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Cor e violencia

Por:   •  9/5/2016  •  Relatório de pesquisa  •  1.726 Palavras (7 Páginas)  •  142 Visualizações

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Na última quinta-feira, a Coordenadora de Juventude de Volta Redonda, Kika Monnteiro participou do debate “A Cor da Violência no Brasil”, promovido pelo Laboratório de Ideias para Mudar o Mundo (LIMM), na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O intuito do evento foi debater o Plano Juventude Viva, do Governo Federal, de enfrentamento à violência contra a juventude brasileira, especialmente os jovens negros. Com mediação de Tiago Santana, ex-Superintendente de Juventude do Estado do Rio de Janeiro, integrante do LIMM, compuseram a mesa, além de Kika, a Secretária Nacional de Juventude do Governo Federal, Severine Macedo; a Deputada Federal Benedita da Silva, o Deputado Estadual Zaqueu Teixeira; o professor Otair Fernandes, da UFRRJ; a ativista social Natália Reis; Renan Sá, da Pastoral da Juventude; e o ator e psicólogo Vinícius Romão, envolvido recentemente em situação de racismo.

Severine fez uma exposição do Mapa da Violência no Brasil, mostrando a dimensão e gravidade da violência contra a juventude negra. Atualmente, 70% das mortes de jovens no país são atribuídas a “causas não naturais”, sendo as principais os assassinatos e acidentes de carro. A cada hora, dois jovens são assassinados no Brasil, nessas estatísticas, 88% são negros e do sexo masculino. O jovem negro é, ao mesmo tempo, a maior vítima e o maior suspeito destes assassinatos. “O Juventude Viva não é um plano apenas com o viés a segurança pública, ele trabalha em quatro eixos: A desconstrução da cultura de violência; a garantia dos direitos, inclusão e oportunidades; o aperfeiçoamento institucional e a transformação dos territórios”, explicou a Secretária Nacional de Juventude. Severine reforçou ainda a importância de debates como este para a transformação do pensamento hegemônico e humanização das estatísticas. “O desafio é mudar o pensamento incutido pela sociedade, um exemplo bastante atual são os linchamentos absurdos que estão acontecendo no país, com o incentivo da mídia”, finalizou, reforçando a necessidade de acabar com as barreiras dos jovens no sistema de justiça.

O ator Vinícius Romão contou emocionado sua história de vida e relatou os acontecimentos que o levaram a ficar preso injustamente por 16 dias, suspeito de assalto após um reconhecimento feito às pressas pela vítima. Vinícius relatou as falhas que encontrou no sistema, como a supressão do direito a um advogado e só ter conseguido dar um telefonema no dia seguinte à prisão. O ex-chefe de polícia e deputado Zaqueu Teixeira explicou inconformado que Vinícius foi mais uma vítima, como tantas que são presas injustamente no Brasil todos os dias, por serem “suspeitos padrão”, pois o jovem negro é comumente utilizado como exemplo em manuais de formação de policiais em diversas cidades do país.

Zaqueu defendeu ainda a política de cotas, da qual o Rio de Janeiro foi o estado pioneiro, e o fim dos autos de resistência, abordagens policiais nas quais o suspeito reage e o policial tem o direito de atirar e não é investigado. “Como pode alguém ter o direito de atirar para matar impunemente?”, questionou. Essa medida foi criada na época da ditadura, para legitimar a repressão policial e encobrir seus crimes e utilizada até hoje com esta finalidade. Tanto o deputado quanto os demais palestrantes defenderam a aprovação do Projeto de Lei 4471/2012, que altera o Código Penal e prevê a investigação das mortes e lesões corporais cometidas por policiais durante o trabalho.

A Coordenadora de Juventude de Volta Redonda, Kika Monnteiro, levou o debate para a realidade do interior. Das 132 cidades mais violentas do país apontadas pelo “Mapa da Violência”, 13 pertencem ao Estado do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Campos dos Goytacazes, São João de Meriti, Itaboraí, Cabo Frio, Niterói, Volta Redonda, Macaé, Magé e Angra dos Reis. Entre 2003 e 2011 as taxas de assassinatos de jovens nas capitais recuam, passando de 41,6 homicídios por 100 mil para 36,4, o que representa uma queda de 29,9%. Já os índices do interior continuam crescendo, chegando a triplicar em alguns municípios no mesmo período. Volta Redonda está entre essas cidades que teve seus índices triplicados, ocupando a posição 108ª no ranking nacional do “Mapa da Violência” feito em 2013.

Kika explicou que, um dos motivos para tais dados tem sido o crescimento (econômico e populacional) da cidade, que não tem sido acompanhado por políticas públicas, opções de cultura e lazer e treinamento policial adequado. “O jovem se sente excluído da sociedade. Faltam oportunidades, a mídia o retrata como delinquente, falta emprego, saúde, educação e lazer. É dito a todo tempo pela sociedade que a juventude tem o papel de transformadora, mas não lhes são dadas ferramentas para exercer este papel. Já era esse papo de que o jovem é o futuro, o jovem é o presente e é preciso fazer este presente acontecer. A paz não é o objetivo, a paz é o caminho. As drogas não são a causa desses assassinatos, mas consequências da mesma causa que os provocam: a falta de oportunidades. O jovem precisa entender que sua vida vale a pena e ter um objetivo. Valorizando sua vida ele não irá se entregar às drogas e valorizará também a vida alheia”, defendeu Kika, ressaltando ainda a importância de campanhas de desarmamento da juventude.

A coordenadora citou os projetos e eventos desenvolvidos pela Coordenadoria de Juventude de Volta Redonda, que atuam no intuito de oferecer ao jovem uma vida mais digna e com mais opções de cultura e lazer, com amplo acesso. “Estamos entrando na fase de implantação do projeto Trilha Jovem, que irá reaparelhar a Fazenda do Ingá, um parque ambiental com 211 hectares de Mata Atlântica virgem, localizado em um bairro de periferia de Volta Redonda e que irá envolver a juventude desde a construção de seu Plano de Manejo. Construiremos no local um Centro de Educação Ambiental com auditório, biblioteca, almoxarifado, herbário e viveiro, um deck sobre a principal nascente que corta o parque, um mirante para observação de fauna e flora, além de diversas atividades eco ambientais voltadas para o jovem”, exemplificou. Falou ainda da Caravana da 7ª Arte, em parceria com o SESC, com a exibição gratuita de filmes, levando cultura aos bairros mais afastados da cidade.

Em 2013 a coordenadoria também realizou o 1º Encontro Regional de Conselhos Municipais de Juventude, que reuniu jovens de 15 cidades da região, sendo o primeiro intercâmbio de tantos conselhos realizado no país. Houve ainda, paralela à Jornada Mundial da Juventude a “Global Village: Feira Multicultural Internacional”, que reuniu jovens brasileiros e estrangeiros com o objetivo de promover a troca de informações sobre os países, instigando a curiosidade da população e mostrando ao público, de forma jovem e descontraída, a importância de conhecer as diferentes culturas para se entender e respeitar a diversidade. Outro projeto aprovado foi o Estação Juventude, que promove a inclusão e emancipação do jovem, com a ampliação do acesso a políticas e equipamentos públicos.

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