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O MANEJO TÉCNICO E POSTURA TERAPÊUTICA

Por:   •  30/6/2022  •  Resenha  •  1.069 Palavras (5 Páginas)  •  78 Visualizações

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MANEJO TÉCNICO E POSTURA TERAPÊUTICA - A multiplicidade transferencial (Iancarelli Filho, 1996) é característica do tratamento com crianças e adolescentes, colocando o terapeuta em uma posição de contínua atenção. Ouvir as queixas e preocupações dos pais não apenas se presta para que se tente entender o que se passa na família e na criança em questão, mas também abre a possibilidade de identificar qual a demanda da criança e qual a demanda de seus pais, quais são as fantasias e expectativas, o que esperam da psicoterapia e se possuem condições para efetivá-la. Deve-se lembrar que as modificações efetuadas pelo tratamento na criança trazem reflexos na subjetividade dos pais, na dinâmica familiar e na determinação de lugares já instituídos. Tais mudanças podem comprometer a homeostase familiar ou a estrutura do casal, refletindo-se nos cruzamentos das transferências que ocorrem no campo. Isso não poderá ser desconsiderado pelo terapeuta, pois poderá provocar atuações e contra-atuações (Rosemberg, 2002).

O terapeuta deve sempre considerar e trabalhar em dois níveis: o primeiro seria o trabalho psicoterápico com a criança ou adolescente propriamente dito, pois mesmo que questões da neurose parental e/ou das tramas transgeracionais estejam presentes, o paciente tem um mundo interno próprio, passível de inúmeros conflitos e de intenso sofrimento (Castro e Cimenti, 2000). Isso significa um trabalho na posição subjetiva do paciente frente ao desejo de seus pais, de quem deverá se separar (Siquier e Salzberg, 2002). O segundo plano seria dar lugar para a participação dos pais, considerando o papel que a criança ocupa naquela família e todo o contexto envolvido, através de um suporte terapêutico, estando disponível para que os pais tragam suas ansiedades e que possa respaldá-los na delicada tarefa de manter um filho em tratamento (Castro e Cimenti, 2000). É parte da competência terapêutica auxiliá-los a compreender suas fantasias a respeito da criança e das mudanças que o tratamento poderá ocasionar, para que as suportem e as aceitem (Siquier e Salzberg, 2002). Atitudes e posturas compreensivas e empáticas por parte do terapeuta auxiliam no estabelecimento de uma confiança inicial, que possibilita maior conforto aos pais/responsáveis para que falem de temas delicados, mas fundamentais para a compreensão da situação atual.

Negligenciar ou não abordar as possíveis dificuldades dos pais relacionadas com a busca de tratamento para um filho pode levar a um incremento das resistências, ocasionando, muitas vezes, interrupções precoces e abandonos repentinos.

Auxiliar os pais a superar dificuldades, empatizando com a dor e culpa que o tratamento da criança pode lhes causar, costuma ser uma forma de reforçar a aliança de trabalho com eles e assim evitar entraves posteriores e boicotes ao prosseguimento da psicoterapia. Se o trabalho com os pais no contexto de avaliar de onde provêm e o porquê do surgimento de resistências é desconsiderado, a continuidade do tratamento poderá ficar ameaçada, surgindo manifestações como atrasos, faltas e problemas relacionados com o pagamento. Todavia, no tratamento de crianças e adolescentes, o manejo de tais aspectos se torna mais complexo, visto que, geralmente, são os pais ou responsáveis os produtores dessas atuações, e é sobre esses que as intervenções do psicoterapeuta devem recair (Rosemberg, 2002). Entretanto, ainda que o terapeuta perceba a necessidade de trabalhar algumas questões para poder dar continuidade ao tratamento, é preciso que saiba respeitar a decisão dos pais, demonstrando a importância do tratamento, mas também compreendendo que talvez eles ainda não estejam prontos para abordar temas delicados que causariam desorganização no grupo familiar.

OS ADOLESCENTES E SEUS PAIS - No caso de adolescentes, existem variações na técnica, pois dependendo da idade e maturidade do jovem, poderá comparecer sozinho à sessão ou, muitas vezes, marcar a primeira consulta por livre e espontânea vontade. Nestas situações, o terapeuta acolherá o paciente, mas em algum momento deverá entrar em contato com os pais para firmar contrato e estabelecer a relação inicial com os mesmos. Dependerá da vontade do adolescente comparecer junto aos pais nessas sessões. Cabe ao psicoterapeuta acolher esse paciente em um primeiro momento, sem esquecer que, sendo ele menor de idade e dependente, os pais deverão ser comunicados e contatados para formalização do contrato e estabelecimento do setting (Ribeiro Pinto, 2002). Em função do sigilo e a fim de construir uma relação de confiança, é importante que o paciente saiba desses encontros e seja convidado a participar, ficando para ele a decisão de comparecer junto aos pais ou não.

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