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O Relatório de Educação

Por:   •  20/6/2020  •  Relatório de pesquisa  •  5.544 Palavras (23 Páginas)  •  164 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

        Historicamente, a deficiência recebeu diferentes concepções ao longo dos anos e em meio a representações que valorizam o modo predominante a dimensão do indivíduo em detrimento sociocultural destacam-se as limitações do sujeito. Hoje a compreensão da deficiência demanda conhecimentos sobre a construção histórico-cultural dos conceitos, das concepções vigentes e dos critérios científicos para a sua identificação (DIAS E OLIVEIRA, 2013). Exige, ainda, reconhecer como as pessoas com deficiência constroem noções sobre si mesmas e narram suas experiências em contextos dialógicos.

        A partir disso, este trabalho buscou entender as noções perceptivas sobre si, sobre o outro e sobre o mundo dos indivíduos com deficiência intelectual e múltipla e o presente relatório faz parte dos requisitos básicos de avaliação da disciplina de Estágio Supervisionado Específico: Ênfase em Psicologia e Processos Educativos II do curso de Psicologia da Universidade de Taubaté.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

        Analisar e observar as noções de percepção presentes do grupo PINGO – Programa de Inclusão de Gonçalves através das atividades diárias.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Analisar as noções perceptivas sobre si, sobre o outro e sobre o mundo através de atividades aplicadas.
  • Observar as construções dessas percepções através das atividades diárias do grupo, levando em consideração os conceitos de construção do sujeito.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

         

        A constituição do sujeito tem sido uma pauta discutida em todos os campos da Psicologia, onde trazem aspectos epistemológicos bem definidos. Através disso, Vygotsky traz uma nova teoria do que seria a formação do sujeito individual e como a cultura e o social, contribuem o para a constituição desse sujeito. O conceito de subjetividade, vem sendo referido desde os estudos do século XIX, na qual se referia às experiências vividas pelo individuo, sendo elas pessoais, únicas e intimas, ou seja, completamente originais. Assim seria o sujeito capaz de se tornar um ser autônomo, capaz de inciativas e decisões. Vygotsky (1991) abriu caminho para uma psicologia que possibilitasse a construção de um sujeito social, por meio da compreensão da constituição do mesmo e da subjetividade na processualidade.

        Mansano (2009) discorre que a subjetividade é advinda dos encontros que se vivenciam com o outro, ela não é constituída como uma posse, mas sim uma construção constante e incessante. Como se fosse uma rede de produção onde se precisam de outros componentes e participantes. Nesse sentido, todos os valores, ideias e sentidos ganham uma espécie de registro singular, na qual se tornam matéria prima para a expressão dos afetos construídos nesses encontros. É importante ressaltar que a construção dessa subjetividade está sempre em um processo dinâmico mutante, portanto ela é permanentemente reinventada e posta em circulação.

        Segundo Oliveira (2012), e como discorrido anteriormente, nossa subjetividade vem através de nossas experiências vividas e acumuladas e isso não exclui sujeitos com deficiência. Onde, as marcas deixadas no sujeito não devem se referir a deficiência somente, mas à todas as possibilidades que lhe foram ofertadas no decorrer de seu desenvolvimento e da construção de sua identidade e subjetividade como sujeito ativo.        Nesta perspectiva, as concepções dos interlocutores presentes durante o processo de desenvolvimento dos sujeitos deficientes mentais tornam-se fundamentais na constituição da subjetividade desses indivíduos e também a construção de como o indivíduo com deficiência perceberá o outro. Além disso, Camargo (2000) discorre:

“São as significações e ressignificações feitas pelos seus pares sociais que os constituem enquanto sujeito. Assim, um indivíduo com limitações e com um potencial biológico diferente dos demais pode ter os rumos de seu desenvolvimento alterado em função do modo como o seu meio social o encara e em função das expectativas existentes em relação a ele. Nossa sociedade tem restrições em relação ao que é diferente, àquilo a que não está habituada. Portanto, a constituição da pessoa com deficiência pode ser prejudicada pela quebra da expectativa de seu grupo social, pelo estranhamento em relação à inteligência desse indivíduo, pelos preconceitos e estigmas presentes na sociedade frente às diferenças. Assim, o “olhar” da sociedade irá influenciar o desempenho da pessoa deficiente. Se o “olhar” voltado para ela for de incapacidade, provavelmente ela se tornará incapaz”.

        Andrada et. Al (2018) explica, que o indivíduo deficiente só se vê deficiente através do outro, por isso é importante que este sujeito esteja inserido em um ambiente onde ele possa ser visto além de sua limitação, e sim como ser atuante e ativo no meio em que está inserido. Só assim será possível que se torne um sujeito autônomo e capaz de tomar decisões.

4 PROCEDIMENTOS

4.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL

O estágio foi realizado com o grupo do Programa de Inclusão de Gonçalves, conhecido como PINGO. O projeto funciona três vezes por semana no período vespertino no prédio do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS, no centro da cidade de Gonçalves em Minas Gerais. O programa é mantido e custeado pela Associação Filantrópica Gonçalvense e conta com o apoio da Prefeitura Municipal da cidade além de doações de apoiadores da sociedade civil. O programa é coordenado pela pedagoga Eliana Batista Vallota e monitorado por José Carlos dos Santos, ambos funcionários da Prefeitura Municipal.

O programa existe há 6 anos e funciona como centro de convivência para pessoas com deficiência intelectual e múltipla tendo como objetivo central o fortalecimento das potencialidades de cada integrante, a inclusão na sociedade e a busca por sua autonomia e autoestima. Esses objetivos são desenvolvidos através de oficinas lúdicas/temáticas e atividades cotidianas socioeducativas para que contribuam com aprendizados diversos. Estas oficinas são ministradas por oficineiros voluntários. O grupo também faz atividades e passeios em ambientes externos à instituição, e esses locais externos também são oferecidos de forma voluntária e gratuita.

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