O Serviço Social

Dilemas e desafios da política democrática – Marco Aurélio Nogueira

        Marco Aurélio Nogueira, estudioso na área de ciência política e escritor de inúmeros ensaios com temáticas como: teoria política, sociologia e gestão pública, publicou o artigo, Dilemas e desafios da política democrática, que apresentaremos a seguir durante o seu ingresso na comissão Editorial da Revista de Política e Cultura.  

        Nesta obra, Marco Aurélio, apresenta de forma objetiva a política democrática contemporânea tendo como cenário principal o Brasil sem deixar de apresentar de forma breve a situação atual da política mundial. O Brasil passa por um momento de transição de governantes e uma descrença acentuada da população. O autor divide sua obra em seis eixos principais, que passa de uma analise da democracia brasileira passando pelas principais medidas impostas pelos governantes a fim de estabelecer um controle real da crise econômica buscando mecanismos para restaurar a hegemonia.

        O quadro político pode ser observado através de variadas vertes de desmonte e de princípios e valores fundamentais ignorados. Partidos e organizações são deixados de lado em um cenário de divisão, guerras e políticas miúdas, invadidas por uma lógica de mercado desenfreado.

        No intuito de explicar o fenômeno, Marco Aurélio opta por destacar a reestruturação que ainda esta em curso. A reestruturação é apresentada pelos dois lados, tanto para o capitalismo quanto para a própria sociedade moderna. No capitalismo é apresentado através dos novos procedimentos organizacionais e gerenciais e um acentuado processo de “financeirização”. Pensando pela perspectiva da sociedade que busca uma adaptação as novas dinâmicas impostas de individualização e do mundo do trabalho.

        As hipóteses causais deste fenômeno deveram passar pelas devidas correções como é destacado na obra, o que realmente acontece é que os dirigentes e os partidos políticos não estão capacitados a adaptarem a nova realidade imposta pela contemporaneidade. É destacado também que o individuo perde o foco da esfera privada, estranha á política, para se manifestar e defender discursos políticos de insatisfação. Tendo como parâmetro que o individuo não possui como base o que já esta instituída, pela política e pelo partido, acabando por deslegitimizar os discursos de insatisfação.  

        O Brasil vem enfrentando um momento crítico, a dissolução de consenso, pactos econômicos e sociais estão sendo desfeitos e a cultura está cada vez mais desorganizada. A política se tornou inoperante principalmente pelo fato de que o país perdeu o esboço social democrático, a democracia deu lugar ao que o autor chama de “pós-democracia”, a redução do eleitorado das esquerdas é real trazendo assim uma redução das chances de uma formação de governos democráticos representativos, reformadores e eficazes.

        Em todo o período que o principal partido de direita estava no poder pouco conseguiu no intuito de reformular a sociedade pois não havia potencia fundamental em seus atos. Este período foi caracterizado como o autor destaca através das seguintes características: políticos sem potencia funcional, orientações econômicas e fiscais que ampliam os estragos do capitalismo, pouco interesse em conter forças da vertente centro-direita, privilegio de acordos e alianças pautados em interesses individuais do partido a fim de se manter no poder, gigantesca onda de corrupção do Estado e da Gestão pública, alem da intensificação da apropriação privada do Estado. A obra também destaca que não possível dizer que as medidas formuladas pelo governo de direita não foram importantes para o país.

        O que muito se fala no país é a imensa corrupção que se instaurou neste período, ocorreu como é destacado um envenenamento do Estado e da gestão pública e que foi projetada a sociedade. O que deste cenário de corrupção se instaurou foi uma intensificação desenfreada, da apropriação do Estado, dos desvios públicos de verbas, de favores em troca de algum benefício e de uma transferência ilegal de verbas.

        A perda do controle do PT veio representada através do impeachent da presidenta Dilma Rousseff. A perda do partido no controle dos planos fiscais, econômicos e da gestão pública das alianças foi um resultado das manobras políticas dos aliados do partido. Muito se fala em golpe, porem reduzir o fato desta maneira anula a possibilidade de formular uma autocrítica de gestão e transfere aos “outros” uma responsabilidade do governante dos resultados de suas ações.

        O impeachment resultou em diversos pontos como Marco Aurélio enumera: a política perdeu a capacidade de se coordenas e articular o social, o social por conseqüência foi entregue aos nichos e as individualidades. As redes sócias impressas e eletrônicas foi quem impulsionou os resultados a análise política foi substituída pela condenação moral, o julgamento político entrou no lugar do realismo da relevância do calculo de custo e dos danos para o país dos atuais acontecimentos políticos.

        A sociedade esta claramente dividida por uma retórica radical, instituída através de denuncias, condenação do sistema e do governo e a sociedade. Deixa-se de fazer uma crítica real da política democrática, passando a representar uma nova sociedade resistente a á política e aos políticos.

        Na obra o autor elogia a idéia de Luiz Werneck Vianna, que decorre com precisão a introdução da mídia eletrônica no cenário atual. Sem o menor preparo, treinamento e conhecimento político a juventude vem se empoderando dos meios digitais no intuito de trazer seus registros de natureza ético-moral e do julgamento de valor. Como bloqueadores da capacidade reflexiva, as mídias digitais são usadas por uma massa de pessoas com deficiência em formação política expondo slogans esquemáticos e lemas maximalistas de setores importantes da comunidade.

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