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Os Aspectos éticos implicados no Psicodiagnóstico

Por:   •  21/1/2018  •  Resenha  •  2.366 Palavras (10 Páginas)  •  1.019 Visualizações

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Questões contemporâneas envolvidas no Psicodiagnóstico; Aspectos éticos implicados no Psicodiagnóstico.

Segundo Cunha (2000, p.19) “O Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica feita com propósitos clínicos; portanto não abarca todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais”.

O Psicodiagnóstico é uma atividade restrita aos psicólogos, que tem se tornado cada vez mais útil à sociedade. Por ser uma das estratégias diagnóstica de avaliação psicológica que faz uso de testes psicológicos, na prática do Psicodiagnóstico estão envolvidas algumas questões que vem sendo discutidas na atualidade. Ao longo do tempo, O Psicodiagnóstico sofreu grandes transformações na sua prática, e como resultado disso têm-se um modelo atual de Psicodiagnóstico Clínico que está recuperando-se de uma época de crise, já que no passado havia caído no descrédito pela maioria dos profissionais da saúde mental.

Uma das razões para esse descrédito pode estar  relacionado  as crescentes críticas relacionadas ao uso dos testes psicológicos utilizados na avaliação clínica, ou seja, no Psicodiagnóstico,  pois, durante certo período as técnicas projetivas aplicadas no Psicodiagnóstico com forte influência da Psicanálise apresentaram certo declínio no seu uso, por problemas metodológicos e principalmente pela ênfase na interpretação intuitiva e subjetiva  das técnicas projetivas no processo de avaliação gerando um período crise nessa área e descrédito de muitos profissionais .

Outra questão muito importante de ser discutida, refere-se a algumas questões que envolveram a Avaliação Psicológica como um todo ao longo do tempo, que acabaram repercutindo na prática do Psicodiagnóstico, pois ao longo do tempo tem surgido muitas críticas aos testes psicológicos, principalmente no que se refere: Ao mau uso dos testes psicológicos, a validade dos testes psicológicos, e a elaboração de laudos psicológicos.

O mau uso dos testes psicológicos pelos profissionais é uma questão muito debatida na atualidade, principalmente na prática de Avaliação Psicológica em vários âmbitos, principalmente no contexto clínico. Para a discussão dessa problemática deve ser considerada a influência da formação profissional recebida pelo profissional psicólogo durante a graduação, que em muitos casos mostra-se deficiente quanto a metodologia de ensino. A teoria e prática em muitos casos mostra-se  insuficiente no contexto Universitário, muitas Universidades não dispõem de docentes e pesquisadores capacitados para levar o conhecimento  necessário das técnicas de avaliação para o estudante , comprometendo assim a qualidade de formação e o compromisso ético desse estudante que no futuro será um profissional, que terá que lidar com a aplicação de testes e técnicas de avalição, desafios e principalmente com  a responsabilidade com o ser humano e o compromisso ético com os seus clientes.

Em muitos casos, quando há docentes capacitados dentro da Universidade, há a falta de infraestrutura necessária para a pesquisa e para práticas em avaliação psicológica. Outra questão também a ser ressaltada, é que em muitos casos a fundamentação teórica é muito limitada e insuficiente, não oferecendo aos alunos uma fundamentação teórica e técnica mais ampla, que mostre as diversas possibilidades de diagnóstico e avaliação, para que no futuro esse estudante seja um profissional que consiga lidar com questões e desafios, e vá de encontro com a real necessidade e o contexto de cada paciente, com suas questões, medos e anseios, de forma flexível e criativa.

Dessa forma, muitos docentes, acabam transmitindo um conhecimento em avaliação psicológica, principalmente no âmbito da clínica, muito limitado, relacionado a mera reprodução mecânica de utilização de testes e técnicas sem o questionamento e a articulação necessária com as novas práticas e articulações da psicologia na atualidade.

Outra questão que   também é alvo de discussões diz respeito a validade dos testes psicológicos utilizados na avaliação psicológica, pois embora o Conselho Federal de Psicologia (CFP) tenha criado em 1997 a câmara Interinstitucional de avaliação Psicológica, com o objetivo de fazer um diagnóstico das condições de ensino na área, implantando um Sistema de avaliação  dos Testes Psicológicos usados no Brasil , ainda há alguns profissionais que  fazem uso de testes psicológicos desenvolvidos em outros países ou em outros contextos e que são apenas traduzidos para o português sem serem submetidos a estudos para validação com amostras brasileiras, em Avaliação Psicológica, principalmente na clínica, na prática do psicodiagnóstico . Essa é uma questão, que deve ser refletida por muitos profissionais que utilizam dessa prática, considerada de risco que vai contra aos princípios éticos e aos direitos dos sujeitos que são submetidos a testagem no processo de psicodiagnóstico.

Em relação a elaboração dos laudos psicológicos, último passo do processo de psicodiagnóstico, tem se verificado que [...] “a elaboração de laudos psicológicos em muitos casos apenas “rotulam” os sujeitos e repetem jargões psicológicos sem fundamentação teórica”. Conforme descreve (PATTO 1998, citado por ARAÚJO, 2007).

Nesse sentido, é necessário fazermos uma reflexão crítica quanto aos aspectos éticos implicados no Psicodiagnóstico. É preciso que os psicólogos assumam um compromisso ético em relação ao outro, que está submetido em um processo de avaliação, muitos profissionais psicólogos devem refletir quanto a sua postura de profissional e aos seus serviços prestados na sua prática. A favor de quem estamos atuando? Será que não estamos ainda, apenas reproduzindo um discurso reducionista que se preocupa apenas com a neutralidade e a objetividade? Baseado em um modelo de avaliação classificatória? Em que medida estamos contribuindo para o desenvolvimento de nossos clientes enquanto sujeitos? Será que o nosso cliente é só aquele que possui uma “patologia”? Não estamos dando maior visibilidade a patologia do que ao sujeito? Será que não estamos vendo o sujeito de forma isolada em seu processo de vida? E as influências da dimensão social nesse sujeito? O contexto histórico ao qual esse sujeito faz parte? E a sua cultura?

Todos esses questionamentos são pertinentes, tendo em vista que, na atualidade, a área de Avaliação Psicológica, em diversos âmbitos, como é o caso da Avaliação Psicológica na Clínica, por exemplo, tem demonstrado que novos fazeres são possíveis, havendo muitos avanços nessa área, agregando o conhecimento técnico da área às considerações éticas e políticas da prática em Psicologia. Há constantes mobilizações da categoria profissional, muitos profissionais psicólogos e a sociedade têm lutado pela qualificação dos procedimentos e instrumentos de avaliação, assim como, têm demonstrado grande preocupação com as discussões voltadas para o processo de formação profissional dos psicólogos que realizam a Avaliação Psicológica.

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