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A pesquisa e a produção de conhecimento em serviço social

Relatório de pesquisa: A pesquisa e a produção de conhecimento em serviço social. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  11/11/2013  •  Relatório de pesquisa  •  6.912 Palavras (28 Páginas)  •  415 Visualizações

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Pesquisa e produção do conhecimento em Serviço Social

(Research and knowledge production in Social Work)

José Fernando Siqueira da Silva*

Resumo – O ensaio teórico apresentado tece comentários sobre a pesquisa e a produção do conhecimento em Serviço Social a partir de Marx e de sua tradição. Oferece, ainda, uma retomada crítica do legado marxista nessa profissão, ressaltando a pertinência e os cuidados necessários para uma interlocução profícua e propositiva entre a produção marxiana (como teoria social crítica) e o Serviço Social (como uma das profissões que atua com as múltiplas expressões da “questão social”). A partir dessas considerações, são indicados alguns aspectos importantes para a produção do conhecimento no Serviço Social, suas particularidades e sua utilidade para a formação e para a intervenção profissional do assistente social.

Palavras-chave – Pesquisa. Serviço Social. Produção do conhecimento

Abstract – This essay is about research and production of knowledge in Social Service from a Marxist perspective and its tradition. It also propose the a critical revisit of the Marxist legacy in the profession, emphasizing the pertinence and necessary concern for a productive dialogue between the Marxian production (as a social theory) and Social Service (as one of the professions witch deals with the multiple expressions of the social issues). Based on these considerations some important aspects are indicated for the production of knowledge in Social Service, its specificities and utility for the education and professional intervention of the social worker.

Key words – Research. Social Service. Production of knowledge.

Considerações introdutórias

O ensaio teórico aqui apresentado trata da interlocução estabelecida entre o Serviço Social, a produção marxiana e a sua tradição, indicando aspectos relevantes para a pesquisa e a produção de conhecimentos em nível de Serviço Social. Elucida, sinteticamente, o debate travado entre eles a partir do chamado “processo de reconceituação” (NETTO, 1991), apontando os limites e as possibilidades desta aproximação. Embora o Serviço Social e a produção teórica oriunda de Marx e de sua tradição componham instâncias diferentes e sejam antagônicos nos seus fundamentos de origem, a relação entre eles é viável, necessária e proveitosa. A pesquisa permanente e a produção de conhecimentos em Serviço Social são

 Artigo recebido em 30.06.2007. Aprovado em 26.11.2007.

* Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), São Paulo/SP, Brasil. Doutor em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Silva, J. F. S.

Pesquisa e produção do conhecimento em Serviço Social

Revista Textos & Contextos Porto Alegre v. 6 n. 2 p. 282-297. jul./dez. 2007

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decisivas para a sobrevivência desta profissão na contemporaneidade. Mais do que isso, é condição básica para sua inserção crítica na divisão social e técnica do trabalho (IAMAMOTO; CARVALHO, 1985) e para a qualificação dos assistentes sociais que cotidianamente lidam com múltiplas e complexas manifestações da chamada “questão social”.1 É importante perquirir esta trama em um “setor” das “Ciências Humanas e Sociais Aplicadas”, prematuramente considerado como unicamente interventivo e, também por isso, de pequena relevância científica.

1 Marcos e marcas do legado marxista no Serviço Social brasileiro

Em toda a ciência o difícil é o começo

(MARX apud FERNANDES, org., 1989, p. 9).

Os primeiros contatos entre o Serviço Social e a tradição marxista ocorreram ao longo do “processo de reconceituação”, ou seja, a partir de um movimento de cunho latino-americano, de caráter necessariamente sincrético e multifacetado, que suscitou um intenso debate teórico-metodológico entre os assistentes sociais e consumiu uma década (de 1965 a 1975 – não exatamente). Esse processo manifestou, no seu interior, tendências diversas predominantemente denominadas por Netto (1991) como “modernizadoras” (de orientação funcionalista – CBCISS, 1989), de “reatualização do conservadorismo” (de inspiração fenomenológica – ALMEIDA, 1986) e com “intenção de ruptura” (de tendência marxista – SANTOS, 1983), todas elas comprometidas com a discussão e a formulação de alternativas teórico-práticas em relação ao “Serviço Social tradicional”.2 Vale registrar que este intenso debate foi particularmente realizado sob ditaduras militares implantadas na América Latina a partir dos anos sessenta do século XX, informação esta em nada desprezível particularmente para os grupos de orientação marxista. Muitos estudantes e profissionais já formados em Serviço Social, a partir da segunda metade dos anos 60 do século XX, estabeleceram seus primeiros contatos com o marxismo através dos movimentos sociais e da resistência à ditadura militar.

1 A questão social é aqui entendida como um complexo social que faz parte da natureza da propriedade privada no capitalismo, ou seja, é manifestação direta da apropriação privada da produção social e da lei geral da acumulação capitalista (MARX, 1984, p. 187). Sobre esta discussão, no âmbito do Serviço Social, consultar o debate apresentado por Netto, Iamamoto, Yazbek e Pereira, em ABEPSS/Temporalis (2001).

2 Chama-se “Serviço Social tradicional” o conjunto de pressupostos doutrinários e interventivos, sustentados na Doutrina Social da Igreja, que orientaram o Serviço Social desde o surgimento da primeira escola brasileira em São Paulo (1936).

Silva, J. F. S.

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Mesmo considerando o caráter sincrético destacado anteriormente, os estudos de Netto (1991) mostram que as inúmeras simplificações geradas por leituras equivocadas da profissão, bem como as diferentes orientações teóricas, freqüentemente ecléticas, que também subsidiaram as diferentes concepções formadas antes, durante e depois do “processo de reconceituação”, é preciso reconhecer que o Serviço Social

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