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Planejamento Social e Formação de Projeto de Intervenção

Por:   •  5/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.679 Palavras (7 Páginas)  •  314 Visualizações

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Planejamento Social e Formação de Projeto de Intervenção

Breves considerações

Na atualidade, os diversos campos profissionais retomam a questão da instrumentalidade1 (KAMEYAMA, 1995; GUERRA, 1995), avançando no entendimento de que nem a teoria e nem a prática per si, tampouco as práticas profissionais, mudam o mundo; e que o instrumental é a ferramenta que a práxis requer como um de seus elementos constitutivos na realização tecnicamente competente e eticamente comprometida do exercício profissional cotidiano. Assim, há que se ter um significado sócio-histórico do instrumental técnico-operativo como componente da intervenção dos profissionais em seus diversos espaços sócio-ocupacionais e como elemento de potenciação da ação humana sobre o objeto. Em particular, potencializando as formas de enfrentamento das desigualdades sociais constitutivas da ordem capitalista. Porém, não se trata apenas da organização técnica da prática profissional na obtenção da sua eficiência, mas da dimensão intelectiva e ontológica desta prática, tendo em vista o alcance dos objetivos específicos e operacionais da sua intervenção, bem assim, das suas finalidades sociais e profissionais. Obviamente, na dimensão técnico-operativa, a tônica recai nas escolhas e na operacionalização das técnicas e instrumentos laborativos implicando exercício de habilidades, atitudes e estratégias. Neste processo estão contidas as dimensões teórico-metodológica e ético-política. Assim, o trabalho profissional implica uma instrumentalidade e o instrumental técnico-operativo, alavancando a ação como espaço de intervenção e de produção de conhecimentos. Se assim não for, a prática profissional, ao ser invadida por uma racionalidade operativa instrumental reduzir-se-á a uma intervenção utilitária, subordinando à técnica a racionalidade emancipatória.

Como uma das mediações da prática profissional o instrumental técnico-operativo é sempre aplicado com um sentido. Ter presente tal postura possibilita leitura crítica sobre o objeto de intervenção e a escolha mais adequada das técnicas para abordá-lo. Permite a superação do senso comum e da apreensão imediata dos fenômenos sociais, penetrando na sua essência. Dessa maneira, busca esgotar o conhecimento do objeto e conduz as ações para novas descobertas e finalidades.

O instrumental utilizado pelo profissional, em seu trabalho, não pode ser analisado e aplicado isoladamente, mas organicamente articulado ao projeto ético-político que orienta a profissão. O ponto de referência é a legislação normativa pertinente ao campo profissional, o Código de Ética Profissional e as Diretrizes Curriculares que compõem a formação específica dos seus trabalhadores. Isso vem garantir a sua especificidade e a autonomia2 favorecendo localizar-se nas complexas relações sociais e multidisciplinares.

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1 Instrumentalidade e instrumentação têm sentidos diferentes. Instrumentalidade é uma propriedade ou determinado modo de ser que uma profissão constrói dentro das relações sociais, no confronto entre as condições objetivas e subjetivas do exercício profissional. Instrumentação, de caráter procedimental, refere-se às estratégias, táticas, ao conjunto de instrumentos e técnicas que compõem a prática profissional cotidiana. (KAMEYAMA, N. 1995; GUERRA, Y. 1995).

2 A autonomia profissional propicia aos trabalhadores sociais um trânsito legítimo e não subordinado às determinações sociais e institucionais, respaldado na legislação que normatiza sua formação e sua prática sob o ponto de vista ético-jurídico; e, no âmbito da produção de conhecimentos, sob o ponto de vista acadêmico-intelectual o que autoriza seu reconhecimento na sociedade em geral, na sua relação imediata com o usuário dos seus serviços com os quais processa a desalienação por meio das respostas às demandas cotidianas. Isso se manifesta também, na relação com outras categorias profissionais.

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Instrumental técnico-operativo e compromisso profissional

As profissões surgem e operam na realidade sustentadas por um projeto ético-político que se constrói historicamente. Este projeto é, também, um processo em contínuo desdobramento e que tem em seu núcleo a dimensão ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa.

Entendemos que a dimensão ética inclui os princípios da liberdade, da justiça e da igualdade para a construção de uma sociedade sem dominação e/ou exploração de classe, etnia, gênero. Ela afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e dos preconceitos. Em sua dimensão política, o projeto se posiciona no âmbito das relações de poder. Implica participação da sociedade, especialmente nos níveis de formulação e controle de decisões, pela universalização, tanto do acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, ao saber e as suas diversas expressões, quanto da riqueza socialmente produzida.

Do ponto de vista da prática cotidiana, o projeto implica no compromisso com a competência técnica, teórica e política que tem como base o aprimoramento intelectual dos profissionais que se configura:

• Pela assunção de atitude investigativa na prática cotidiana (BATTINI, 1994, 2002; 2009; BAPTISTA, 2001), como expressão do inconformismo e da indignação permanente perante a barbárie social, promovendo crítica reiterada à realidade, impulsionando o profissional para a criação de novas explicações, indo além do limite dado;

• Pela prioridade de uma nova relação com os usuários dos serviços prestados, por meio dos quais o profissional pinça as singularidades dos sujeitos com os quais trabalha e, reconstruindo relações, constrói as particularidades da sua intervenção na direção de uma nova socialidade;

• Pelo compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população;

• Pela publicização dos recursos institucionais, como condição de democratização e universalização de direitos (RAICHELIS,1998);

• Pela participação efetiva dos usuários no processo de formulação da decisão política e no controle dos serviços, programas e atividades realizados em espaços públicos e privados (MARTINS e PAIVA, 2003);

• Pela articulação e partilha de propostas e ações com segmentos de outras categorias profissionais e de movimentos sociais que se solidarizam com as lutas gerais dos trabalhadores (BARROCO, 1995).

Como operar com competência teórico-prática,

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