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Estudo sobre o Filme Relatos Selvagens

Por:   •  13/5/2018  •  Ensaio  •  853 Palavras (4 Páginas)  •  557 Visualizações

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 Ensaio sobre o filme Relatos Selvagens

Priscila Brasil Quintela Pontes

Graduação em Psicologia – Centro de Ciências da Saúde
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

priscilabrasil@edu.unifor.br

Resumo. Este ensaio apresenta algumas reflexões acerca do filme argentino Relatos Selvagens sob a perspectiva psicanalítica.  

1. Sobre o Filme

Relatos Selvagens (Relatos Salvajes) é um filme argentino de 2014, dirigido por Damián Szifron e protagonizado por Rita Cortese, Ricardo Darín, Nancy Dupláa e Dario Grandinetti. Nele, seis histórias aparentemente independentes mostram como situações do cotidiano das pessoas, tais como uma traição amorosa, o retorno do passado ou uma tragédia são capazes de motivar uma pessoa a perder sua sanidade e ficar fora de controle.

Todos os relatos apresentados embasam-se em um mesmo preceito: o frágil limiar entre o racional e o impulsivo. Cada uma das histórias tenta mostrar ao espectador como a mente humana é um artefato imprevisível e que qualquer ação pode ser o gatilho para que uma pessoa civilizada se torne um bárbaro incontrolável. A temática central deste filme remete a um clássico da década de 90: Um Dia de Fúria (Falling Down), protagonizado por Michael Douglas e Robert Duvall.

2. Fundamentação Teórica

Para propor uma análise do filme sob uma perspectiva psicanalítica, faz-se necessário discorrer sobre a busca pela sistematização do funcionamento mental de um indivíduo pesquisado por Freud. Nesse contexto, é possível observar que a dedicação ao trabalho e à pesquisa na área da Psicanálise empregada por Freud foi motivada pela busca por regras e relações que permitissem definir, formalmente, o funcionamento mental de um indivíduo (NASIO, 1999).

Os elementos fundamentais presentes na lógica do funcionamento psíquico inspiram-se em conceitos da Neurofisiologia, área que exerceu grande influência em Freud durante os anos iniciais como pesquisador (PERRON, 1991), sendo o arco reflexo, evento responsável pela geração de respostas instantâneas involuntárias que visam reduzir a tensão e/ou desconforto do indivíduo conforme estímulos externos, o mais importante.

De acordo com Freud, a psique humana encontra-se em constante estado de tensão, ou seja, em um estado de desconforto permanente. Nesse sentido, o funcionamento psíquico é descrito como um “fluxo”, no qual os estímulos são processados internamente pelo indivíduo em seu inconsciente e as subsequentes respostas a essas motivações são externadas na forma de ações pelo consciente.

Na perspectiva da Psicanálise, a região interna na qual os estímulos são interpretados é chamada de extremidade sensitiva. Nela, a excitação proveniente de um evento exterior ou interna (orgânica) é capturada incessantemente, o que motiva um estado de contínua tensão da mente. Como essa tensão gera desconforto ao indivíduo, a mente tenta, em vão, descarregar esse estresse, gerando, conforme Freud, a sensação de prazer (princípio de prazer-desprazer). Nesse contexto, as respostas de um indivíduo observadas por um espectador são, na verdade, versões moderadas de decisões inicialmente propostas pelo inconsciente, sendo essa moderação realizada pelo consciente (princípio de realidade/recalcamento).

Com base no princípio de prazer-desprazer, Freud apresenta a definição de representação inconsciente, conceito utilizado para descrever esquematizações projetadas no inconsciente geradas a partir da união de pessoas, objetos e eventos do mundo real com a energia psíquica que transcende a realidade e possibilita a criação de cenas fantasiosas. Ao ignorar regras que regem a realidade, esses esquemas buscam reduzir o desprazer.

De forma semelhante, Freud descreve a representação consciente com base no princípio de realidade, sendo o prazer gerado a partir da moderação do inconsciente realizada pelo recalcamento. Embora vise “filtrar” e “adaptar” a representação inconsciente na realidade na qual a pessoa encontra-se inserida, esse processo ainda apresenta falhas, as quais apresentam-se como falas e ações involuntárias. Assim, o recalcamento não retorna apenas respostas moderadas: é possível também a geração de respostas absolutas (descargas ideais de tensão, mas que não existem na prática) e de respostas parciais (descargas que agem de forma substitutiva ao estímulo processado).

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