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OBesidade Infantill

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Por:   •  2/5/2013  •  5.128 Palavras (21 Páginas)  •  1.110 Visualizações

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Contextos, nº 2, dez. 2003.

Textos & Contextos

Revista Virtual Textos & Contextos. Nº 2, ano II, dez. 2003

O excesso de peso da família com obesidade infantil

Andréia Mendes dos Santos*

Atualmente, a obesidade tem sido notícia freqüente, ocupando lugar em reportagens de revistas, jornais e até especiais em programas de televisão. Por essa razão, os órgãos competentes encontram-se engajados na busca de alternativas para controlar a situação, sendo notícia projetos acerca de atendimento à obesidade pelos serviços de saúde, desenvolvimento de bons hábitos alimentares na merenda escolar, programa para o enfrentamento da obesidade mórbida, obrigatoriedade de rótulos nos produtos alimentícios, para informar seu valor nutricional, entre outros.

As preocupações com o corpo e a aparência física associada ao magro encontram-se, hoje, em evidência, no dia-a-dia das pessoas. Além disso, têm-se informações sobre o crescimento do número de fórmulas mágicas em busca do corpo perfeito, incluindo as anfetaminas, fenfluraminas, fluoxetina, o uso indiscriminado de laxantes e diuréticos, agentes termogênicos, drogas que inibem a absorção dos alimentos e até hormônios tireoideanos. Na mesma perspectiva, observa-se o crescimento de instituições fundadas com o objetivo de combater a obesidade, ou o aumento da procura por atendimento especializado, nos consultórios privados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o crescimento do número de obesos é um fenômeno global.

Considera-se o pressuposto de que existem outros fatores associados à obesidade, quer na constituição da doença, ou na convivência com a mesma. Isso significa dizer que a obesidade situa-se, hoje, além do paradigma entre saúde e doença. Apesar do crescimento dos índices, falar em obesidade significa referir-se a um grupo de minorias (não no sentido numérico), excluídos e discriminados, que se encontram marginalizados pela sociedade, sem possuírem força de representatividade. Em contrapartida, tem-se a preocupação com a beleza, elegendo o consumo de produtos light e diet, que não atendem à reversibilidade do quadro de obesidade, mas ao incentivo a um padrão anoréxico corporal.

As possibilidades de que as crianças obesas de hoje se tornem adolescentes obesos amanhã e adultos obesos no futuro são grandes. A obesidade possibilita espaço para outras doenças, além do sofrimento no convívio, em longo prazo, com o desconforto provocado pela mesma. Excesso de peso está, na grande maioria das vezes, relacionado com excesso de comida. A pessoa obesa, ao sentir-se desconfortável, busca o consolo na própria comida, agudizando sua problemática. A questão de limites permeia a lista interminável de dificuldades em relação à obesidade infantil. Trata-se, também, a obesidade sob a ótica da seleção descontrolada da alimentação, incorreta e excedente, que ultrapassa os limites do possível.

Esta pesquisa teve por objetivo verificar de que forma a família influencia no processo de adoecimento e tratamento da obesidade infantil, através do desvelamento de aspectos familiares, dentro do contexto social, econômico e cultural, presentes na problemática. Sendo assim, procurou-se conhecer, na sua magnitude, quais os riscos sociais da obesidade infantil, a fim de fornecer subsídios que possam contribuir para o tratamento da doença. Procurou-se ouvir os familiares, porque acredita-se que eles (aqui na amplitude de responsáveis) são essenciais para a formação das crianças e são também portadores da doença.

* Psicóloga, Mestre em Serviço Social pela PUCRS; doutoranda em Serviço Social na PUCRS.

Revista Virtual Textos & Contextos, nº 2, dez. 2003.

Textos & Contextos

Revista Virtual Textos & Contextos. Nº 2, ano II, dez. 2003

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Historicamente, o fator comida sempre esteve presente na vida das pessoas. A relação com a alimentação representa tamanho prazer que se vem manifestando através do crescente número de confrarias de apreciadores da comida, apresentação de programas culinários na televisão, entre outros. Percebe-se também a valorização do paladar, ao se direcionar a outra lógica: Existe um mercado que vive desta relação. São chocolates com formatos eróticos, preservativos sexuais com sabor, pasta de dentes infantil nas versões tutti-frutti, morango, uva, chiclete, remédios, da mesma forma, etc. Logo, percebe-se a existência de um erotismo também envolvida na comida.

Mesmo que a moda dite o padrão estético da magreza, a obesidade se encontra fortemente associada à fartura, refletindo-se diretamente nas classes sociais. A fantasia da incorporação da riqueza encontra-se presente em todos os níveis econômicos, justificando as razões de a obesidade desenvolver-se nos variados níveis sociais.

Pode-se, numa primeira tentativa, definir obesidade como “Doença psicossomática, de caráter crônico, com determinantes genéticos, neuroendócrinos, metabólicos, dietéticos, ambientais, sociais, familiares e psicológicos” (Felippe, 2001, p. 17). Klish (1998) acrescenta que a obesidade, além de ser uma doença, é um fator de risco para muitas outras potencialmente fatais. Assim, são considerados transtornos alimentares “quando a atitude em relação à comida e o peso se transformou naquilo que rege a conduta” (Herscovici, 1997, p. 31).

A obesidade é compreendida como prejudicial à saúde, na sua perspectiva física e psíquica. É uma doença complexa, que possui causas multifatoriais, como nutricional, psicológica, fisiológica, social e médica, associadas à interação com uma possível predisposição. Entre os fatores ambientais, podem-se citar dietas hipercalóricas, nível de atividade física, o fumo e a ingestão de álcool (Mello, 2000).

Por essa razão, a diminuição do peso é uma das indicações terapêuticas no caso de outras enfermidades. São também considerados riscos associados à obesidade: as diabetes, a hipertensão arterial, as doenças cardiológicas, o câncer (especialmente de mamas e intestino), os acidentes vasculares cerebrais, apnéias e artroses (Felippe, 2001).

Durante a infância, o estado nutricional deve ser avaliado na relação entre o peso e a altura da criança, salientando-se que é possível interferir no crescimento, uma vez que este depende, principalmente, de alimentação correta (Duarte, 2001). É através da altura que se encontra representado o estado nutricional; o peso pode oscilar em relação

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