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O Dimensão histórico, Âmbitos do racismo Institucional, Pessoal e Interpessoal

Por:   •  16/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.255 Palavras (10 Páginas)  •  269 Visualizações

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Marizete Dill de Souza

A publicação Relações Raciais, editada pelo CFP, nos remete a conhecer um pouco mais sobre a Dimensão histórico, Âmbitos do racismo Institucional, Pessoal e Interpessoal, Contribuições da psicologia e a Promoção da igualdade racial.

Nem sempre a psicologia empregou esforços para as questões raciais que afligem a extensa massa negra, por muito tempo, foi considerada uma ciência a serviço de uma elite validando e empregando técnicas, para fortalecer as diferenciações étnicas e sociais. No entanto, a psicologia ganha popularidade quando passa a se interessar por assuntos que contemplam as necessidades, salvando-a de permanecer como prática a serviço de um grupo fechado e privilegiado que não a sustentaria por muito tempo.

- Na historicidade do racismo no Brasil, destacaram-se as fugas, revoltas em larga escala, rebeliões, agressões, suicídios, assassinatos, criação de quilombos (Reis, 1983). Foram os negros que, desde sempre, atuaram na luta pela liberdade. Inclusive, segundo Alonso (2010), no Brasil, libertos e escravizados participaram do Movimento Abolicionista.

 A implantação de Política incentivadora imigratória começou por volta de 1850 bem como a promulgação da lei 601, que, regulamentava a concessão e a expedição de títulos de terras públicas, beneficiando estrangeiros, os quais passaram a assumir postos de trabalho mais valorizados, tanto na indústria, bem como na agricultura, os quais segundo Kowarick (1994), não necessitavam de mão de obra especializada, nem exigiam qualificação profissional, culminando com a abolição do tráfico de escravos e o descarte daquela massa populacional negra em uma competição de desigualdade com a mão de obra imigrante e branca.

A falta de políticas públicas para a população negra, pós liberta, os contemplou com atividades propícias de risco de morte, em regiões ruralistas e economicamente arruinadas. Porém, excluir o negro de postos de trabalho digno não era o suficiente, era também, necessário o embranquecimento de suas peles através da intensa miscigenação entre negros e brancos, na intenção de branqueá-los e influenciá-los nas mudanças comportamentais e culturais, com a finalidade de criar biologicamente intermediários, os de cor parda, representando naquele momento, a transformação, a passagem da negrura para a brancura.

O discurso ideológico disseminou a imagem do negro como ‘moreno’ já a partir da década de 1930, rearranjado pelo discurso da democracia racial, cujo principal mentor intelectual foi Gilberto Freyre, desencadeando as expressões culturais negras como cultura nacional, passando a ser vistos como parte da cultura brasileira elementos como o samba e a capoeira.

Historicamente a democracia racial foi marcada por uma imposição política, a proibição social de se falar em racismo, o que, poderia incorrer em custos políticos e sociais elevados.  Um desses custos é a sempre repetida acusação de se tentar importar um problema que inexiste na sociedade brasileira” (Hasenbalg, 1996, p. 237). O mito da democracia racial é também um discurso moral que afirma que o racismo é nocivo, e contrário à brasilidade, de tal modo que os afro-brasileiros não podem aceitá-lo nem rejeitá-lo.

- Pessoas podem trazer marcas do racismo desde à sua tenra idade, o racismo Institucional pode ter início ainda na fase escolar, e seguir com a pessoa ainda na vida adulta, refletindo no que diz respeito à saúde, educação, religião e segurança, tornando-as seres excluídos. Uma carreira profissional de sucesso é um importante marco na vida de jovens e adultos, seu ingresso no mercado de trabalho e sua ascensão muitas vezes está enredada à muitos fatores, especialmente graduações, mestrados, cursos de qualificações.  Entretanto, atitudes preconceituosas e mascaradas como o racismo institucional desapreciam a posição de algumas classes de trabalhadores, independentes de negros, indígenas ou imigrantes, toda a preparação profissional e educacional não é garantia, além das exigências pertinentes ao cargo, ainda passam pela seleção discriminatória, pela condição de sua cor, e mesmo que melhor capacitados que indivíduos brancos, são descartados, perdendo a oportunidade de mostrar sua capacidade e concorrer a um salário justo.

Uma prática bem comum de racismo institucional pode ser vista através das ofertas de emprego em que uma das exigências é que o candidato deve apresentar boa aparência, bem como nas seleções domésticas, quando o padrão do candidato o define como o empregado mais adequado a determinadas tarefas.

Não raro, o racismo Interpessoal pode ser determinado e alterado de acordo com o conflito, e pode surgir de uma divergência entre dois ou mais indivíduos, ficando marcado por contextualizações competitivas, oposições, injúrias e etc, ou pode ser concretizado pelo incômodo que um branco demonstra em forma de inveja e ódio ao observar que negros, indígenas e imigrantes ocupam espaços que outrora lhes têm sido negado. É desafiador ser negro, se “aceitar” como tal e provar à sociedade que tem capacidade de se destacar igualitariamente, quando o vírus do racismo se faz tão presente em diversos setores, manifestando-se de diversas formas, inclusive nas relações interpessoais e pessoais, e pode ser caracterizado pela falta de empatia bem como ser de diferentes níveis, envolvendo sentimentos como, amor, amizade, caridade, entre outros.

[…] a forte ligação emocional com o grupo ao qual pertencemos nos leva a investir nele nossa própria identidade. A imagem que temos de nós próprios encontra-se vinculada à imagem que temos do nosso grupo, o que nos induz a defendermos os seus valores. Assim, protegemos o “nosso grupo” e excluímos aqueles que não pertencem a ele. (BENTO, 2014, p. 29)

- A contribuição da psicologia nas relações étnico-raciais pode ser compreendida com bases na análise de artigos de periódicos nacionais de psicologia, publicados numa ordem cronológica que compreende respectivamente os anos de 1970 a 2012 e 2014 a 2016. Vários artigos foram categorizados e analisados conforme seus conteúdos acerca de produções da Psicologia na área, inclusive por autores que estão na base da Psicologia Social brasileira, porém pouco conhecidos.

Entre elas podemos destacar as contribuições que estão voltadas especificamente para produções de programa de pós-graduação onde foram analisadas teses e dissertações que utilizaram as categorias raça e racismo para compreensão dos fenômenos da subjetividade, com cunho social e político.  Com relevante compreensão das relações étnico-raciais esses artigos dedicam-se à construção de saberes sobre a violência psicológica do preconceito e do racismo; o legado social do branqueamento e seus efeitos psicossociais sobre a identidade étnico-racial de negros e brancos; saúde psíquica; e o monitoramento dos efeitos das políticas e dos programas de promoção da igualdade étnico-racial.

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