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Sintese A Morte E O Morrer

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Por:   •  24/11/2014  •  3.630 Palavras (15 Páginas)  •  548 Visualizações

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Capítulo 1 – Sobre o temor da morte

Uma das transformações mais importantes no processo de morrer foi a mudança de atitude no que diz respeito ao local da morte, devido ao extraordinário avanço da medicina.

Na última década tivemos uma evolução na medicina, a qual tornou possível evitar muitas mortes que antigamente eram dadas como certas, porém, com isso, elevou o número de idosos, pessoas geralmente carentes, solitárias, que na maioria das vezes precisam mais de atenção do que de cuidados médicos. A equipe médica por sua vez, não consegue suprir as inúmeras carências dos seus pacientes, porque a estrutura da instituição hospitalar não possibilita a criação de vínculos pessoais. A maioria, não procurou psicólogos, portanto, são outros profissionais que têm que descobrir e suprir suas necessidades.

Quando retrocedemos no tempo e estudamos culturas e povos antigos, temos a impressão de que o homem sempre abominou a morte, e provavelmente sempre o fará. Do ponto de vista psicológico, isto é bastante compreensível e talvez se explique melhor pela noção básica de que, em nosso inconsciente, a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos.

Muitas culturas possuem rituais para cuidar da pessoa “má” que morre, os quais se originam deste sentimento de raiva latente em nós, apesar de não gostarmos de admitir isso.

Este exemplo é para ressaltar que o homem não mudou. A morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal, mesmo sabendo que podemos dominá-lo em vários níveis. O que mudou foi nosso modo de conviver e lidar com a morte, com o morrer e com os pacientes moribundos.

Há muitas razões para se fugir de encarar a morte calmamente. Uma das mais importantes é que, hoje em dia, morrer é muito triste sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, mecânico e desumano. Às vezes é até mesmo difícil determinar tecnicamente a hora exata em que se deu a morte.

Morrer se torna um ato solitário e impessoal porque o paciente não raro é removido de seu ambiente familiar e levado às pressas para uma sala de emergência.

Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como alguém sem direito e sem fala (direito a opinar). Quase sempre é outra pessoa que decide sobre ele, quando e onde um paciente de ser hospitalizado. Custaria tão pouco lembrar-se que o doente também tem sentimentos, desejos, opiniões e, acima de tudo, o direito de ser ouvido... Então nos cabe levantar uma questão: Estamos nos tornando mais ou menos humanos?

Capítulo 2 – Atitudes diante da morte e do morrer

Uma mudança de enfoque do indivíduo para massa tem se revelado mais dramáticas em outros setores da interação humana. Para constatar é só observar as transformações ocorridas nas últimas décadas. Antigamente, o homem era capaz de enfrentar o inimigo cara-a-cara. Era combinado um encontro pessoal com o inimigo visível. Agora, soldados e cidadãos se previnem com armas de destruição em massa que não oferecem a ninguém a possibilidade, sequer a consciência, de uma aproximação.

Vem ai a contribuição da ciência e da tecnologia para um medo continuo e crescente de destruição e, por conseguinte, medo da morte. Surpreende, então, que o homem tente se defender mais? Diminuindo a cada dia sua capacidade de defesa física, aumentam de várias maneiras suas defesas psicológicas.

Não podemos negar a existência de armas de destruição em massa, e tão pouco podemos regredir de alguma forma no tempo. A ciência e a tecnologia proporcionarão sempre mais transplantes de órgãos vitais e crescerá enormemente a responsabilidade das interrogações sobre a vida e a morte, sobre doadores e receptores. Problemas legais, morais, éticos e psicológicos serão postos diante das gerações presentes e futuras, que decidirão questões de vida e morte em número cada vez maior, enquanto tais decisões não forem tomadas também por computadores.

Em geral, ao falar com médicos e enfermeiras, ficamos impressionados como se preocupam com o fato do paciente tolerar a “verdade”.

É sempre difícil encarar um paciente após o diagnóstico de um tumor maligno. Alguns médicos são favoráveis a que se diga aos parentes, mas escondam a realidade do paciente para evitar uma crise emocional. Outros são sensíveis às necessidades de seus pacientes e obtém êxito ao cientificá-los da existência de uma moléstia séria, sem lhes tirar a esperança.

O médico que puder falar sem rodeios com os pacientes sobre o diagnóstico de um tumor maligno, não ao relacionamento necessariamente à morte iminente, estará prestando um grande serviço. Ao mesmo tempo, deve deixar portas abertas à esperança, sobretudo quanto ao uso de novos medicamentos, novos tratamentos, novas técnicas e pesquisas. O importante é comunicar ao paciente que nem tudo está perdido, que não vai abandoná-lo por causa de um diagnóstico, que é uma batalha que têm de enfrentar juntos, paciente, família e médico, não importando o resultado final.

Capítulo 3 – Primeiro Estágio: negação e isolamento

Ao tomar conhecimento da fase terminal de sua doença, pacientes reagem de forma negativa, principalmente quando informado de sua situação de maneira abrupta ou inesperada “para acabar logo com isso”, sem levar em consideração o preparo do paciente. Esta negação inicial era palpável tanto nos pacientes que recebiam diretamente a notícia no começo de suas doenças quanto naqueles a quem não havia sido dita a verdade, e ainda naqueles que vinham, a saber, mais tarde, por conta própria.

Com freqüência, alguns enfermos buscam assegurar-se do diagnostico, buscando outros médicos e refazendo todos os exames. A negação, ou pelo menos a negação parcial, é usada por quase todos os pacientes, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou, às vezes, numa fase posterior. Ela funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais. É preciso falar sobre a morte e o morrer com os pacientes bem antes que isso ocorra de fato, desde que o paciente o queira. Na realidade, devemos tratar melhor desse assunto em tempos de relativa saúde e bem estar, cuidando da segurança financeira das crianças e dos demais afazeres da vida.

A negação é uma defesa temporária, sendo logo substituída por uma aceitação parcial. A negação assumida nem sempre aumenta a tristeza, caso dure até o fim. A maioria dos pacientes não se serve da negação por muito tempo. Podem conversar rapidamente

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