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Questões de revisao

Por:   •  17/9/2015  •  Exam  •  4.066 Palavras (17 Páginas)  •  314 Visualizações

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PSICOLOGIA

QUESTÕES PARA REVISÃO DA SEGUNDA AVALIAÇÃO – SOCIOLOGIA – 2/2013

1-No seu trabalho “O Suicídio” (1897), Durkheim aplica exemplarmente seu método científico. Sendo assim, quais são as contribuições metodológicas deste trabalho? Como o autor define, classifica e caracteriza cada tipo de suicídio? Em que o filme Elena pode contribuir para esta discussão apresentada pelo autor? Desenvolva a questão.  

A grande contribuição de Durkheim foi fazer da sociologia uma disciplina independente, com um método próprio. Nesse trabalho, o suicídio, que utiliza exemplarmente o método empírico, pela primeira vez a sociologia fará uso da estatística, dos dados quantitativos, de uma análise multivariada. Em outro capítulo, Durkheim faz o cruzamento de informações captadas, quem se suicida mais, se é mulher ou homem, se é no inverno ou no verão, se é casado, se é solteiro, se é católico ou protestante, etc. Ele busca regularidades para o fenômeno como se apresenta na realidade empírica. Através do método empírico, Durkheim observa, descreve e classifica a realidade. Observando os dados quantitativos, ele descreve a partir da realidade empírica a classificação dos três tipos de suicídio.

A questão da objetividade também fica muito clara nesse trabalho: ele não está preocupado com a subjetividade do suicida, em nenhum momento. Para ele os aspectos objetivos são de difícil mensuração e devem ser importantes para a psicologia, não para a sociologia. Ele vai trabalhar com os sinais externos acessíveis, os dados quantitativos, os dados estatísticos. Um método comparativo por excelência, o que é fundamental do ponto de vista metodológico, porque ele vai utilizar o método comparativo, no inicio do texto ele diz que há uma dificuldade de uma abordagem científica sobre o tema suicídio porque existem várias definições no âmbito do senso comum sobre o que é o suicídio. Ele diz que só a comparação nos permitirá chegar ao consenso a que chegamos. Ele utiliza o método comparativo na concepção da definição, depois vai comparar os dados quantitativos naquelas tabelas e depois vai comparar os três tipos de suicídio. Na busca por uma definição científica, na primeira parte ele vai fazendo uma serie de considerações para construir o conceito de suicídio. Tem que ser uma obra praticada pela própria vítima. Ele faz considerações sobre a mãe que se sacrifica para salvar o filho, sobre o soldado que vai pra guerra, isso é um tipo de suicídio? É um tipo de suicídio porque aquela pessoa sabe que vai morrer, mas não é obra da própria vítima. É uma variação, mas não é o conceito que ele está buscando.

Depois ele vem com o ato positivo e negativo. Ato positivo decorre de uma força muscular, fica mais evidente o suicídio, um tipo, enforcamento, pular de algum lugar, são atos que resultam de uma força muscular praticados pela própria vítima. O ato negativo é quando há passividade e cessação de uma atividade, por exemplo quando a pessoa deixa de comer.

E a vítima sabe o resultado que vai acarretar. A vítima tem que ter consciência do ato. Nessa definição, temos três momentos aí, é um ato praticado pela própria vítima, esse ato é positivo ou negativo, e a vítima tem consciência do que resultará de seu ato. Nessa definição da consciência, Durkheim faz a distinção entre o lúcido e o alucinado. Se uma pessoa está sob o efeito de drogas, ou num surto psicótico, e comete suicídio, não será classificado como suicídio segundo Durkheim, falta a consciência, a lucidez. Aquela coisa do senso comum “fulano estava a 200km por hora e bateu o carro e morreu: é um suicida” segundo Durkheim, não é suicídio. A não ser que hajam testemunhas que possam atestar que a intenção dele era tirar a própria vida, mas imprudência e inconsequência não seriam definidos aqui como suicídio. Método empírico por excelência, observação, comparação, classificação, a questão da objetividade, os dados estatísticos. E os três tipos de suicídio que ele vai classificar a partir da pesquisa empírica.

Egoísta, altruísta, anômico. Há um quarto tipo que ele chama de fatalístico, mas do ponto de vista sociológico esses três primeiros são os mais importantes. Fatalístico é quando há uma catástrofe ambiental, milhões de pessoas mortas e o sobrevivente não vê sentido em continuar.

Suicídio egoísta resulta de uma individualização desmesurada, uma valorização excessiva do ego. Quando a parte vale mais que o todo, quando há um desligamento excessivo do coletivo. Desilusões amorosas, crises existenciais, tudo que é motivado pelo individualismo desmesurado, o ego fragmentado. Mas para Durkheim, mesmo no suicídio egoísta, há perda de coesão social. Mesmo que haja esse golpe sentido pelo ego, se há um vínculo com a igreja, um vínculo com a família, um projeto político, um vínculo com um grupo de pares, talvez não haja o suicídio.

Elena apresenta um caso típico de suicídio egoísta. Há a possibilidade de ter havido um componente psiquiátrico, a mãe teve uma crise parecida com a de Elena quando era adolescente. Elena estava tomando lítio, mas as cartas revelam que ela era totalmente desvinculada do todo. A grande discussão de Durkheim é essa discussão da perda da coesão, tanto que no filme, a irmã relata que Elena era super alegre, mas quando os pais se separam ela muda, talvez essa separação dos pais tenha feito essa ruptura com o todo para Elena. Isso na perspectiva de Durkheim. A mãe se sente culpada, mas talvez aquilo fosse inevitável, talvez Elena tentasse outra vez o suicídio. As cartas revelam a melancolia, a depressão, a infelicidade da Elena, ela não quer mais viver, ela renuncia. Suicídio egoísta.

No suicídio altruísta, temos o contrario do egoísta, enquanto no egoísta há um excesso de individualismo, onde a parte vale muito mais que o todo, no altruísta há um individualismo rudimentar, porque há uma imposição do coletivo sobre o indivíduo onde aquele indivíduo não vai conseguir reagir. Esse tipo de suicídio é mais comum nas sociedades ditas primitivas, Durkheim fornece três casos clássicos: as pessoas que chegam no limiar da velhice e se matam, a viúva que se joga na fogueira depois da morte do marido e o caso da morte de líderes religiosos cujos seguidores se matam. Nesse tipo de suicídio há uma imposição do coletivo, e é o coletivo que vai prescrever exatamente como será, onde será, de que forma será. Se essa pessoa não se suicidar, será desonrada. Não significa que o indivíduo concorde com isso, mas ele tem que aceitar, porque o todo vale mais que a parte. Nas sociedades modernas contemporâneas temos os mártires cristãos e os homens bombas. Lembre do relato do documentário que a professora assistiu em que o homem bomba relata que tinha dúvidas sobre o que ia fazer, mas sabia que não podia desistir, seria desonrado e morto. A imposição do todo sobre a parte.

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