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Orientação profissional em dinâmica de grupo

Por:   •  30/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  6.218 Palavras (25 Páginas)  •  357 Visualizações

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Capítulo 5 - Orientação profissional em dinâmica de grupo

A Orientação Profissional em Dinâmica de Grupo, proposta neste trabalho, teve por finalidade auxiliar a aprendizagem da escolha de uma profissão. Entendo por aprender a escolher um processo vivencial, cognitivo e afetivo, de percepção, compreensão e modificação de conceitos e ações. Concordo com Pelletier e outros (1979) que “toda situação de aprendizagem comporta uma dimensão experiencial, cognitiva e evolutiva e que o desenvolvimento vocacional faz parte do desenvolvimento geral e do crescimento pessoal, envolvendo problemas que escapam ao terreno vocacional.
A escuta dinâmica dos adolescentes, baseada fundamentalmente nos conceitos de Freud, e a compreensão do processo grupal introduzida por Lewin nortearam a minha atuação. A modailade criada por Rogers nos grupos de encontro e a ênfase na percepção e nos sentimentos do aqui e agora salientados por Perls alargaram a minha visão do trabalho grupal.

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Quando necessárias e adequadas ao momento do processo de grupo. foram utilizadas técnicas facilitadoras, como, por exemplo, dramatizações ou role-playing, técnicas expressivas, técnicas
lúdicas e outras: Mas estas técnicas somente têm um significado no processo de orientação profissional quando dentro de
uma finalidade específica, ditada pela compreensão teórica do processo. O corpo conceitual determina e avalia a utilidade do conjunto de técnicas, bem como as características do grupo em questão).
Comecei a trabalhar com pequenos grupos, principalmente compostos por jovens, como modalidade de orientação profissional. Falta, entretanto, definir o que entendo por pequeno grupo. Entre as definições que pesquisei, escolhi as de Bales (1951) e de Pagès (1976), por serem aquelas com as quais encontrei uma maior identificação. Estas definições sintetizam, não só a necessária formação grupal que configura realmente um grupo, como o próprio processo da dinâmica grupal. Segundo a definição dç Bales, “qualquer número de pessoas engajadas na interação entre si em apenas um encontro face a face ou uma série desses encontros, nos quais cada membro recebe alguma impressão ou percepção de cada outro membro, suficientemente clara, para que ele possa, seja naquele momento, seja num questionamento posterior, ter alguma reação em relação a cada um dos outros, como uma pessoa individualizada, ainda que seja apenas para recordar que o outro estava presente”. A definição proposta por Pagés complementa a de Bales: “os grupos são conjuntos de pessoas em que se vivencia de forma especial a relação vívida entre os homens. Ao mesmo tempo, a relação se modifica. Os grupos são, de certo modo, cooperativas de explicitação e de transformação da relação. Sua especificidade é a de um sistema de defesa coletiva, diferente de um grupo para outro e, sem dúvida, influenciada pela história individual dos membros, pela história do grupo, pela cultura. Mas o grupo é uma realidade aberta, transitória e relativa. Só tem sen-

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tido relativamente a conjuntos mais amplos, a outros grupos, em relação aos quais se situa. Expressa-se de forma defensiva e prepara, ao mesmo tempo, solidariedade mais extensas, nos limites de uma relação universal com todos os homens.”
Tentarei, a seguir, sistematizar minha proposta, procurando oferecer uma visão ao mesmo tempo detalhada e global do trabalho, dividindo-a em diferentes tópicos.

Objetivos

Para Super (1972) o papel do orientador é definido como o de um “facilitador do desenvolvimento individual”. Na orientação profissional, o desenvolvimento é focalizado no processo de escolha profissional, a qual se dá por meio de uma série de decisões ligadas aos estudos e ao trabalho. Segundo Anastasi (1972) “o considera os problemas vocacionais dentro do contexto do ajustamento emocional do cliente, em seu conjunto”. Ainda segundo Anastasi. um dos maiss irnpoantes objetivos de toda orientação consiste em facilitar a tomada de decisões eficientes As decisões vocacionais eficazes requerem conhecimento referente, simultaneamente, às aptidões, aos desejos e às necessidades de conhecimento acerca das ocupações. E a capacidade de “pensar com clareza, combinando a informação disponível para predizer conseqüências, ponderar cursos alternativos de ação e fazer escolhas que reflitam adequadamente todos os fatores relevantes. O planejamento vocacional normalmente implica não uma decisão, porém uma multiplicidade de decisões, as quais, tipicamente, se prolongam por um período de vários anos. Numerosas decisões preliminares podem ter de ser feitas e implementadas antes que o indivíduo, por fim, ingresse no campo de trabalho por ele escolhido. Mais ainda, os desejos das pessoas e sua adequação para diferentes espécies de carreiras podem mudar com o tempo. Os empregos igualmente mudam. Em nossa sociedade, em rápida evolução, novos campos de trabalho constantemente emer-

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gem e mesmo empregos, com os quais estamos familiarizados, são passíveis de drásticas alterações. Todas estas circunstâncias reclamam flexibilidade das decisões vocacionais elaboradas em determinado estágio. Também relevante é a multipotencialidade tanto das pessoas, quanto dos empregos. Qualquer pessoa se acha qualificada para numerosos empregos diferentes e não para um único emprego. Inversamente, uma dada ocupação pode ser seguida, com êxito, por meio de muitas vias diferentes, por diferentes pessoas”.
Anastasi conclui este pensamento escrevendo que “o objetivo da orientação vocacional não é o compromisso inicial com uma escolha vocacional definida. Em vez disso, a orientação contribui para decisões vocacionais de três maneiras:

1. ajuda o indivíduo a tomar decisões imediatas;

2. proporciona conhecimento acerca de si mesmo e acerca do mundo de trabalho;
3. oferece uma oportunidade para aprender processos mais eficientes de tomada de decisão em si mesma.

Tal experiência se destina a ajudar o indivíduo a tomar decisões mais sábias e mais satisfatórias para a solução dos futuros problemas da vida cotidiana”.

PROPOSTA DE UM PROCESSO GRUPAL

Concordando com esta visão dos objetivos do orientador, diante de todo o exposto, apresentei uma proposta de uma técnica de orientação profissional em dinâmica de grupo. Em 1971 e 1972 realizei uma experiência de padronização dessa técnica e em 1973 apresentei a proposta básica no XIV Congresso Interamericano de Psicologia, que foi aplicada desde então, com poucas modificações, em um grande número de jovens que procuram o Serviço de Orientação Profissional da USP.
Transcrevo aqui parte do texto redigido em 1973, o qual constituiu o resumo da apresentação feita no referido Congresso:

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