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Problemas Sociais No Brasil

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Por:   •  22/5/2014  •  974 Palavras (4 Páginas)  •  436 Visualizações

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Quarto de despejo – diário de uma favelada. Um pouco mais sobre Carolina Maria de Jesus

Quarto de despejo foi lançado pela Livraria Francisco Alves em agosto de 1960 e editado oito vezes no mesmo ano; mais de 70 mil exemplares foram vendidos na época. Para se ter uma idéia do sucesso, para uma tiragem então ser considerada bem-sucedida, era preciso alcançar a margem de, aproximadamente, quatro mil exemplares.

Nos cinco anos seguintes, Quarto de despejo foi traduzido para 14 idiomas e alcançou mais de 40 países, como Dinamarca, Holanda, Argentina, França, Alemanha, Suécia, Itália, Tchecoslováquia, Romênia, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Japão, Polônia, Hungria e Cuba.

Síntese da obra

Quarto de despejo é um relato de fatos verídicos vivenciados ou presenciados pela autora, que faz questão de registrá-los quase que diariamente. Em seu diário, Carolina Maria de Jesus descreve a favela do Canindé, as pessoas e o tipo de vida que levam. Relata as brigas constantes entre marido, mulher e vizinhos, a fome, as dificuldades para se obter comida, as doenças a que estão sujeitos os moradores da favela, seus hábitos e costumes, as mortes, o suicídio, a presença constante da miséria de uma sociedade marginalizada e esquecida pelos governantes.

“15 de julho de 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela.”

Assim tem início o diário de Carolina, que terminará em 1º de janeiro de 1960:

“1.º de janeiro de 1960. Levantei as 5 horas e fui carregar água.”

Ao longo desses anos, a autora registra a vida na favela, a sua luta diária contra a fome, o esforço para criar com dignidade os filhos José Carlos, João e Vera Eunice. A fome é uma constante ao longo da obra:

"Como é horrível ver um filho comer e perguntar: Tem mais? Esta palavra tem mais fica oscilando do cérebro de uma mãe que olha a panela e não tem mais. E a pior coisa para uma mãe é ouvir esta sinfonia: - Mamãe eu quero pão! Mamãe, eu estou com fome! Eu estou triste porque não tenho nada para comer.”

Quando consegue algum alimento, a narradora reflete sobre sua condição de pessoa expulsa do mundo humano:

“Quando eu levava feijão pensava: hoje eu estou parecendo gente bem, vou cozinhar feijão. Parece até um sonho!”

A miséria que presencia é tão chocante que Carolina acha que alguém poderia não acreditar no que conta:

“.... Há existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá... isto é mentira! Mas, as misérias são reais.”

Com grande senso crítico, a autora destaca as visitas do padre à favela:

“De manhã o padre veio dizer missa. Ontem ele veio com o carro capela e disse aos favelados que eles precisam ter filhos. Penso: porque há de ser o pobre quem há de ter filhos ¬ se filhos de pobre tem que ser operário? (...) Para o senhor vigário, os filhos de pobre criam só com pão. Não vestem e não calçam.”

O contraste entre a favela e a cidade é percebido com acuidade e senso crítico por Carolina:

“Quando eu vou na cidade tenho a impressão de que estou no paraíso. Acho sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem vestidas. Tão diferentes da favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas.Aquelas paisagens há de encantar os visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com as suas ulceras. As favelas.”

Fatos corriqueiros como brigas entre marido e mulher, entre as mulheres e os bêbados, a presença da Rádio Patrulha, mortes por

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