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Psicoterapia Breve

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Por:   •  11/9/2013  •  1.434 Palavras (6 Páginas)  •  1.102 Visualizações

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Psicoterapia Breve

Existe um grande questionamento quando se fala em Psicoterapia Breve de base Psicanalítica, que é: como é possível ser psicanalítico e breve, uma vez que sabe-se de antemão que o tratamento psicanalítico requer longo tempo para a elaboração dos conflitos. Se partirmos do pressuposto que o trabalho psicanalítico requer como instrumento de trabalho uma boa escuta, podemos usar esse instrumento sempre, mesmo que seja num só encontro, como se faz nos leitos hospitalares.

Quando se fala de Psicoterapia Breve de base Psicanalítica, faz-se necessário estabelecer uma comparação com o modelo original da psicanálise. As diferenças podem ser consideradas quanto à temporalidade, quanto ao enquadre do setting terapêutico, quanto à escolha de um foco a ser trabalhado e finalmente quanto à técnica.

Enquanto num tratamento padrão o prazo é indeterminado, na Psicoterapia Breve, obviamente a questão do tempo é um fator importante. Sabe-se de antemão que há um prazo, combinado entre paciente e terapeuta, a ser cumprido. Em nossa clínica este tempo máximo é de um ano. Terminado este prazo encerra-se o tratamento. Trabalha-se juntamente com o paciente a questão da finitude e dos limites. O profissional por sua vez também tem que saber lidar com seu próprio limite e conter seu próprio narcisismo, abrindo mão de que haveria mais coisas a trabalhar.

O número de sessões semanais não diverge do tratamento psicanalítico padrão. Quando necessário esse número pode aumentar para dois ou mais dias. Após o término da terapia, marca-se um retorno após alguns meses para avaliação. Acredita-se que o trabalho terapêutico continua, mesmo depois do encerramento.

A questão da temporalidade remete a uma outra característica em que a Psicoterapia Breve diverge do tratamento psicanalítico padrão: o enquadre do setting. O limite de tempo da terapia modifica a relação terapeuta paciente, promovendo alterações. Em Psicoterapia Breve não se usa o divã como no tratamento padrão. Opta-se pela posição frente a frente. Evita-se assim a regressão, a dependência em relação ao analista e a resistência do paciente.

No entanto na Psicoterapia Breve de base Psicanalítica preserva-se o conceito da associação livre, a neutralidade, a obtenção de Insight e a elaboração. Contempla-se, além disso, uma multiplicidade de recursos terapêuticos, objetivando um fortalecimento e ativação das funções egóicas.

O foco é o norteador do tratamento, devendo-se ater a ele. A Psicoterapia Breve, não pretende dar conta de toda problemática do paciente (se é que alguma outra técnica o faz). Trabalhar o foco é dar um sentido para o prazo estabelecido. Esta é outra diferença em relação ao tratamento padrão. Na maioria das vezes o foco está ligado à queixa ou motivo da consulta. O terapeuta precisa contar com a escuta que faz da queixa. O paciente relata sua angústia e pela escuta do terapeuta, o foco pode ser: O tipo de angústia, ou o sintoma, ou as defesas, ou a pulsão, ou a relação objetal, ou o conflito etc, que encerra o ponto fragilizado da personalidade do sujeito ou o tipo de pessoa que é.

Erroneamente, se pensa que a Psicoterapia Breve não atinge o problema do paciente em profundidade. O fato de haver um foco não significa que a Psicoterapia Breve não possa ser profunda. Trabalha-se o passado do sujeito, suas relações primitivas, ocorrem insights, interpreta-se atos falhos, sonhos e questões edípicas.

Na Psicoterapia Breve de base Psicanalítica a técnica também diverge em relação ao tratamento padrão. O terapeuta tem um papel mais ativo. O vínculo paciente-terapeuta é mais realista e definido, pois se evita situações persecutórias e ou regressivas, bem como a dependência do paciente em relação ao terapeuta. Experimenta-se uma proximidade afetiva, favorecendo uma transferência afetiva positiva maior. Evita-se o prolongamento excessivo dos silêncios como recurso para se utilizar operativamente o tempo disponível. Em contrapartida o silêncio prolongado do terapeuta poderá provocar hostilidade e persecutoriedade no paciente.

Dentro ainda de um papel mais ativo, há uma preocupação em perceber o paciente como um todo: sua postura corporal, seus gestos, como se apresenta antes e durante a primeira sessão.

Na Psicoterapia Breve de base Psicanalítica, considera-se como ferramenta de trabalho o diagnóstico psicanalítico. Este requer atenção para aspectos conscientes e inconscientes, e permite: sentir a demanda do paciente, a estabelecer o foco, ver se é caso ou não para um tratamento breve e perceber se o paciente tem boa capacidade de obter insights. Em nossa clínica seguimos a técnica de Hegenberg das quatro tarefas. Usa-se quatro ou mais sessões para: 1) formular uma interpretação inicial e que é baseada na angústia que motivou a procura, 2) reconhecer se o paciente está em crise ou não, 3) distinguir o foco, 4) decidir a indicação. No final da-se uma devolutiva ao paciente daquilo que foi percebido, se é caso ou não para uma Psicoterapia Breve (nem todos os casos são indicados) e determina-se um “contrato” para o tempo de tratamento.

Ante a perspectiva de se adotar uma técnica breve de base psicanalítica, faz-se necessário, portanto avaliar cada caso.

As funções egóicas do processo terapêutico

É importante para a compreensão dinâmica do comportamento, os mecanismos de ação das influencias sobre esse comportamento.

Algumas importantes razões para se dar ênfase ao ego:

O ego tem mais mobilidade que os outros dois (superego e id) tem plasticidade potencial (no sentido de adaptabilidade) fazendo contraste com a inércia dos outros dois.

O enfoque egóico recorta, então, aspectos dotados de uma plasticidade e permeabilidade a influências múltiplas de modificação, fornecendo uma base para a compreensão da ação terapêutica, sejam prazos curtos e médios e uma diversidade de recursos corretivos.

Conjunto de funções:

1 - Funções egóicas

As são compostas de um conjunto de funções, que se diferenciam em três ordens de funções:

a. Funções egóicas básicas – voltada para o mundo exterior, e para aspectos de si próprio: percepção atenção, memória, pensamento previsão (programação da ação) execução, controle e coordenação de ação. Estas funções são dotadas de certa autonomia

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