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Atps Formação Politica Social e econômica

Por:   •  29/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.377 Palavras (10 Páginas)  •  174 Visualizações

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

Alcinete RA

Dariene RA

Lilian    RA

Lucimara RA

Marcela RA

Solange  RA

FORMAÇÃO SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA DO BRASIL

CAMPO GRANDE

2013

O Novo Mundo Pitoresco de Jean-Baptiste Debret

As obras do artista Jean-Baptiste Debret retratam com uma simplicidade, crueza e vivacidade a vida pitoresca, como assim ele considerava o Brasil daquela época, do brasileiro, do imigrante, do escravo e muito especialmente daqueles que viviam na cidade do Rio de Janeiro, nova capital do império.

Debret, que com outros artistas, desembarcou na então colônia com a simples missão de integrar a Missão Artística Francesa em 1816, e acabou por torna-se, com suas obras publicadas na Europa, numa referência iconográfica do século XIX.

Inicialmente convidado pelo Imperador D. João VI para retratar cenas cotidianas da perdulária corte portuguesa, interessou-se mais por outros exemplos exóticos e pitorescos que abundavam naquela região quente e úmida, com características totalmente distintas daquelas que o artista havia deixado em Paris. Diz:

“O dono da casa come com os cotovelos fincados na mesa; a mulher, com o prato sobre os joelhos, sentada na sua marquesa, à moda asiática; e as crianças, deitadas ou de cócoras nas esteiras, lambuzam-se à vontade com a pasta de comida nas mãos. Se for mais abastado, o negociante acrescenta à refeição lombo de peixe assado ou peixe cozido na água com um raminho de salsa, um quarto de cebola e três ou quatro tomates. Mas, para torná-lo mais apetitoso, mergulha cada bocado no molho picante. Completam a refeição bananas e laranjas. Bebe-se água unicamente. As mulheres e crianças não usam colheres nem garfos; comem todos com os dedos”. [1]

[pic 1]

A população da colônia era formada principalmente de pequenos comerciantes que utilizavam como mão de obra o trabalho escravo, isso incluía todas as atividades necessárias do dia-a-dia. A vida rústica dos colonos, que conviviam com o excessivo número de escravos em voltas de periclitar uma insurreição, contrastava com o luxo, pompa e esbanjamento da corte de D. João. Este notório aspecto caracterizou a obra de Debret.

Assim como retratou os quadros mais famosos de D. João e sua corte, também retratou a vida dos colonos, principalmente daquilo que era mais observável nas ruas do Rio de Janeiro do século XIX: O intenso fluxo do mercado de escravos.

“Apesar das dificuldades, Debret ficou quinze anos no Brasil. É o mais conhecido de todos os artistas franceses, responsável pela melhor e mais ampla iconografia da época. Seus quadros, gravuras e anotações registram de forma meticulosa a paisagem, os hábitos e costumes do Rio de Janeiro e arredores, os integrantes da família real — incluindo os retratos mais famosos do próprio D. João VI —, os rituais que cercavam a corte e a coroação de D. Pedro I. São imagens que tentam imitar o brilho e a sofisticação das monarquias européias, quando na verdade tratava-se de uma nobreza caipira, sem cultura. Debret documentou ainda a escravidão nas cidades e fazendas brasileiras. Também nesse caso, são cenas acadêmicas, assépticas, que retratam negros e negras com perfis gregos, curvilíneos, de roupas limpas e bem assentadas. Em momento algum, conseguem refletir, em toda a sua crueza, a brutalidade dos espancamentos e dos maus-tratos a que eram submetidos os escravos.” [2]

[pic 2]

Se as obras de Debret não conseguiam exprimir no todo o padecimento e amargura a que os escravos estavam sujeitos, seus escritos talvez revelassem algo mais diáfano. O modo e as práticas que os escravos se submetiam na época da colônia.  Diz:

“Todos os dias, entre 9 e 10 horas da manhã, pode se ver a fila de negros que devem ser punidos. Eles vão presos pelo braço, dois em dois, e conduzidos sob escolta da polícia até o local designado para o castigo. Para esse fim existem, em todas as praças mais freqüentadas da cidade, pelourinhos erguido com o intuito de exibir os castigados. [...] Depois de desamarrado (do pelourinho), o negro é deitado no chão, de cabeça para baixo, a fim de evitar-se a perda de sangue. A chaga escondida sob a fralda da camisa escapa assim à picada do enxame de moscas que logo procura esse horrível repasto. Finalmente, terminada a execução, os condenados ajustam a suas calças, e todos, dois por dois, voltam para a prisão com a mesma escolta que os trouxe. [...] De volta à prisão, a vítima é submetida a uma segunda prova, não menos dolorosa: a lavagem das chagas com vinagre e pimenta, operação sanitária destinada a evitar a infecção do ferimento.”[3]

[pic 3]

Mas Debret dependia da corte para sobreviver, e esta não economizava na hora de pagar seus súditos, principalmente os bajuladores, e de esbanjar uma riqueza que já não possuía. Entre as atividades preferidas de D. João incluía-se um amor genuíno pela música. Contratou, escreve Debret:

“cinqüenta cantores, entre eles magníficos virtuosi italianos, dos quais alguns famosos castrati, e 100 executantes excelentes, dirigidos por dois mestres de capela.” [3]

[pic 4]

Essa vida pitoresca dos habitantes da colônia formada em sua maioria por pessoas ignorantes, pobres e analfabetas em contraste com a riqueza da vida exuberante trazida pela corte portuguesa, e além do distanciamento emocional de sua cidade natal, compõe a obra de Debret.

Notas

[1] Eduardo Dias, Memórias de forasteiros de aquém e além-mar, 1946, p. 114.

[2] Laurentino Gomes, 1808 Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil, 2007, p.220.

[3] Eduardo Dias, Memórias de forasteiros de aquém e além-mar, 1946, p. 140-2.

[4] Luiz Norton, A corte de Portugal no Brasil, p. 145.

Descrição das cenas do filme Carlota Joaquina

O filme Carlota Joaquina retrata nas suas cenas algo muito parecido com o nosso Brasil de hoje. As cenas mostram que o preconceito racial desde aquela época, até os nossos dias, não mudou muita coisa. Os negros oriundos da África viviam às margens da sociedade. Eram tratados como mercadorias e seu valor era atribuído à sua força física e disposição para o trabalho. Os escravos doentes ou com baixa capacidade produtiva eram preteridos.

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