Gestalt - Fundamentação Teórica

        Fundamentação Teórica 

        O grande desenvolvimento da abordagem psicoterapêutica, Gestalt-Terapia, se deu graças a Frederick  S.  Perls, também conhecido  como ”Fritz“  Perls, nascido em Berlim, Alemanha, no ano de 1893. Embora, anteriormente, tenha tido um treinamento baseado na psicanálise freudiana, seu aprofundamento progressivo em tal abordagem o fez ter uma análise crítica acerca da teoria. Por conseguinte, o desenvolvimento de sua própria teoria. Deve-se levar em conta que, apesar desse rompimento com os paradigmas pregados por Freud, uma das principais correntes influenciadoras de sua teoria foi a psicanálise.

        Esse rompimento pode ser claramente observado com a publicação da obra “Ego, Fome e Agressão: Uma Revisão da Teoria e do método de Freud” que contribui como um exercício de reflexão à contraposição em questão, bem como suas semelhanças com a psicanálise, selecionando informações dos primórdios da abordagem gestáltica. Importante ressaltar também a crítica sobre a importância que a psicanálise traz ao insconsciente e ao instinto sexual, das relações passadas e causais, associações, questões transferenciais e repressões, subestimando as funções que se referem ao ego e ao instinto de fome, as funções do presente e acontecimentos intencionais, concentração, reações consideradas espontâneas e retroreflexionais. A compreensão do ser humano como uma totalidade, onde corpo e psiquismo são inseparáveis, foi justamente uma das grandes inovações da Gestalt-Terapia.

        Saindo do lado teórico, no que se refere agora mais o âmbito atuacional terapêutico, Perls sinalizava sua  preferência em manter o cliente em contato mais direto com o terapeuta, o que se esbarra notavelmente com a Psicanálise, que há uma posição mais distanciada onde o cliente fica de costas para o analista na relação terapêutica. Essa mudança contida em uma abordagem Humanista, de colocar o sujeito na terapia “olho no olho”, o fez considerar sinais provenientes do corpo, não verbais, ao invés de só o campo verbal e, com isso, a crença em uma possível potencialização sobre o processo de autoconhecimento do cliente, ou seja, uma auto-realização e desenvolvimento de seu potencial, restaurando o contato consigo, com os outros e com o mundo.

        Basicamente, sua concepção de mundo levando em conta o homem como centro, faz o terapeuta atuante dessa abordagem usar como ponto de partida o ser humano e não a teoria em si. Isso focaliza o olhar primeiramente para o cliente, com uma consequente valorização da essência, das particularidades e da sua subjetividade. Assim, a existência precede a essência, sendo esta construída na relação com o meio, no relacionamento com o outro para se constituir. Essa ideia cria, também, a ideia de não existir um eu definido assim que o sujeito nasce, mas sim a partir de um desenvolvimento a partir dessa relação com o meio externo que o constituirá, lançado num mundo de possibilidades, sendo um ser livre responsável por suas futuras escolhas.

        É justamente pelas questões sobre as escolhas individuais que há um conflito genuíno entre as necessidades do próprio indivíduo e as dos outros, algo muito trabalhado terapeuticamente já que esse contato cliente e terapeuta estebelecerá o processo de um primeiro contato com o exterior e consigo.

        Importante ressaltar que a Gestalt possui em sua abordagem algumas leis importantes, que cercem todo o seu trabalho no momento terapêutico, tais como: a proximidade, a semelhança, a continuidade, a pregnância, a experiência passada, a clausura. Sobre os principais conceitos, podemos incluir a questão da “figura e fundo”, onde a figura seria aquilo que é procurado ou que volta-se a atenção e fundo seria o contexto no qual a figura está inserida. Resumindo, é uma organização das percepções do objeto que se vê e do fundo que ele está contido.