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RESENHA TEXTOS DE PLANTAO PSICOLOGICO

Por:   •  21/5/2016  •  Resenha  •  7.196 Palavras (29 Páginas)  •  1.577 Visualizações

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ALUNA: RENATA ALVES MIRANDA                                              RA:T485AH7

Fichamento Texto 1 - Considerações sobre as significações da psicologia clínica na contemporaneidade

A influência do modelo médico na prática do psicólogo clínico, sempre esteve presente na psicologia clínica, e nos remete a uma aproximação da função exercida pelo médico, a começar pela etimologia do termo clínica, cujo significado é à beira do leito. Ainda hoje, no cotidiano da prática clínica, vemos que muitos procuram o psicólogo com o intuito de apresentar o seu sofrimento, problema ou o que quer que seja que assim se apresente, esperando  uma solução rápida e eficaz, que atenda à cura do seu mal psíquico, aproximando um sofrimento que é da ordem do psicológico e do simbólico, à doença do físico, e que poderia ser tratado através da prescrição de uma medicação adequada, como o faz o médico. Isto isso sem falar da imagem, estereotipada, porém representativa de que o psicólogo, é aquele que trata de "doentes mentais", o que, na maioria das vezes, faz com que a pessoas deixem de buscar ajuda psicológica.  Não se pode negar, além de tudo, a influência que a área médica legou ao psicólogo clínico, no que respeita ao status social, tão evidente nessa área de atuação, constituindo-se, ainda hoje, num dos principais atrativos para aqueles que almejam uma formação clínica em psicologia.

De acordo com estudiosos, há diferentes concepções de tipos de clínica, temos a clínica tradicional o clássica e uma forma inovadora de pensar que denominamos tendências emergentes. Na clínica tradicional temos atividades como: psicodiagnóstico e/ou terapia individual ou grupal; atividades exercidas em consultório particular, em que o psicólogo se apresenta como autônomo ou profissional liberal, atendendo, geralmente, a uma clientela financeiramente abastada. Priorizando o enfoque intrapsíquico e os processos psicológicos e psicopatológicos do indivíduo, norteada por uma concepção de sujeito abstrato e descontextualizado historicamente.

Nas práticas clínicas emergentes ou atuais, o foco está no contexto social, relacionado com a concepção de sujeito e, conseqüentemente, com as novas interpretações das teorias psicoterápicas, bem como a análise do contexto social em que o indivíduo está inserido.  Há um compromisso ético do psicólogo, um compromisso social, onde o sujeito passa a ser objeto dessa área da psicologia, incluindo noções teóricas como subjetividade, individualidade, etc.

Podemos afirmar que tais concepções trouxeram mudanças significativas nas teorias que sustentavam as práticas clínicas, especialmente no que refere à questão da subjetividade. Nesse sentido abre-se às portas para uma prática voltada para uma concepção de subjetividade resultante de construção social e histórica, que vê o sujeito relacionado dentro de um contexto sócio-cultural.

Segundo pesquisa do Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizada com psicólogos brasileiros, o que mais caracterizou a saída da clínica do seu modelo tradicional foi a sua inserção na saúde pública, com o psicólogo clínico passando a atuar em hospitais e ambulatórios gerais e psiquiátricos, nas unidades básicas de saúde, nas escolas, creches e organizações, onde são empreendidas ações de saúde. Posteriormente, com a criação do SUS, Sistema Único de Saúde, o psicólogo passou a se inserir na rede pública de saúde. No entanto, ainda era possível, naquele momento, se observar que a prática exercida nesse contexto e, não raro, ainda nos dias atuais, reproduzia o modelo clínico clássico. Por outro lado, é válido lembrar que tal não acontece somente com o psicólogo, mas também com toda a equipe de saúde, de uma maneira geral, cujos profissionais ainda não recebem uma formação curricular adequada e direcionada para a prática no sistema público de saúde. Basta ver que, somente agora, alguns cursos de medicina têm empreendido alterações curriculares visando à atuação do profissional médico no sistema público de saúde.

Diante destas concepções o olhar se torna mais amplo, o psicólogo clínico passa a pensar no sujeito como aquele que se constitui no mundo, relacionando o mundo natural e social; mundo este que, ao mesmo tempo em que o constitui, também é constituído por ele. Essa nova perspectiva de clínica significa uma postura através da qual se expresse um posicionamento ético e político, que mantém relação com o mundo social e psicológico. Sendo assim, o ato clínico se pautará muito mais por uma ética do que por referenciais teóricos fechados, não que estes não sejam ferramentas importantes principalmente para visualizar uma queixa, sofrimento ou problema do indivíduo, mas para se ter um olhar mais amplo é necessário de afastar ou suspender tais teorias, a fim de enxergar a singularidade do sujeito, sem correr o risco de impor o seu saber sobre ele.

Tal modo de pensar nos faz considerar a subjetividade como um espaço individual cujas significações sociais constituem a história pessoal desse sujeito e os sentidos que ele atribui ao mundo. Desse modo, acolher o outro no seu sofrimento subjetivo, considerando a dimensão social, significa a des-reificação da sua natureza universal, ao se considerar o sofrimento como um momento do sujeito, com sentidos e significações diferentes para cada um, e de acordo com o seu modo de ser e de viver, não conduzindo, necessariamente, a uma patologia. O que significa dizer que a prática clínica tem lugar sempre que o sofrimento do sujeito cria uma demanda, mas não necessariamente quando se instala uma patologia. Com esse raciocínio é possível, agora, considerar que o que caracteriza a prática clínica não pode reduzir-se nem ao lugar, consultório; nem ao número de sujeitos ou a sua classe econômica; nem à técnica utilizada ou à patologia diagnosticada. O diferencial da escuta clínica encontra-se na qualidade da escuta e acolhida que se oferece a alguém que apresenta uma demanda psíquica, um sofrimento, para um outro que se propõe a compreender esta demanda. Representa uma determinada postura diante do outro, entendendo-o como sujeito que pensa, sente, fala e constrói sentidos que se expressam, se criam e se modificam nessa relação de subjetividades, num determinado mundo e num certo momento das suas histórias.

Diante do exposto, podemos dizer que essa forma de ser e fazer do psicólogo exigirá um olhar amplo acerca da realidade do mundo, deve haver um compromisso social com a realidade na qual estamos mergulhados. Significa pensar o mundo vivido e a realidade, nossa e a do outro que acolhemos, não só com a visão da provisoriedade da existência, mas também com o olhar da diversidade, da pluralidade e complexidade que constituem a natureza humana, porém sem perder de vista a singularidade que caracteriza a condição humana.

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