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Psicologia Da Comunicação E Da Linguagem

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Por:   •  4/5/2013  •  9.683 Palavras (39 Páginas)  •  678 Visualizações

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I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é realizado no âmbito da Unidade Curricular de Psicologia da Comunicação e Linguagem, e tem como temática a aquisição e o desenvolvimento da linguagem nos seres humanos.

Desta forma, o trabalho subdivide-se numa componente teórica e numa outra componente mais prática. Na parte teórica serão abordadas, sucintamente, 2 (duas) diferentes perspectivas da aquisição da linguagem, sendo elas a inatista e a sócio-construtivista, e também serão interpretados os resultados obtidos nas provas de avaliação do desenvolvimento linguístico de uma criança, provas estas referentes à componente prática. Estas provas analisam os domínios do desenvolvimento da linguagem, o Morfo-sintáctico e o Lexical-Semântico.

Desta forma, e explicitando, as 2 (duas) provas utilizadas na componente prática designam-se por prova das estruturas complexas para o domínio Morfo-Sintáctico e prova de Definição Verbal para análise do domínio Lexical e Semântico. As provas foram aplicadas a uma criança do sexo feminino, de 68 (sessenta e oito) meses de idade, que frequenta o ensino pré-escolar. O nome da criança nunca será divulgado ao longo deste trabalho, por opção, e para manter o anonimato e a confidencialidade da mesma.

II. TEORIAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Explicitação dos conteúdos e fundação das respectivas posições teóricas

A aquisição e o desenvolvimento da linguagem exigem um conhecimento prévio acerca dos processos de pensamento, ou seja, a capacidade de simbolizar e de formar conceitos (Miranda e Senra, 2012). São vários os autores que abordam os diferentes processos, entre eles destacam-se Chomsky, Vygotsky e Bruner. Apesar de se tornar evidente as divergências entre as teses que estes autores defendem, todos apresentam um factor em comum que é a importância das acções que um individuo exerce e/ou sofre em relação a si mesmo e ao contexto em que vive, e também, o impacto que essas acções têm no curso do seu desenvolvimento (Miranda e Senra, 2012).

2.1 Perspectiva inatista da aquisição da linguagem

2.1.1 Chomsky

A perspectiva inatista nasce, essencialmente, devido à crítica que Noam Chomsky (cit. por Sim-Sim, 1998) faz à obra de Skinner: «Não faz muito sentido especular sobre o processo de aquisição sem um melhor e mais profundo conhecimento do que é realmente adquirido». Dá, portanto, um especial enfoque aos mecanismos internos, biológicos e psicológicos, do ser humano.

Esta perspectiva remete-nos, para a essência do desenvolvimento da criança, que corresponde ao resultado da maturação neurofisiológica (Sim-Sim, 1998). De acordo com Costa e Santos (2003), uma vez que a criança já está predisposta para a aquisição de capacidades, a sua tarefa é apenas desenvolvê-las em função do meio que a rodeia. Desta forma, é importante que o ambiente que se proporciona à criança tenha condições necessárias para que esta se desenvolva normalmente, sendo a estimulação um factor essencial, pois apesar de a criança adquirir estruturas inatas, só conseguirá desenvolver-se linguisticamente se for exposta aos instrumentos necessários para a construção da sua gramática (Costa e Santos, 2003). Torna-se assim evidente, a ligação entre o desenvolvimento da linguagem e o meio ambiente.

Mais especificamente, e entrando no inatismo linguístico, Sim-Sim (1998) refere que existe uma predisposição inata para adquirir a linguagem, conseguida através da (re)construção que a criança faz da gramática para si própria, quando esta comunica verbalmente com outro individuo. Esta capacidade de extracção é definida por Chomsky como “Dispositivo para a Aquisição da Linguagem – DAL”, que considera um conjunto de componentes geneticamente inscritos nos seres humanos, e também um conjunto de procedimentos que permitem a descoberta da forma como essas componentes se aplicam à língua específica da criança (Sim-Sim, 1998).

Do mesmo modo, Chomsky parte do pressuposto que a criança é provida de uma Gramática Universal (GU), percebida como um conjunto de propriedades partilhadas por todas as línguas naturais, e que compete à criança a selecção das regras activas na sua língua materna. Este modelo defendido por Chomsky, permite parametrizar as especificidades de cada língua, uma vez que a criança depois de extrair as regras gramaticais e, à medida que vai crescendo, transforma a gramática universal numa mais específica, que será, efectivamente, a língua com a qual tem contacto (Jusczyk, 2000).

Ainda inserido na Gramática Universal, Chomsky distingue dois tipos de linguagem, uma formal, que se prende com as obrigações e regras impostas da sua língua, e outra substantiva universal, que se prende com as categorias gramaticais e disposições hierárquicas. (Jusczyk, 2000).

Os defensores da perspectiva inatista defendem que a existência de inputs linguísticos, isto é, produções linguistas do meio, em conjunto com a infinidade de exemplos a que as crianças são expostas, levam-nas a formular hipóteses relativamente a categorias e relações subjacentes à linguagem, testando essas hipóteses, posteriormente, na aplicação da gramática em diferentes contextos. Este processo só é possível uma vez que a criança nasce com a capacidade de tratar a informação linguística e, também, de formar estruturas que são características da linguagem do ser humano, tornando-se assim uma capacidade universal e independente da motivação, experiência ou inteligência da criança (Sim-Sim, 1998).Assim, os inatistas defendem que as capacidades biológicas que o ser humano apresenta e a evolução maturacional durante o seu crescimento e desenvolvimento, explicam a aquisição e o desenvolvimento da linguagem (Sim-Sim, 1998).

Chombsky (1981; Hyams 1986; Manzini e Wexler, 1987; Williams, 1987: cit por Jusczyk, 2000) introduziu um outro conceito ao qual designou de Programa Minimalista, onde é explicada a variabilidade da gramática das diversas línguas em termos de princípios e parâmetros. O formato geral da sintaxe de uma frase é universal a todas as línguas, sendo sujeito-verbo-objecto (e.g. o menino joga à bola). No entanto, existe variabilidade relativa à estrutura interna da frase. Assim, a definição baseia-se em paramêtros que ajudam a fixar a posição dos elementos das frases. Estes, de acordo com os inputs que as crianças recebem, podem ser reajustados. Segundo Jusczyk (2000), o conjunto de princípios e

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