientações, o acompanhamento psicoterápico do adolescente pode ser necessário para favorecer seu ajustamento ao meio social. A Terapia Cognitivo Comportamental tem sido freqüentemente utilizada com crianças e adolescentes (Kendall, 1991).

Este estudo tem por objetivo demonstrar o processo de atendimento de uma paciente adolescente, exposta a problemas que facilitaram seu desequilíbrio emocional e o desenvolvimento de depressão, seguindo o processo de intervenção psicológica, com base na Terapia Cognitivo-Comportamental.

2. Referêncial Teórico

2.1 Relatando o Caso

G. ,sexo feminino, 13 anos, 7ª ano do ensino fundamental, condição sócio-econômica média baixa. Filha única, órfã, vive com a avó materna.

Segundo relato da avó materna, os pais tinham um bom relacionamento. Quando tinha 3 anos, o pai sofreu um acidente de trabalho, na obra onde o mesmo era pedreiro, e chegou a óbito. A mãe era costureira em uma fábrica têxtil, e devido a problemas de saúde, ficou impossibilitada de trabalhar e passou a cuidar da filha.Passaram a morar com diferentes familiares, dependendo financeiramente dos mesmos.

A primeira situação considerada problemática foi o comportamento de furto que ocorreu aos seis anos, em um supermercado. Posteriormente, a escola passou a queixar-se com freqüência de furtos de objetos de colegas de classe. Visando a modificar esse comportamento, a mãe utilizava punições físicas e verbais, sem, entretanto, monitorar as atividades da criança. Tinha informação sobre os furtos quando era convocada pela escola. Nessas situações, ressarcia os envolvidos e desculpava-se pelo comportamento da filha. Em casa, a família culpava a criança pela humilhação que a mãe enfrentava.

A mãe realizava os afazeres domésticos especificamente atribuídos a filha, tais como: arrumar a cama, organizar o quarto e não havia horários estabelecidos para atividades como tarefas e refeições. Mãe e filha tinham bom relacionamento, com muito afeto e troca de carinho, e G. tinha permissão para brincar com amigos em diferentes lugares.

Quando G. tinha 12 anos, a mãe sofreu um ataque cardíaco e faleceu. Antes de morrer, entretanto, pediu a sua mãe que cuidasse da sua filha, a mesma apresentava boa condição financeira, mora sozinha, e possuía uma rotina sem preocupações.

Após a morte da mãe, houve um aumento na frequência dos furtos realizados por G., além de uma mudança rude de seu comportamento, e assim, passou a consumir drogas incontrolavelmente, entrando em um quadro grave de depressão, pois sentia-se culpada pela morte da mãe . Sua convivência com a avó era totalmente ruim, a avó reclamava da neta por não cumprir seus afazeres,a ameaçava de leva-lá para um orfanato caso não se comportasse bem e sempre que era contrariada culpava a neta pela morte da mãe, agravando o quadro clínico de G. .

A avó procurou um especialista, psicólogo, e passou a seguir o protocolo do mesmo. Ao mesmo tempo, com o consentimento de G. , iniciou-se uma psicoterapia de base analítica juntamente com a aplicação de medicação antidepressiva. O procedimento incluiu avaliação inicial, intervenção (psicoterapia), avaliação final e acompanhamento.

Durante a avaliação inicial, foram realizadas seis sessões ( duas sessões com a avó e quatro com G.), com o objetivo de criar um planejamento de intervenção através dos dados do caso, da relação de confiança entre terapeuta, adolescente e responsável, observando o comportamento da adolescente durante as sessões, e fornecer esclarecimentos quanto a terapia cognitivo-comportamental.

Para a intervenção, foram realizadas vinte e cinco sessões com G. e cinco sessões com a avó, baseadas no modelo Cognitivo-Comportamental (Kendall, 1991; Friedberg & McClure, 20012; Stallard, 2004)

À medida que o tratamento prosseguia a paciente conseguia se reequilibrar, conseguindo se recuperar das perdas sofridas, voltando a frequentar o colégio. Desenvolveu uma rotina de convivência mais afetiva com a avó, aumentou o círculo de amizades e atividades sociais prazerosas, reduziu significativamente os furtos e seu comportamento rude, deixou de tomar medicação antidepressiva, eliminando assim os sintomas de depressão.

2.2 Refletindo o caso com os autores

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