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Role-Playing Obesidade Mórbida

Por:   •  14/1/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.376 Palavras (6 Páginas)  •  382 Visualizações

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Role Playing – Obesidade Mórbida

1. TP: Boa Tarde sou a Dra Joana, deve ser a Iolanda.

Pode-se sentar.

Gostaria que se sentisse confortável e à vontade para falar-me de si, e do que a preocupa.

Encontra-se num ambiente neutro, sigiloso, pode falar do que quiser com segurança.

Diga-me o que a trás por cá?

PC: Meu nome é Iolanda Rodrigues, tenho 30 anos, vim pedir ajuda no sentido de melhorar a minha auto-estima e aprender a lidar com a obesidade mórbida que estou enfrentando agora, porque sei da grande exigência da sociedade relativamente à aparência.

A partir dos meus 13 anos de idade comecei a ganhar bastante peso, recordo-me de momentos maus que enfrentei na escola, da discriminação, dos comentários relativos ao meu excesso de peso, tal como expressões de depreciação do tipo: “baleia”, “Youkosuna”, “gorda”, entre outros….

E quer queira, quer não, vamo-nos fechando, deixamos de ter amigos, porque eles próprios começam a desprezar-nos, não somos aceites no grupo deles e obviamente começamos a andar sós ou então com aqueles que ninguém lhes liga, que por fim tornam-se também vítimas.

2. TP: Vejo que se sente triste. Diz-me então que durante a maior parte da sua vida sofreu com o peso que tinha, que isso lhe trazia desconforto? Deve ter sido difícil para si, nota que isso afastou-a dos outros, e de uma vida mais participativa em sociedade?

PC: Sim, Fui inclusive vítima de bullying, onde havia também agressão física. Recordo-me de um episódio específico, em que estava à espera do Autocarro, após ter terminado as aulas eu ia regressar a casa, e um rapaz que era meu vizinho acompanhou-me da escola à paragem dos autocarros, e do nada sem haver motivo aparente, começou a bater-me em praça pública e quem me defendeu e foi separá-lo de mim, foi um senhor que ia passando na estrada principal, parou a carrinha no meio da estrada e veio socorrer-me. E alertou-o para não fazer mais isso.

Por anos, sempre fui vítima, sempre permiti que os outros passassem as marcas comigo, deixei que eles me humilhassem, não que eu quisesse. Talvez também começasse em casa com os meus pais, também percebi que nunca me ajudaram muito nesse sentido. Aliás, eles tinham os problemas deles para resolverem e não queria ser mais um empecilho.

3. TP: Compreendo que deve ter sido muito difícil para si todas estas situações, bem como o sofrimento que tudo isto lhe causou. Pelo que relatou acredita que esta discriminação pode ter começado na sua infância em sua casa (pais)? É isso?

PC: Talvez, os meus pais sempre me desvalorizavam e sei inclusive que tinham vergonha da minha aparência, mas também nunca procuraram ajuda para mim. Sempre vivi desamparada, julgo que também foi por isso que sempre tive baixa auto-estima, ninguém lutou comigo, sempre estive só.

4. TP: Acha que se tivesse tido um suporte diferente por parte da sua família, poderia ter sido tudo diferente (- doloroso) …

PC: Sim, gostaria que tivessem agido de maneira diferente, que me tivessem dado mais apoio, talvez isso tivesse mudado alguma coisa…

Agora em idade adulta, após ter casado, nunca consegui criar amizades, porque ainda continuo a sentir-me inferiorizada relativamente aos outros, tenho vergonha da minha aparência, ando sempre vestida de preto para esconder as gorduras e o meu volume, sei que isto está a afectar também o meu casamento. O meu marido farta-se de dizer que eu sou bonita assim como sou e quem não gosta, paciência. Porque o que interessa é ele gostar de mim. Eu compreendo-o, mas sinto uma carência de afectividade tão grande, que julgo que não chega, não é o suficiente os elogios dele.

5. Tp: Sente então que tudo o que aconteceu na sua adolescência se repercutiu mais tarde na idade adulta, e que esse sentimento de inferioridade está muito presente e a afasta dos outros? (vida não 100% dita “normal”/restrições).

Pc: Sim, acho que sim. Prejudica-me bastante. Porque, amigos não tenho, a família também foi sempre muito ausente, só tenho assim o meu marido. Contudo, na ausência dele, quando ele está a trabalhar, fico em casa sozinha. Sinto-me tão triste que nada me consola.

Aí vem a parte mais difícil, que é “agarrar-me” à comida, julgo que minimiza um pouco a dor que sinto. Como só “porcarias”, doces e salgados. É tudo o que aparece, para tentar acalmar este desespero.

Eu tenho consciência que não estou a fazer a coisa mais acertada, que não devia refugiar-me na comida, mas não consigo encontrar outra solução…

6. Tp: Vejo que se sente só… que a maneira que arranjou para lidar com com os seus sentimentos (solidão/carências) foi refugiar-se na comida… que esta lhe da algum conforto e alento… é isso?

Sente que o seu marido está do seu lado que a ama, protege/ compreende?

Pc: Sim a comida, foi sempre como um refúgio para mim, uma maneira de me compensar pela tristeza que sentia em relação a mim e aos outros. Compensei a falta de afecto com a ingestão de alimentos. De maneira a poder me satisfazer de

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