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Resumo sobre Linguística

Por:   •  5/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.583 Palavras (7 Páginas)  •  264 Visualizações

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Preconceito lingüístico – o que é, como se faz - ( pp. 13 – 165)        

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

ACADÊMICA: Thaylane Patrycia Falcão de Abreu Monteiro

PROF.: Carlos Milton

Em seu livro, Marcos Bagno aborda um assunto pouco debatido nas salas de aula, o preconceito lingüístico. Segundo ele, muito se tem dito e discutido acerca das inúmeras formas de preconceito, seja ele racial, sexual, social, religioso, na mídia, nas escolas, nas universidades, entretanto no que diz respeito aos aspectos linguísticos o cenário parece preocupante. Pouco se fala sobre essa temática e muitas vezes a existência desse fenômeno nem mesmo é reconhecido.

Ao discutir sobre esse tema, o autor divide o livro em quatro partes. No capítulo I, os principais mitos, que auxiliam na manutenção desse preconceito, e analisa as ideias que estão por trás dos mesmos, e que os sustentam, são abordados. Dentre os mitos, os principais tratados foram: “A língua portuguesa no Brasil apresenta uma unidade surpreendente” (p.15), “Brasileiro não sabe português/Só em Portugal se fala bem português” (p.20), “Português é muito difícil” (p.35), “As pessoas sem instrução falam muito errado” (p.40), “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão” (p.46), “O certo é falar assim porque se escreve assim” (52), “É preciso saber gramática pra falar e escrever bem” (p.62) e “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social” (p.69).

O que se percebe por trás desses mitos, de acordo com o autor, é que todos eles têm como base um sentimento de inferioridade, muito arraigado, decorrente da colonização portuguesa. Esses pensamentos trazem uma ideologia onde a língua é tida como algo estático e subordinado a uma gramática formal, a qual dita como se deve falar e escrever. Nesse sentido não há o reconhecimento do processo dinâmico de uso da língua, onde emerge inevitavelmente as variações lingüísticas. Por esse motivo, alguns cientistas da língua já se referem à língua do Brasil como Português Brasileiro, pelo mesmo já possuir uma gramática própria, diferente da de Portugal, que, consequêntemente, possui suas próprias diversificações, seja por questões regionais ou individuais.

Ainda sobre essa primeira parte do livro, Bagno demonstra claramente que há uma imposição, fonte de muita discriminação e preconceito das normas gramaticais a população em geral. Essas normas, muitas vezes, são utilizadas, por determinadas classes e/ou grupos sociais mais favorecidas, como mecanismos de exclusão, preconceito social e manutenção das relações de poder, evidenciado no momento em que é verificada a marginalização de boa parte da população brasileira, que não possui, em alguns casos, o mínimo do domínio dessa variação linguística. Nesse sentido, muitas vezes, parte significativa dos brasileiros permanece sem fazer valer inúmeros direitos, por não compreender o que está escrito em uma dita língua portuguesa unificada, sem variações, regida por uma norma culta idealizada.

Segundo o autor, essa alienação de direitos e de deveres, enquanto ser social acaba por contribuir para a manutenção do que ele chama de “ciclo vicioso do preconceito lingüístico” (p.73) e do “ciclo vicioso da injustiça social” (p.72). Esse tema é tratado na segunda parte do livro, no qual Bagno discorre sobre os elementos que juntos funcionam como um mecanismo de transmissão e perpetuação desse fenômeno na sociedade. Esses elementos são “a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos” (p.73). Esse ciclo se dá na medida em que a gramática serve como base para o ato de ensinar, que tem como desdobramento a produção industrial de literatura, o qual recorre para essa produção à gramática tradicional como fundamento acerca da língua.

Bagno afirma que esses elementos, em conjunto, transmitem e perpetuam o preconceito linguístico na medida em que os mesmos configuram-se nesse ciclo vicioso. Entretanto, mesmo com a atuação de movimentos contrários a essa lógica, contida nos livros didáticos e na pedagogia oficial, ainda se percebe que esse ciclo permanece com força significativa. Esse fato se deve a existência de um quarto fundamental elemento, que num primeiro olhar não são facilmente identificados, os comandos paragramaticais. Os comandos podem ser entendidos como as mais diversas formas de manifestações da multimídia. Dentre elas estão livros, manuais impressos em jornais, programas televisivos e etc., que têm como finalidade servir de auxílio nos momentos de dúvida ao falar e escrever “da forma correta”, de acordo com a norma culta ideal, baseado no português de Portugal.

Tento em vista essa problemática, muito recorrente nesse processo de apropriação, do uso e da transformação da linguagem, faz-se necessário um constante trabalho de desconstrução desse preconceito por meio da conscientização a respeito das ideologias por trás delas, que em suma negam a inerente complexidade das manifestações linguísticas. Nesse sentido, na terceira parte do livro, são discutidas as possibilidades de se romper com o círculo vicioso, no qual se dá a transmissão e a perpetuação do preconceito lingüístico, com intuito de libertar esse conhecimento, a fim de que o indivíduo vivencie o fenômeno linguístico de todas as formas e do melhor modo possível.

Para que essa tomada de consciência torne-se efetiva, segundo o autor, alguns passos importantes devem ser tomados, no processo de ensino e apropriação da língua. Dentre eles estão: reconhecer a crise no ensino da língua portuguesa do Brasil, que há um abismo entre a norma culta real, falada e escrita pelas classes cultas brasileiras, e a norma culta ideal, com alicerce no português de Portugal; mudar de atitude ao adotar uma nova postura que implique reflexão, como buscar conhecimento especializado e atualizado acerca dos avanços na ciência da linguagem e da educação, como também, do ponto de vista prático ao estimular, de forma prazerosa e inteligente, outros indivíduos a pesquisar sobre essa e outras temáticas.

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