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História e Contexto teórico da noção de organização. In: LÉVY, André. Ciências Clínicas e Organizações Sociais: sentido e crises do sentido.

Por:   •  3/10/2018  •  Resenha  •  1.402 Palavras (6 Páginas)  •  429 Visualizações

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Modelo de Ficha de Leitura[1] 

(Elaborado por Márcio C. Ferraciolli; revisado por Alessandro A. Scaduto)

DISCIPLINA: Psicologia e Práticas Institucionais

Aluno(a): Gabriela de Oliveira

Período: 6º  Data: 19/09/2018

01) Referência Bibliográfica (Conforme as orientações da ABNT ou APA)

LÉVY, André. História e Contexto teórico da noção de organização. In: LÉVY, André. Ciências Clínicas e Organizações Sociais: sentido e crises do sentido. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

02) Informações gerais

Capítulo de livro. Ao longo do capítulo “História e contexto teórico da noção de organização” da obra “Ciências Clínicas e Organizações Sociais: sentido e crise de sentido” (2001) Lévy buscou, através de um breve apanhado histórico, fundamentar e esclarecer as origens, características, sentidos e significados diversos e complexos dos quatro principais “objetos” que serviram de referência para sociologia e para psicossociologia em seu estudo da realidade social – o grupo, a comunidade, a organização e a instituição.

- Ideia(s) central(ais), na sua visão. Justifique sua escolha por considerar essa(s) ideia(s) importante(s).

Para dar início a tentativa de compreensão e diferenciação dos termos propostos (grupo, comunidade, organização e instituição) é preciso lançar um olhar que vá além de noções meramente teóricas, na medida em que, o impacto e espaço ocupado por cada um desses “objetos” se dá de maneira bastante particular, a depender, sobretudo, do contexto cultural e histórico em que passaram a ser empregados.

O entendimento primeiro a respeito de comunidade, elaborado por Tonnies (1887) como uma forma de organização social característica de coletividades de porte restrito que funcionam como um todo merece destaque, tendo influenciado os primórdios da psicologia industrial. A partir daí, tornou-se referência central para movimentos de reforma política e social que buscavam alternativas para a sociedade capitalista industrial do início do século XIX. Com isso, influenciou a história das ciências sociais, tais como a sociologia e psicologia, na medida em que produziu efeitos em suas análises sobre o funcionamento da sociedade, o papel central do homem, suas necessidades e suas capacidades.  

De forma bastante similar a família, a comunidade, segundo Tonnies, é baseada em três pilares: o parentesco, a região e o espírito e, com isso, excluem a noção de escolha. A comunidade tem um significado, sobretudo, ideológico, dada a radicalização a que se presta, fazendo referência a traços atribuídos a comunidades arcaicas, tais como: a homogeneidade, a perenidade, a ancoragem na natureza, a solidariedade.

Para compreender a noção de grupo geral – ou seja, tanto grupos restritos quanto organizações mais extensas, ou mesmo a sociedade em seu conjunto-, é preciso, primeiramente, se atentar a definição de grupo primário. De acordo com Cooley (1909), grupos primários são aqueles de porte relativamente restrito marcados pelos laços de solidariedade intensa e por um forte sentimento de pertencimento coletivo baseados em interações diretas. É primário por ser o local fundamental da formação e construção da sociedade, isto é, um local de encontro de individualidades capaz de formar um todo comum mantido por laços de simpatia e identificação mutua, produzindo sentimentos e ideias universais a natureza humana. Progressivamente essas características foram transferidas ao grupo em geral, o que de acordo com Freud (1921) explica porque os laços de identificação mútua e as representações imaginárias constitutivas da vida coletivas são as mesmas tanto em grupos de porte restrito, quanto em instituições, o que possibilita uma análise de grupos variados considerando os mesmos três conceitos: atividade, interação e sentimento. Essa mudança conceitual se faz relevante na medida em que produziu grandes consequências. O grupo se tornou importante objeto de estudo no âmbito da pesquisa clínica e experimental, bem como referência para formação, psicoterapia, a conduta das organizações e a transformação social.

