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Transtornos De Aprendizagem

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Por:   •  18/8/2014  •  2.197 Palavras (9 Páginas)  •  567 Visualizações

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Dislexia é uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração, que pode também ser acompanhada de outras dificuldades, como, por exemplo, na distinção entre esquerda e direita, na percepção de dimensões (distâncias, espaços, tamanhos, valores), e no funcionamento da memória de curta duração.

A Dislexia de desenvolvimento é um distúrbio de aprendizagem de origem congênita que atinge 10 a 15% da população brasileira, sendo que o índice de disléxicos do sexo masculino é três vezes maior que o número de disléxicos do sexo feminino (Lanhes & Nico, 2002). Há, ainda, fortes evidências que a Dislexia seja hereditária (DeFries, Alarcon & Olson, 1997).

Hist.

Etimologicamente, a palavra Dislexia é constituída pelos radicais dis, que significa distúrbio, e lexia, que significa leitura no latim e linguagem no grego. Portanto, o termo Dislexia refere-se a distúrbios de leitura ou a distúrbios de linguagem.

A Dislexia começou a estudar-se em finais do século XIX. Hinshelwood e Morgane, oftalmologistas ingleses, estudaram casos de crianças com sérias dificuldades de aprendizagem de leitura, categorizando este problema como cegueira verbal. Explicavam esta dificuldade propondo a teoria segundo a qual no cérebro existiriam áreas separadas para diferentes tipos de memória. Em primeiro lugar, teríamos uma memória visual de tipo geral; em segundo, uma memória visual de letras; por último, uma memória visual de palavras. A causa da dificuldade para ler estaria num deterioramento do cérebro, de origem congénita, que afetaria a memória visual de palavras, o que produziria na criança aquilo que a que chamaram cegueira verbal congênita

Alguns anos mais tarde, no período entre guerras (1915-1940), Samuel Orton, neuro-psiquiatra americano, defendia que a dificuldade de ler se devia a uma disfunção cerebral de origem congénita. Para Orton, esta disfunção cerebral produz-se quando a criança não possui uma adequada dominância hemisférica. A dominância hemisférica é importante para a aprendizagem da leitura porque quando a criança aprende a ler vai registrando e armazenando a informação nos dois hemisférios. No hemisfério dominante, a informação era armazenada de maneira ordenada, enquanto que no hemisfério não dominante, a informação seria armazenada de forma desordenada e confusa, invertida como em espelho. Para ler, o hemisfério dominante deve anular a informação do hemisfério não dominante. Se isto não se processa, devido a uma ausência de dominância hemisférica, produzir-se-ão uma série de erros na leitura. Esses erros podem ser inversões, omissões, substituição de sons, leitura em espelho, etc. Esse conjunto de dificuldades, Orton denominou-as de estrefosimbolia, ou seja, de símbolos invertidos. No trabalho, que publicou em 1925, sugeria que "essa aparente disfunção na percepção e memória visual caracterizada por entender as letras e as palavras invertidas (b por d ou was por saw) era, então, a causa da dislexia. Esse distúrbio explicaria também a escrita em espelho"

Ajuriaguerra, depois de estudar os sintomas próprios das lesões de cada hemisfério cerebral, chegou à conclusão de que as lesões direitas se relacionam com problemas gnósico-práxicos, visuo-espaciais, apraxias construtivas, perturbações somato-gnósicas, etc., enquanto que as lesões esquerdas estão relacionadas com as funções simbólicas

Noutra linha de pensamento, mas não deixando de ser uma das teorias mais difundidas e praticadas num passado recente, Borel-Maissonyexplicava o fenômeno da dislexia como «uma dificuldade particular para identificar, compreender e reproduzir os símbolos escritos, que apresentava como consequência uma alteração profunda da aprendizagem da leitura entre os 5 e os 8 anos, na ortografia, na compreensão de textos e, portanto, nas aquisições escolares»

A teoria atualmente aceita é que segundo Tallal et al. (1997, in Capovilla, 2002), a dislexia caracteriza-se por um distúrbio na linguagem expressiva/receptiva que não pode ser atribuído a atraso geral do desenvolvimento, distúrbios auditivos, lesões neurológicas importantes (como paralisia cerebral e epilepsia) ou distúrbios emocionais. Para Frith (1997), a dislexia pode ser compreendida como sendo resultante de uma interação entre aspectos biológicos, cognitivos e ambientais que não podem ser separados uns dos outros.

Inter.

A intervenção na dislexia tem sido feita principalmente por meio de dois métodos de alfabetização, o multissensorial e o fônico. Enquanto o método multissensorial é mais indicado para crianças mais velhas, que já possuem histórico de fracasso escolar, o método fônico é indicado para crianças mais jovens e deve ser introduzido logo no início da alfabetização.

Conforme Capovilla (2002) e Capovilla e Capovilla (2002b), o método multissensorial busca combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita às crianças. Ao unir as modalidades auditivas, visuais, sinestésica e tátil, este método facilita a leitura e a escrita ao estabelecer a conexão entre aspectos visuais (a forma ortográfica da palavra), auditivos (a forma fonológica) e sinestésicos (os movimentos necessários para escrever aquela palavra).

Já o método fônico, conforme exposto anteriormente, focaliza o ensino sistemático das relações entres as letras e os sons, explicitando o mapeamento que a escrita alfabética faz da fala.

Após uma avaliação completa e multidisciplinar do indivíduo disléxico, é possível iniciar o processo de intervenção. Alguns dos procedimentos que podem ser adotados por professores e pais de crianças disléxicas para facilitar a aprendizagem são (retirados de Capovilla, 2002):

• a criança disléxica deve sentar-se próxima à professora, de modo que a professora possa observá-la e encorajá-la a solicitar ajuda;

• cada ponto do ensino deve ser revisto várias vezes. Mesmo que a criança esteja prestando atenção durante a explicação, isso não garante que, no dia seguinte, ela lembrará o que foi dito;

• professores e pais devem evitar sugerir que a criança é lenta, preguiçosa ou pouco inteligente, bem como evitar comparar o seu trabalho escrito aos de seus colegas;

• não solicitar para que ela leia em voz alta na frente da classe;

• sua habilidade e conhecimento devem ser julgados mais pelas respostas orais que escritas;

• não esperar que ela use corretamente um dicionário para verificar como é a escrita correta da palavra. Tais habilidades de uso de dicionário devem ser cuidadosamente ensinadas;

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