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O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Por:   •  19/7/2022  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.744 Palavras (7 Páginas)  •  72 Visualizações

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

O transtorno de personalidade borderline (TPB) e o transtorno de humor bipolar (THB) possuem características clínicas muito semelhantes, o que pode levar a confusões de diagnóstico e, consequentemente, a um tratamento inadequado que prejudica o paciente de diversas formas. Mas vale salientar que enquanto o Bipolar apenas sofre alterações no quesito humor, o Borderline tem uma instabilidade em todos os aspectos da vida, por se tratar de uma questão de personalidade.

É comum que tanto pacientes com THB como aqueles com TPB apresentem instabilidade afetiva, momentos psicóticos e impulsividade. Mas ao passo que borderlines tendem a vivenciar seus relacionamentos como hostis e com risco de abandono, bipolares tendem a encarar os outros como submissos e sob seu controle (FERREIRA, Berta. 2004).

Muitos estudos estão sendo realizados considerando histórico familiar, respostas ao uso de fármacos, horas de sono, padrão de relacionamentos e discussão de casos clínicos. Dentre estes, destaca-se que o sono e a história familiar são fatores que não sofrem mudanças significativas entre os dois grupos, apesar de bipolares apresentarem insônia com mais frequência. Por outro lado, se tratando dos fármacos, verifica-se que moduladores de humor em pacientes com TPB não alcançam uma total modificação no curso da doença, como costuma fazer nos transtornos bipolares (FERREIRA, Berta. 2004).

As semelhanças envolvendo fatores biológicos chegam a levar alguns autores a defender a inclusão do TPB no espectro do THB. Já as diferenças se tratando de relações interpessoais e resposta ao tratamento, levam um grande número de estudiosos a considerar que o Transtorno de Personalidade Borderline é um diagnóstico válido e diferente do THB (PIERI, Giuliana. 2016).

Ainda existe muita limitação nos instrumentos diagnósticos desenvolvidos para esses transtornos. É possível através do Inventário de Temperamento e Caráter (TCI), desenvolvido por Cloninger, distinguir entre Borderlines e Bipolares. Todavia, o grupo de Hagop Akiskal ao desenvolver o Inventário de Temperamento Bipolar, chegou a realizar diagnóstico positivo para THB em uma amostra de pacientes com TPB (ALCANTARA, Igor et al).

Especialmente o espectro Bipolar II, que se inicia mais cedo e tende a ter depressões mais intensas, costuma ter critérios tão semelhantes a uma perturbação de personalidade que é facilmente mal diagnosticado como Borderline por sua instabilidade excessiva, mas se difere por apresentar mais melancolia.

O diagnóstico é facilitado quando o THB tem episódios bem marcados tanto de depressão como de hipomania. Porém, em todo caso, é importante investigar se o indivíduo sempre foi dessa forma (o que leva a crer que é algo da personalidade) ou se tem se comportado diferente apenas nos últimos tempos (o que define um episódio bipolar).

TRATAMENTOS

Transtorno de Personalidade Borderline

O principal tratamento para o TPB é a psicoterapia, que ajuda o paciente a pensar sobre suas reações exageradas e encontrar uma maneira de melhorar seus relacionamentos e a visão que tem de si mesmo. Entretanto, em grande parte dos casos ela é interrompida impulsivamente se não houver a supervisão e participação ativa da família. Em curto prazo, a psicoterapia é ideal para controlar crises e analisar como pode ser iniciado um tratamento de longo prazo (DALPIZOL, Adriana et al).

A grupoterapia aparece como uma boa alternativa para introduzir uma técnica conhecida como STEPPS- Sistemas de treinamento para previsibilidade emocional e resolução de problemas- onde os pacientes aprendem a controlar melhor suas emoções, evitar o abuso de drogas e álcool e entender o lado das outras pessoas para agir com mais empatia (Manual MSD).

Em relação ao tratamento farmacológico, deve-se ter muito cuidado e considerar que dependendo do que for prescrito o resultado pode ser uma overdose, já que o abuso de drogas é um dos sintomas do Borderline (DALPIZOL, Adriana et al). Geralmente, são indicados medicamentos para tratar alguns sintomas específicos, e é comum que sejam inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), que agem nos quesitos depressão e ansiedade e tem baixo risco de overdose (Manual MSD).

Ainda se tratando de medicamentos, é comum o uso de estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos para auxiliar no controle de pensamentos paranoicos e na desorganização de percepção presentes nesses pacientes. É correto dizer também que benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam, midazolam, etc) são capazes de aliviar os sintomas do TPB, todavia não devem ser indicados devido ao alto risco de mau uso e dependência (Manual MSD).

Transtorno do Humor Bipolar

Para tratar a Doença Bipolar, deve-se ter uma estratégia para prevenir possíveis crises e ao mesmo tempo, considerar que em algumas situações o paciente pode já estar em uma fase aguda, que precisa ser tratada com antidepressivos ou antipsicóticos para depois seguir com o tratamento de prevenção de novas crises. Durante esse processo é essencial a companhia dos familiares porque é muito comum que a pessoa desista por negação da doença ou por receio de tomar medicamentos e ter efeitos adversos (SAINTIN, Aida. 2005).

Os fármacos indispensáveis para o tratamento do THB são estabilizadores de humor e antidepressivos, porém é natural que também sejam prescritos antipsicóticos, ansiolíticos e hipnóticos, de acordo com o caso clínico. Dentre estes, os Estabilizadores de Humor são os que exigem mais atenção, pois através deles é que as fases depressivas e eufóricas passarão a ser controladas (Manual MSD).

O Lítio (no medicamento Priadel), o Valproato (em Diplexil R e Depakine) e a Carbamazepina (no Tegretol) são estabilizadores de humor que possuem comprovação de eficácia e tem uma ação quimicamente diferente, de forma que podem ser aplicados de acordo com o que o organismo do paciente se adaptar melhor. Eles são a base da prevenção de crises e a maioria dos bipolares que seguem o tratamento de maneira adequada ficam livres de sintomas do THB ou pelo menos tem a gravidade das crises muito reduzidas (Manual MSD).

É importante ressaltar que esses medicamentos controlam mas não curam o THB. Assim, mesmo se passarem anos sem crises os bipolares não devem cessar a medicação estabilizadora a menos que o médico decida por isso em casos específicos, pois além do alto risco de terem recaídas, os resultados com uma possível volta dos fármacos podem não ser os mesmos.

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