Outra definição importante para a compreensão do texto é de organização e sua diferenciação da noção de grupo e comunidade. O termo organização pode designar uma unidade sociológica – conjunto concreto de pessoas e de grupos - orientada para a produção coletiva de bens, ideias ou serviços – objetivos comuns - utilizando de meios técnicos, materiais, conhecimentos e experiências. Outra possibilidade de compreensão é que seja um ambiente de relações pessoais e de trabalho, um sistema social e cultural ou, até mesmo, uma comunidade restrita. Ocorre em organizações a valorização do multi-pertencimento, em oposição ao que ocorre nas comunidades. Outro ponto divergente é que as organizações não são feitas para durar, mas supõem necessariamente um fim – temporal e finalidade. Organizar-se significa partilhar recursos e meios coletivos em função de objetivos definidos, limitados em sua extensão e tempo. Está no campo do possível, do aleatório, do provisório, não do familiar e absoluto. Existem, portanto, diversos tipos de organizações, correspondentes a várias funções, as quais possuem certa estabilidade em todas as sociedades e épocas, sem, no entanto, deixarem de ser imutáveis, podendo apresentar inúmeras variantes conforme as épocas e contexto. Uma organização se define, portanto, por um modo de relação social fundada em relações funcionais, traduzindo uma ruptura teórica e histórica. Tem sua importância na medida em que introduz fracionamentos na rotina individual e na representação social do mundo, ou seja, resulta na fragmentação da sociedade, alterando regras e hierarquias.

Para compreender o processo de construção progressiva de uma sociedade é preciso considerar a existência de uma referência estável, estando aí a função das instituições. Essas podem ser entendidas como conjunto de regras e valores que definem a ordem social, as obrigações de cada um, possibilitando as transações e trocas. Diferentemente das organizações, caracterizadas pela evolução e transformação, as instituições cumprem seu papel na medida em que são vistas como intangíveis, sustentadas por realidades de uma ordem superior, transcendente e sagrada (Poder, Lei, Justiça), sem, no entanto, dispensar uma representação concreta que configura a unidade e a realidade do corpo social (Assembleia Nacional), facilitando a confusão entre organização e instituição, entre coisa e representação. As duas noções são, até certo ponto, inevitavelmente intrincadas, o que se pode observar na expressão “instituição normativa”. O termo aponta para um tipo particular de organização, mas que compartilha em certa medida com todas as organizações o perfil normativo e a responsabilidade por criar normas.

Por fim, vale ressaltar que a elaboração dos conceitos que definem estes objetos está profundamente relacionada com as ideologias e valores característicos do contexto social e histórico em que emergiram, o que dificulta a aplicabilidade de um rigor teórico e prático para elaborar uma ciência social que seja livre de qualquer influência exterior, bem como uma diferenciação clara de onde um conceito termina e outro se inicia, estando muitas vezes encobertos e entrelaçados.

03) Diálogo com o autor(es):

- Debate com a(s) idéia(s): Quais são os pontos fortes e fracos dos argumentos apresentados pelo(s) autor(es) do texto? Justifique sua(s) afirmação(ões).

As comparações e diferenciações dos termos (grupo/comunidade; organização/instituição) elucidaram de forma mais clara o papel desempenhado por cada um. Porém, senti falta de um aprofundamento nos fatores em que se assemelham. Fica nítido que são “objetos” em muitos momentos, intrincados, mas gostaria de um maior detalhamento sobre como isso se dá na prática social.

A forma como os “objetos” foram introduzidos foi bastante esclarecedora. O retome histórico e o impacto causado nas ciências sociais foi algo que pontuou o texto e deu sentido cronológico a compreensão de suas origens e características, o que facilitou o entendimento do capítulo.

Paradoxalmente, o uso de terminologias e conceitos que se implicam e transpassam, de forma quase sinônima em alguns pontos, complicou a compreensão do texto e dos termos propostos (comunidade, grupo, organização e instituição).

04) Debate:

- Formule três questões para debate sobre as ideias apresentadas no texto.

1. Há algo que possa ser feito em termos teóricos e práticos para que a diferenciação dos termos chaves (comunidade, grupo, organização e instituição) apresentados no texto se dê de forma mais clara e efetiva, sem envolver tantos enlaces conceituais que dificultam sua compreensão?

2. Quais as consequências, na sociedade, dos entrelaçamentos dos conceitos apresentados (comunidade, grupo, organização e instituição) e da forma e momento como foram construídos e compreendidos?

3. Qual o papel do fator humano – carisma, caráter, interação social, criatividade, valores, história, etc. – em uma organização e em uma instituição?

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