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VIDA E MORTE NA UTI COVID-19 O LUTO DOS FAMILIARES

Por:   •  17/10/2022  •  Artigo  •  7.453 Palavras (30 Páginas)  •  71 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

 

MARIA EDUARDA DA ROCHA RODRIGUES

 

 

 

 

VIDA E MORTE NA UTI COVID-19: O LUTO DOS FAMILIARES

FLORIANÓPOLIS, 2021

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

 

MARIA EDUARDA DA ROCHA RODRIGUES

 

 

 

VIDA E MORTE NA UTI COVID-19: O LUTO DOS FAMILIARES

 

Artigo apresentado na disciplina TCR na Residência Multiprofissional da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para defesa. Orientadora: Profa Dra Ivania Jann Luna. 

 FLORIANÓPOLIS

2021

VIDA E MORTE NA UTI COVID-19: O LUTO DOS FAMILIARES

Maria Eduarda da Rocha Rodrigues; Ivania Jann Luna;

        RESUMO

Ao final de 2019, a sociedade encontrou-se diante de uma ameaça causada pelo vírus denominado por SARS-CoV-2, popularmente conhecido como o novo Coronavírus, que acomete as pessoas com a doença COVID-19. O vírus trouxe uma conjuntura de restrições sociais que remodelou a forma de prestar assistência aos pacientes, assim como reconfigurou a forma de se despedir do doente no leito de morte. Sendo assim, foi realizada uma pesquisa qualitativa com estudo de caso com o objetivo de compreender o impacto da internação e morte de um ente querido na UTI-Covid-19 para familiares enlutados. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semi estruturada no formato online com 2 (dois) membros da família de uma paciente falecida há no mínimo 3 (três) meses em uma Unidade de Terapia Intensiva COVID-19 (UTI COVID-19). Este estudo possibilitou descrever o processo de luto antecipatório em termos de vivências, sentimentos e reações dos familiares enlutados pela morte de um ente querido. Caracterizou-se o ritual de despedida e o ritual fúnebre vivenciados pelos familiares, discutindo suas diferenças e as limitações impostas pela hospitalização em uma UTI, assim como, assinalam-se alguns fatores de risco e proteção para vivência do processo de despedida no contexto de pandemia.

Palavras- Chaves: Luto; Famílias; UTI COVID-19.

ABSTRACT

At the end of 2019, society faced a threat caused by the virus named SARS-COV-2, known as the novel Coronavirus, which affects people with COVID-19 disease.The virus has brought a set of social restrictions that changed the way to provide care to patients, as well as changed the farewell ritual of the dying patient. Therefore, qualitative research with a case study was performed in order to understand the process of hospitalization and grief during the pandemic. Data collection took place through a semi-structured online interview with 2 (two) family members of a patient who had died for at least 3 (three) months in a COVID-19 Intensive Care Unit (COVID-19 ICU) with confirmed diagnosis of COVID-19. This study made it possible to describe the anticipatory mourning process in terms of experiences, feelings and reactions of family members bereaved by the death of a loved one. The farewell ritual and funeral ritual experienced by family members were characterized, discussing their differences and limitations imposed by hospitalization in an ICU, as well as some risk and protective factors for experiencing the farewell process in the context of a pandemic.

Keyword: Grief; Family; COVID-19 ICU

INTRODUÇÃO

Em 2019, a sociedade encontrou-se diante de uma ameaça causada pelo vírus denominado por SARS-CoV-2, popularmente conhecido como o novo Coronavírus que acomete as pessoas com a doença COVID-19. Esse vírus tornou-se conhecido nos principais pólos mundiais pelo seu alto índice de transmissibilidade, tendo início na cidade de Wuhan, na China, e propagando-se pelo mundo todo nos meses seguintes, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia.

Segundo dados médicos, a COVID-19 é uma doença que causa problemas de saúde que variam de sintomas respiratórios leves a insuficiência respiratória aguda grave, podendo levar à morte. Os  grupos de risco são compostos por pessoas portadores de doenças crônicas (hipertensão, diabetes, câncer etc), obesos com comorbidades e idosos. A principal forma de contágio do vírus se dá através do contato próximo por meio de gotículas salivares, tosse, espirro e contato com superfícies contaminadas. (BRASIL, 2020).

No Brasil, ainda em meio a pandemia, em setembro de 2021,  contabilizam-se mais de 22 (vinte e dois) milhões de contaminados e cerca de 600 (seiscentos) mil mortes (Brasil, 2021). Com o alto risco de contágio, a medida mais eficaz encontrada para diminuir a transmissão é o isolamento do paciente; e em casos mais agravados, a internação hospitalar com restrição de contato. Essa nova conjuntura remodelou a forma de prestar assistência aos pacientes e também das visitas familiares no ambiente hospitalar.

O isolamento social e as normas vigentes nos ambientes hospitalares restringem o acesso dos familiares ao doente, sendo que não raro o último contato entre família e paciente acontece antes da internação. Hortegas & Santos, (2020) afirmam que, em situações normais, o ato de despedir-se do ente querido auxilia no processo de luto justamente por contar com o apoio de  pessoas próximas para prestar as homenagens; contudo, a nova realidade impõe limites aos rituais de despedida e formalidades ritualísticas e pode gerar alterações importantes no processo de luto dos familiares.

 

A UTI COVID-19:         

A UTI (Unidade de Terapia Intensiva) é um setor de alta complexidade, que conta com recursos e equipamentos tecnológicos,  uma equipe multiprofissional voltada para o atendimento de pacientes em estado grave de saúde. Muitas vezes está associada a um local de morte e doenças que comprometem a vida (Reis, et al, 2016). A UTI nos últimos tempos têm recebido alta visibilidade pela quantidade de internações de pacientes por complicações da COVID-19.

Os serviços prestados pela equipe também sofreram mudanças com a pandemia. Os profissionais que trabalham na UTI COVID-19 necessitam diariamente lidar com o risco de contaminação a si e a terceiros, com o excesso de trabalho e alta carga emocional de enfrentar diariamente a doença e a morte. O uso de EPI’s (Equipamento de Proteção Individual), o isolamento de contato e a redução de profissionais circulando no setor tornaram a vinculação profissional-paciente mais distante, uma vez que o uso de máscaras, aventais e toucas, dificulta o reconhecimento da pessoa que está realizando o procedimento (CREPALDI, ET AL,  2020).

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