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A SAÚDE PUBLICA NO PAÍS

Por:   •  11/2/2020  •  Artigo  •  5.366 Palavras (22 Páginas)  •  129 Visualizações

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ARTIGOS

 

A família e o cuidado em saúde mental

 

The family and care in mental health

 

 

Gisele SantinI; Teresinha Eduardes KlafkeII

IUniversidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - Brasil 
IIUniversidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - Brasil

 

 


RESUMO

Este trabalho discorre sobre o cuidado com o portador de sofrimento psíquico dentro do seu ambiente familiar. Será realizada uma breve revisão teórica sobre a reforma psiquiátrica e o papel da família como cuidadora, sendo abordados aspectos como a sobrecarga e as dificuldades encontradas pelas famílias; as redes de apoio e o suporte aos familiares; o impacto causado pela doença mental na família, entre outros. O texto tem como "pano de fundo" a experiência do Grupo de Familiares existente no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) de uma cidade de pequeno porte do interior do estado do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Cuidado. Família. Saúde Mental.


ABSTRACT

This paper discusses the care of the patient with psychological distress within the family environment. There will be a brief theoretical review of the psychiatric amendment and the role of the family as caregiver, being addressed issues such as overload and difficulties encountered by families, support networks and support to relatives, the impact of mental illness in the family, among others. The text has as the "background" the experience of the Group of Relatives, which exists in the Center of Phychosocial Attention (CAPS I) in a small town in the state of Rio Grande do Sul.

Keywords: Care. Family. Mental Health.


 

 

Introdução

Com os avanços das Reformas Sanitária e Psiquiátrica no Brasil, muitas mudanças vêm ocorrendo no setor saúde. No campo da saúde mental, certamente a maior conquista é o processo de desinstitucionalização do portador de sofrimento psíquico e a gradual implementação de serviços de saúde em meio aberto, como os CAPS, os Hospitais-dia e os Residenciais Terapêuticos. A partir dessa reformulação, os sujeitos que antes viviam enclausurados nos hospitais psiquiátricos, agora podem contar com um tratamento mais próximo de seus familiares e da comunidade onde vivem.

Porém, nossa sociedade, bem como as famílias, estão pouco preparadas e amparadas para acolher o portador de sofrimento psíquico, havendo ainda uma lacuna entre o cuidado que se tem e o cuidado que se almeja ter em saúde mental. Por outro lado, muitos são os esforços empreendidos pelos serviços e pelos profissionais da saúde na busca por reverter a lógica de atenção à saúde mental arraigada na nossa cultura, em que prevaleceu por muitos anos, a exclusão e o preconceito.

Ao mesmo tempo em que o mundo muda sua forma de ver e de se relacionar com a loucura, também o papel da família na sociedade também passa por inúmeras transformações. Muda a forma de se pensar a implicação da família no aparecimento da doença mental, uma vez que a literatura atual sobre o tema coloca a família tanto como a grande causadora do adoecimento psíquico quanto como potente meio de cuidado e melhora.

 

Uma breve apresentação do Processo de Reforma Psiquiátrica

O sistema manicomial constituiu-se com base num modelo hospitalocêntrico que visava a tratar os chamados "doentes mentais". Esse modelo foi produzido pelo discurso médico que adotava como prática de tratamento dos pacientes o eletrochoque, a convulsoterapia, entre outros. Segundo Foucault (1999), o discurso médico designava a loucura como anormalidade e desrazão. Assim, foram criados hospitais psiquiátricos para conter e tratar os sujeitos acometidos pela doença mental, o que era visto como uma forma de proteção à sociedade, uma vez que os "loucos" eram percebidos como ameaça.

A loucura como anormalidade e o aparato manicomial como objeto da razão permaneceram por quase dois séculos. No século XX manifestações de críticos passaram a questionar o tratamento destinado aos doentes mentais e o sistema manicomial. As maiores críticas aconteceram diante do poder médico e de suas práticas de exclusão do sujeito. Vasconcelos (2002, p. 49-50) diz que era necessário "uma revisão dos paradigmas, que reduziram e aprisionaram a loucura como objeto de um saber exclusivamente médico e a superação das formas assistenciais segregadoras, dentro do sistema público de saúde, que desrespeitam a cidadania do louco". Dessa forma, surgiram movimentos a favor da reforma psiquiátrica, que queriam novas formas de tratamento à doença mental, inserindo os doentes na sociedade. A partir desses movimentos, novos discursos e novas práticas passaram a sustentar a relação da loucura com a sociedade.

Segundo Vasconcelos (2002), a reforma psiquiátrica busca transformar o paradigma de saber da saúde mental e a assistência prestada nessa área. Como os hospitais psiquiátricos produziram efeitos antiterapêuticos, foram adotadas novas estratégias, como serviços comunitários que atendem às demandas psicológicas e sociais do usuário em crise. Para esse autor o objetivo da reforma é renovar os cuidados prestados em saúde mental.

A sociedade está sendo convidada a refletir e a reconstruir os (pré) conceitos diante da doença mental. Nesse contexto, existem grandes modificações como a participação dos familiares no tratamento, quando discutem, trocam informações com a equipe e com outros familiares e participam/organizam encontros para discutir temas de saúde mental.

A nova lógica de atenção à saúde mental requer compreender o sujeito como um todo, como um ser que sofre, que enfrenta momentos desestabilizadores, como separação, luto, perda de emprego, carência afetiva, entre outros problemas cotidianos que podem levá-lo a procurar ajuda. Dessa forma, este modelo deve prestar uma atenção à saúde voltada à integração social do sujeito, procurando mantê-lo em seu contexto familiar e comunitário. Assim, família e comunidade servem como suporte fundamental para que o sujeito crie vínculos, produzindo novos modos de viver em sociedade revertendo o modelo manicomial.

Tendo em vista a organização e o funcionamento dos serviços de saúde propostos pelo SUS, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) constituem uma política de reorientação da atenção à saúde mental em nível nacional, estando diretamente interligada com os governos municipais e estaduais.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), o CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário que faz parte da rede que compõe o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como usuários pessoas que sofrem de psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e persistência da doença justificam sua permanência num centro que possibilite cuidado intensivo, interação com os demais pacientes e promoção da vida integrativa na sociedade.

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