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Subjetividade Privatizada

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Por:   •  10/9/2014  •  4.222 Palavras (17 Páginas)  •  749 Visualizações

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Subjetividade privatizada:

Antes da Psicologia existir como disciplina independente, outras áreas de conhecimento fundamentaram as questões da natureza humana, ora a cosmologia e a ética, ora a teoria social, na tentativa de entender o universo, e de ser feliz. Diante destes desafios muitos temas abordados pelos gregos, como por exemplo, ser, e substância, mente e matéria, indivíduo e sociedade, entre outros, têm servido desde sempre de referência como conceitos fundamentais nas investigações da Psicologia. Na Antiguidade já se falava na Psicologia, mas só a partir da segunda metade do século XIX, na Modernidade, essa Ciência se coloca como uma “Ciência Independente”, passando assim a ser objeto de ensino universitário e de pesquisa. A palavra Psicologia deriva de dois termos gregos: O prefixo “psiquê” que significa alma, e o sufixo -logia, derivado de “logos”, que significa estudo. Os antigos filósofos, os pré socráticos, falavam em psicologia relacionando-a com o comportamento, com o espírito, com a alma do ser humano. Assim como esses filósofos, os empiristas e cientistas fisiólogos analisavam a natureza humana privilegiando ora a mente, ora o corpo, e às vezes uma tentativa de unificá-las em um único processo. A psicologia foi fundada como ciência, desde a antiguidade, passando pela Idade Média até chegar à Modernidade.

As raízes da psicologia podem ser localizadas no quarto e quinto séculos antes de Cristo. Os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles levantaram questionamentos e reflexões fundamentais sobre o funcionamento da mente.

Aristóteles, descreveu muitas categorias de comportamento tais como a percepção dos sentidos, memória, as diferenças de raça, cultura etc. Esses filósofos refletiram sobre questões fundamentais como por exemplo, se as pessoas percebem a realidade, ou sobre o que e a consciência,ou ainda sobre a justiça e outras. Sócrates acreditava que, através do seu método de investigação, a maiêutica socrática, seria possível obter um tipo de conhecimento do próprio eu. Esse conhecimento indica o que os homens deveriam fazer, permitindo-lhes viver uma vida virtuosa. Este era o princípio da sua ética e a característica básica da sua abordagem psicológica, os homens não são como unidades isoladas, mas estão sempre em relação com seus semelhantes. Platão tem seu pensamento formado por dois elementos: o metafísico e o moral, em sua “teoria das formas”, ou “teoria das idéias”. Para ele o mundo sensível apreendido pelos sentidos (variável e mutável) era um aspecto do mundo real, “constituído por formas puras, fixas e imutáveis que só podiam ser conhecidas intelectualmente, através da razão pura”, e assim, acreditava que a alma já existia antes do corpo, e continuava a existir após a morte e posteriormente entrava em um novo corpo prestes a nascer, e que a alma era capaz de contemplar sem obstáculos o mundo das formas. Esse pensamento platônico estabeleceu uma distinção e uma oposição entre mente e matéria, e a mente identificava-se com o mundo extraterreno ou metafísico.

Na Modernidade, os estudiosos (físicos, médicos anatomistas e fisiólogos) se detiveram a estudar o comportamento humano, tentando descobrir um “espírito” embutido nas ações humanas. Foi nesse período que surgiram as “ Ciências Sociais”, entre elas a Sociologia, e a Antropologia, que também tratavam das ações humanas, ou seja, estudavam as ações humanas, colocando- as diretamente, como conseqüência das condições e transformações históricas e sociais da realidade vivenciada pelo homem em um determinado momento. Neste aspecto, os temas de psicologia deveriam ser abordados através da Filosofia, das Ciências Físicas e Biológicas e das Ciências Sociais, e é nesse aspecto que a Psicologia, enfrentou desafios para se tornar uma Ciência independente. Para que a Psicologia se tornasse uma ciência independente deveria haver o interesse de conhecer cientificamente o psicológico, através da experiência da subjetividade privatizada e da experiência da crise dessa subjetividade. Subjetividade que pode ser entendida como uma forma particular de se colocar, de ver e estar no mundo que não se reduz a uma dimensão individual. A subjetividade é um fato social construído a partir de processos de subjetivação, o qual é engendrado por determinantes sociais - históricos, políticos, ideológicos, de gênero, de religião, conscientes ou não. Desta forma, em diferentes contextos culturais, diferentes subjetividades são produzidas.

Mas, o que seriam essas experiências?

A primeira, a subjetividade privatizada, seria a capacidade do homem ser o sujeito de suas próprias decisões, sentimentos e emoções, como por exemplo, refletir sobre uma decisão que deveria tomar, e após escolher uma, optar por fazer outra, e só ele teria conhecimento disto. Essa subjetividade privatizada possibilita ao homem sentir tristezas ou alegrias e não demonstrar para o mundo exterior, ou seja, na subjetividade privatizada o ser humano é dono de seus sentimentos e pode mostrar um comportamento que não condiz com o seu interior. A segunda, a crise da subjetividade privatizada, ocorre em momentos de crise social, com a decadência de tradições culturais em que o homem não aceita as novas situações. As transformações políticas, sociais, econômicas e culturais que ocorrem na sociedade, deixam na humanidade uma sensação de abandono e desamparo, produzindo nos seres humanos uma crise existencial. Nessas circunstâncias o homem recorre mais frequentemente ao seu “foro íntimo” e sente-se movido pelos sentimentos que muitas vezes divergem dos sentimento coletivo, e é nessa condição de desamparo, inquietude e desencontro, que esse homem perde suas referências familiares e religiosas entre outras, e assim, ele necessita construir referências internas, enão irá sucumbir. Nesse momento o homem tem um enorme vazio dentro de si, é o espaço da subjetividade privatizada, ou seja, ele começa a se questionar sobre si mesmo querendo respostas para seus anseios, desejando saber quem realmente ele é, quais seus sentimentos, seus desejos, quais são seus valores e conceitos a respeito do mundo, e é justamente nesse momento de crise que o homem tem consciência de que é capaz de tomar suas próprias decisões e que é responsável por elas.

Pode-se tomar como exemplo, a transição do sistema feudal, na Idade Média para a Idade Moderna. Na Idade Média, o homem era concebido no coletivo através de uma visão de mundo teocêntrica, e acreditava na predestinação, ou seja, nascia servo, iria morrer servo, sua vida não lhes pertencia, sua vontade era a vontade de Deus e do Senhor Feudal. Esse homem era servo, mas sentia-se “livre”, pois intimamente

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