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Cenário GACC

Por:   •  1/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.070 Palavras (17 Páginas)  •  88 Visualizações

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1 O CENÁRIO DA INSTITUIÇÃO DE ESTÁGIO

1.1 Conhecendo o GACC

O GACC – Grupo de Apoio a Criança com câncer, surgiu em meados de 1988 com um pequeno grupo de forma individual não institucionalizada. Algum tempo depois esse grupo alugou uma sala para que pudesse receber as doações e logo vendiam essas doações para que o dinheiro fosse convertido em ajuda às famílias das crianças que estavam em tratamento no hospital Varela Santiago. Como essa demanda só aumentava, perceberam a necessidade de alugar uma casa para que pudesse dar apoio com relação à alimentação e hospedagem, ficando essa casa ativa até 2006. Nesse mesmo período iniciou-se uma campanha em prol da construção da sede própria do GACC, com o apoio da então TV Cabugi e tribuna do norte, mobilizando a sociedade Civil e o empresariado a unirem-se em prol da construção da sede própria, com a campanha “Super amigo GACC”, causa abraçada por voluntários, colaboradores e simpatizantes. Nesse meio tempo já havia sido inaugurado o lar da esperança que permaneceu por longo tempo e de lá sendo transferida para sua sede própria construída com a participação da sociedade civil e empresariado sendo inaugurada em 18 de julho de 2009.

O GACC hoje fica localizado na Av. Floriano Peixoto, 383 Petrópolis - Natal/RN - CEP: 59072-520. Fone: (84) 4006.6800. Tendo em sua diretoria Presidente: Rosa Reiko Hannaka e como Vice presidente: Francineide Damasceno.

O objetivo da instituição é promover e desenvolver sem fins lucrativos, atividades educativas, recreativas, socioculturais e de assistência psicossocial a crianças e adolescentes portadores de câncer e doenças hematológicas, bem como coordenar programas e projetos de apoio assistencial, aperfeiçoamento de recursos humanos e desenvolvimento técnico-científico.         

Sua missão[1] é:

Prestar assistência psicossocial e Nutricional às crianças e adolescentes, em tratamento oncológico e hematológico e seus familiares, minimizando as necessidades básicas fundamentais, resgatando sua inserção na sociedade com prioridade, dignidade e cidadania. 

O público atendido na instituição são crianças e adolescentes de 0 a 18 anos acometidos pelo câncer, podendo em alguns casos ultrapassar esse limite de idade, considerando que o período do tratamento chega a cinco anos, e os adolescentes podem entrar até 17 anos e 11 meses, bem como seus familiares e/ou acompanhantes. Público em sua maioria advinda do interior do Estado e cidades vizinhas a capital como é o caso de Parnamirim. Segundo a Assistente Social, em sua grande maioria as famílias assistidas pelo GACC encontram-se em situação de “pobreza” e vulnerabilidade Social, e a saúde pública de seus municípios não dispõem de tratamento onco-hematológico. Em alguns casos a prefeitura ainda disponibiliza apenas o transporte para chegar até a capital e ter acesso ao tratamento. Na maioria dos casos o maior número de acompanhantes é do sexo feminino, no caso as mães, tendo que deixar de lado as demais responsabilidades, como a ajuda no sustento do lar.

Percebe-se com isso que as determinações históricas na questão de gênero nas responsabilidades atribuídas ao “homem” e a “mulher” se acentua e se reafirma nesse contexto, ficando a cargo do homem de prover as necessidades básicas desses lares.

Pude perceber que esses usuários dos serviços do GACC veem a casa não como apoio, mas como assistência integral. Entra aí uma das dificuldades apontadas pela assistente Social em efetivar a assistência enquanto política, sendo essa a política que perpassa o fazer institucional.

Porém, aparentemente não existe um consenso entre a equipe para esclarecer aos usuários que eles são sujeitos de direitos e faze-los entender qual o seu papel na sociedade enquanto cidadãos. Apesar da situação vivenciada em um momento tão difícil como o de enfrentar uma doença com tamanha gravidade é preciso fazer os usuários e seus acompanhantes entenderem qual é a real atuação/participação do GACC em suas vidas.

O GACC atua no terceiro setor através da Política de Assistência. O terceiro setor é composto por Organizações não Governamentais (ONGs). As ONGs são entidades filantrópicas e gerenciamento próprio, e tem utilidade pública.

Segundo Montaño (2007, p. 53): “Assim, o termo é construído a partir de um recorte do social em esferas: o Estado (“primeiro setor”), o mercado (“segundo setor”) e a “sociedade civil (“terceiro setor”)”.

Historicamente o terceiro setor surge como uma filantropização institucionalizada. Aquilo de já acontecia fora da cena política sem o reconhecimento do Estado. Mas toma corpo no Brasil no contexto político dos anos 90 através do projeto neoliberal[2] com a desconstrução de conquistas através de lutas sociais na constituição de 1988, redefinindo a condução das políticas sociais pelo Estado. O que se convencionou chamar terceiro setor atua na execução, mesmo que fragmentada, das políticas públicas, o que provoca eventualmente a transferência da responsabilidade social do Estado para a sociedade civil. O Estado torna-se mínimo contribuindo para a precarização das políticas sociais.

Para Montaño (2007) na dinâmica da contrarreforma, o Estado estratégica e paulatinamente afasta-se da responsabilidade do trato das sequelas da questão social. A criação do chamado terceiro setor, nos remete a questão da refilantropização da questão social. Apesar de o Estado ter papel principal em atender as necessidades da população, ações pontuais passam a ser desenvolvidas pela sociedade civil, resgatando a perspectiva de benemerência.

Apesar de que, muitas entidades do terceiro setor desenvolve um trabalho sério, como uma dessas entidades aponta-se o GACC, que com todos os desafios postos, como por exemplo, o fato de quase se esvaziarem na dependência recebedora de doações tanto material, como comida, dinheiro e até mesmo força de trabalho através do voluntariado, faz com que quem é beneficiado com os serviços de uma ONG tenha em mente a visão do assistencialismo, da obrigatoriedade nas doações, e dificilmente visam a perspectiva de direito. Apesar de tudo isso, desenvolve um trabalho social de assistência para atender a demanda de vulnerabilidade de crianças e adolescentes acometidas pelo câncer.

No GACC ver-se a necessidade de um trabalho voltado à maioria dos acompanhantes dos assistidos, trazendo a tona, a importância de esclarecer o que são direitos sociais, o modo como será conduzida a vida de cada um após o período de tratamento, tenha ele sucesso ou não, os meios para que esse sujeito não se torne dependente de ajuda, assistencialismo, que de modo inevitável já se tornou enraizado em instituições do terceiro setor.

No próximo tópico será contado brevemente o histórico da política de assistência, política que perpassa o fazer no cotidiano profissional das assistentes sociais do GACC.

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