REVISÃO DE LITERATURA SOBRE TRAÇOS DE PERSONALIDADE NA TEORIA DE GORDON ALLPORT

REVISÃO DE LITERATURA SOBRE TRAÇOS DE PERSONALIDADE NA TEORIA DE GORDON ALLPORT

Silva, C. E.; Magalhães, G. M.; Barbosa, G.; Mariosa, N. F.; Gaspar, O.

Autor: Gordon Allport (1897-1967) nasceu em Montezuma, Indiana, EUA. Filho de pai médico e mãe professora, era o caçula de quatro irmãos. Estudou psicologia em Harvard onde durante o curso realizou atividades de serviço social, especializando-se em psicologia e ética social. Concluiu a pós-graduação em 1922, onde apresentou a tese "Estudo Experimental dos Traços de Personalidade". Após retornar da Europa em 1924, tornou-se instrutor de ética social em Harvard. Em 1926, tornou-se professor assistente de psicologia em Dartmouth. Em 1930, ele retornou para a faculdade de psicologia de Harvard, onde lecionou ética social em 1966.

Seu trabalho mais importante foi "Personality: A Psychological Interpretation" (1937), revisão de Patterns and Growth in Personality (1961). Entre suas diversas aproximações inovadora ao estudo da psicologia humana era seu uso de escritas pessoais e de criações artísticas dos indivíduos.

Foi professor convidado em várias instituições, e servia como o presidente da American Psychological Association (Associação Psicológica Americana) de 1939 a 1940. Recebeu a medalha de ouro da fundação em 1963.

Gordon Willard Allport faleceu em Cambridge, no dia 9 de outubro de 1967.

Resumo: O Presente trabalho busca através de uma pesquisa bibliográfica, apontar e explicar a abordagem de Gordon Allport da teoria da personalidade. Mais especificamente, traçaremos um panorama sobre as definições e suas estruturas, a fim de buscar o melhor entendimento a respeito da teoria de traços de personalidade, discorrendo sobre os tipos e níveis das disposições e suas classificações.

Palavras-chave: Allport, Gordon, personalidade, traços.

Abstract: The present work seeks through a bibliographical research, pointing out and explaining Gordon Allport's approach to personality theory. More specifically, we will give an overview of the definitions and their structures in order to seek the best understanding about the theory of personality traits, discussing the types and levels of dispositions and their classifications.

Keywords: Allport, Gordon, personality, traits.

Introdução

Contemplar a teoria da personalidade, exige a compreensão de que os grandes sábios em suas concepções sobre o homem, já pensavam sobre o tema. Hipócrates, Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Comte, Hobbes, Locke, Maquiavel devem ser referenciados ao se abordar este tema, pois suas ideias ainda são encontradas no pensamento contemporâneo (Hall & Lindzey, Teorias da Personalidade, 1971).

O estudo da avança a partir de observações clínica com Charcot, Janet, Freud, Jung e McDougall, suas contribuições mais do que quaisquer outros fatores, contribuem para o avançar desta área (Hall & Lindzey, Teorias da Personalidade, 1971).  Outras fontes de avanço foram, o início da tradição gestáltica, o estudo do comportamento, psicologia experimental, aprendizagem e a tradição psicométrica. (Hall & Lindzey, Teorias da Personalidade, 1971).

É possível encontrar discussões sobre a personalidade de vários autores com abordagens diferentes, Boring (1950), Mackinnon (1944), Mackinnon e Maslow (1951), Marphy (1949) e aquele que objetivamos neste estudo, Gordon Allport (1937). É possível afirmar que não há um consenso entre as teorias e seus métodos, mas, no entanto, é possível encontrar entre as qualidades modais e tendências centrais na maioria das teorias da personalidade. (Hall & Lindzey, Teorias da Personalidade, 1971, p. 18).

Embora as influências que inauguraram os primeiros passos da teoria da personalidade tenham alguns pontos em comum, trazem em si também importantes diferenças.

A palavra personalidade gera um fascínio para as pessoas, e muito são as abordagens, estudos e teorias que tentam de alguma forma descrevê-la e elucidá-la. É muito comum ouvir falar transtornos de personalidade, dupla personalidade, problemas de personalidade, personalidade difícil, personalidade forte, agressiva, passiva, boa ou má, e sempre que uma dessas expressões são utilizadas, tentam identificar e descrever um atributo ou característica predominantemente perceptível de um indivíduo.

Allport, no entanto estabelece duas definições, biossocial e biofísica. Biossocial fala da compreensão da importância da personalidade enquanto instância social. Esta diz que a reação do outro, definirá a personalidade do indivíduo, pode-se dizer então que este indivíduo não tem personalidade. Allport rejeita este conceito e privilegia a definição biofísica, que diz que a personalidade são as características próprias do indivíduo. Na biofísica pode-se descrever ou mensurar objetivamente. (Hall & Lindzey, 1971, pp. 20, 21).

Personalidade

Allport destaca a complexidade do comportamento, em suas medidas ele destaca as tendências equivalentes. Ele salienta fenômenos do self e do ego, a partir das motivações conscientes que são determinantes no indivíduo “normal”. Segundo ele não há continuidade entre o normal e o anormal, entre a criança e o adulto, entre o animal e o homem (Hall & Lindzey, 1971). Estudar outros modelos (mecanicista, animal, criança) e para ele nenhum deles pode proporcionar uma base adequada, para construir uma teoria útil do comportamento humano (Hall & Lindzey, 1971).

Personalidade, Caráter e Temperamento, segundo Allport não devem ser estudados superficialmente, o conhecimento deve ser aprofundado antes de se estabelecer uma definição de personalidade.

A personalidade é uma organização dinâmica dos sistemas psicofísicos que determinam os ajustamentos peculiares de cada indivíduo ao meio (1937ª, p. 48).

Para Allport a personalidade não é construto do observador, ela tem uma existência real que envolve tanto a fisiologia quanto a neurologia. A personalidade está atrás de ações específicas internas e externas. Estas ações e resoluções são nomeadas como traços de personalidade.

Teoria dos traços da individualidade

Toda as inferências, discursões, conceitos e interpretações apresentados a seguir foram concluídos com base nos textos de Susan C. e Cloninger (2003, p.214 até p.251)

Allport desenvolveu uma teoria sobre a personalidade diferente de outros teóricos da personalidade, Susan C. e Cloninger (2003) citam um curioso ocorrido, durante um encontro entre Freud e Allport, que tinha até então vinte e dois anos, que exemplifica bem esta diferença entre suas teorias. Allport não havia pensado o que dizer a Freud para explicar o motivo de sua visita, já que em suas próprias palavras (ALLPORT APUD SUSAN C. E CLONINGER, 2003) foi movido por “mera curiosidade e ambição infantil’’. Supondo provavelmente se tratar de uma consulta terapêutica, Freud permaneceu em silencio:

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