Modelo Psicossocial

Trabalho Serviço Social II

Modelo Psicossocial

O modelo psicossocial deve as suas origens a Woods e Hollis (1964) e ao desenvolvimento da teoria do diagnóstico, de Gordon Hamilton, recebendo ainda influência de diferentes tendências teóricas, tais como a teoria dos sistemas, a teoria dos papéis, a teoria da comunicação e, como o próprio nome diz, na teoria psicanalítica, que é sua base principal.

Gordon Hamilton sublinhava a importância da relação dos indivíduos com o meio em que se desenvolvem e considerava o Homem um organismo biossocial. “O caso, o problema e o tratamento devem ser considerados pelo Assistente Social como um processo psicossocial. Um caso social não está determinado pelo tipo de cliente (seja uma família, um grupo, uma criança) nem pode determinar-se o problema (seja uma dificuldade económica ou um processo comportamental)”. O autor afirma que o caso social é um “acontecimento vivo” que inclui fatores económicos, físicos, mentais, emocionais e sociais. É este aspeto social que diferencia este modelo do psicanalítico.

As fases do processo de intervenção psicossocial são três, o estudo e o diagnóstico, derivadas do psicanalítico e, a compreensão, influenciada pela parte social.

A Pessoa em situação

O Serviço Social psicossocial preocupa-se com a melhoria das relações interpessoais e das situações vitais da pessoa, dando importância às pressões internas e externas, sua interação e a forma como esta afeta a pessoa. O conceito “pessoa em situação” trata-se assim de um conceito-chave para o modelo psicossocial, na medida em que engloba a tripla configuração: pessoa, situação e a sua interação. O termo pressão interna (internal pressure) é utilizado para referir as forças existentes dentro do individuo (“Stress”) e o pressão externa (external pressure) as forças existentes dentro do meio (”press”).

O objetivo do serviço social, na perspetiva psicossocial, é direcionado para a resolução ou redução dos problemas provenientes do desequilíbrio entre a pessoa e o meio.

O tratamento

Para os autores, o tratamento é entendido como uma mistura de procedimentos e processo de entrevistas, com o objetivo de entender a natureza do problema, estruturá-lo, compartimentá-lo e examiná-lo de forma separada.

Segundo Du Ranquet, o tratamento psicossocial pode dividir-se em intervenção directa, onde o Assistente Social trabalha diretamente com o cliente, com o objetivo de mudar os fatores de mal-estar interiores; e em intervenção indireta, onde o Assistente Social trabalha com o meio envolvente, com o objetivo de modificar certos aspetos a favor do cliente.

Intervenção social direta

Segundo Hollis e Woods (1981), as técnicas utilizadas em intervenção social direta podem dividir-se em seis grupos: - o apoio, em que o Assistente Social demonstra interesse, entendimento, recetividade, desejo de ajudar o cliente, confiança nas suas capacidades, de forma a minimizar a angustia e falta de autoestima e confiança dos clientes. Esta postura é essencial para o desenvolver de uma relação de ajuda, tal como o sentido de reciprocidade entre técnico e cliente, em que duas pessoas trabalham de forma conjunta para a resolução da problemática do cliente; - a influência direta, que se refere á forma como o Assistente Social influência nas ações e decisões que o cliente deve tomar para solucionar a problemática. Inclui técnicas como a sugestão e o conselho, em que o Assistente Social tenta, mediante a força da sua opinião impor a mesma para conseguir um comportamento específico do cliente; - a exploração, relacionada com a descrição e exteriorização de sentimentos, para conseguir que o cliente descreva a situação e liberte sentimentos, ajudando-o a aliviar a tensão e ajudando o Assistente Social a entender a pessoa e o problema; - a reflexão do cliente sobre a situação, com vista a reduzir a ansiedade, aumentar a autoestima e confiança do cliente, utilizando procedimentos como a perceção e entendimento dos outros, o entendimento do próprio comportamento, a identificação da natureza do seu próprio comportamento, respostas a provocações situacionais e estímulos, entender as razões, avaliação de algum aspeto do comportamento do cliente, autoavaliação, entender os sentimentos sobre o Assistente Social e sobre o processo; - a discussão reflexiva, que consiste em levar o cliente a refletir sobre os elementos psicológicos que definem e moldam o seu comportamento; - a reflexão sobre o desenvolvimento ou evolução (developmental reflection), com o objetivo de levar o cliente a refletir sobre experiências de vida iniciais e assim provocar uma mudança no sistema de personalidade.

A Intervenção Social Indireta

A intervenção social direta (individual) predominou sobre a intervenção social indireta (ambiental) até aos anos 60, sendo a primeira mais relacionada com a psicologia e a última com o social.

O objetivo do serviço social é facilitar a melhor adaptação entre pessoa e situação, para isso pode fazer o tratamento através da utilização do meio e ou da mudança do meio. O Assistente Social pode fazer uso dos recursos e oportunidades que se encontram disponíveis ou que podem ser gerados em seu benefício. Para isso, o Assistente Social pode articular com outras pessoas para identificar os recursos disponíveis, pode explicar as necessidades do cliente e/ou participar na criação dos recursos no meio. Caso o tratamento se direcione para a mudança do meio, o trabalho orienta-se para a consecução das modificações necessárias com o objetivo de diminuir as pressões/tensões ou de aumentar as oportunidades e gratificações. O Assistente Social tem assim como função fazer desaparecer as incompreensões face ao cliente, permitindo ao meio mudar a sua perceção e atitude sobre o cliente. Outras das técnicas utilizadas é a mudança do cliente para um meio que se identifique mais com as suas necessidades e aspirações.

Hollis e Woods (1981) desenvolveram ainda três formas de observar o trabalho do Assistente Social no meio envolvente de acordo com fatores como: - o tipo de recurso a partir do qual o auxilio é concedido; - a relação do cliente com as pessoas que fazem parte do seu meio, podendo esta ser instrumental (centrada na tarefa, como chefe e empregado) ou expressiva (baseada numa relação emocional ou sentimental, como familiares, amigos ou vizinhos); - a função que o assistente social assume quando trabalha com as pessoas que fazem parte do meio do cliente.

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