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Saude Mental

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Por:   •  28/3/2015  •  4.146 Palavras (17 Páginas)  •  960 Visualizações

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Percebe-se que ao longo dos cursos de graduação no campo da saúde, as áreas ou os temas mais específicos tais como saúde mental, saúde da mulher, saúde do idoso, saúde da criança e adolescente, e mais recentemente (como temos visto em campanhas do Ministério da Saúde – saúde do homem) não são aprofundados, não por negligência, mas por não ser pertinente e objetivo dos cursos aprofundar em todas as áreas e nesse sentido, eis a oportunidade oferecida em um curso de especialização: conhecer detalhes que fazem a diferença quando se tem um foco de atuação.

Nesse sentido acreditamos que historicizar o cotidiano (refletir a existência a partir do histórico) buscando no passado as informações necessárias para compreender melhor o presente e, por conseguinte, projetar de forma mais consistente o futuro desejado, é importante ao sujeito pensante, aliás, a todos os sujeitos, pois cada um recebe influências e interfere no seu ambiente.

Portanto conhecer a história da loucura é o primeiro passo para quem pretende atuar no campo da saúde mental. E essa história remonta aos tempos dos filósofos! Entretanto veremos como aponta um estudo de Cherubini (2006) que na história da compreensão da loucura temos modelos que se repetem ciclicamente. “Tal qual atualmente há movimentos a favor da pena de morte, banida da maioria dos ordenamentos jurídico-penais, a prescrição do internamento, como solução para a segurança social, é recomendada periodicamente. Sucedem-lhe movimentos contrários, de abolição dos hospícios e convivência dos pacientes com os familiares”.

Deixaremos de lado, num primeiro momento a definição técnica para loucura e tomaremos por base o pensamento de Foucault (1995), o qual infere que a loucura varia de cultura para cultura. Assim a doença é variável como os costumes e só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal.

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Essa noção nos leva a aceitar que em rituais coletivos, a “incorporação de espíritos” por um membro de uma tribo nativa não é uma doença no entendimento de um etnopsiquiatra1, mas somente uma possessão, o que a sociedade ocidental não consegue aceitar. De todo modo, vamos nos concentrar a priori em três modelos que buscam entender, explicar e cuidar da loucura, os quais são baseados em Pessoti (1997) que são os modelos mítico-religioso, organicista e psicológico e, na sequência, vamos apresentar conceitos de loucura para a Psiquiatria e Saúde Mental, construindo o arcabouço que servirá de base para o caminhar que nos propusemos nesse curso.

O modelo mítico-religioso tem raízes na antiga Grécia. Dessa época os registros de casos de loucura, de anormalidades psíquicas e pessoas com diferenças comportamentais estão nas obras dos clássicos. Há personagens que apresentam momentos transitórios ou não de insensatez, a exemplo da obra de Homero. Seus poemas caracterizam o primeiro modelo teórico da loucura.

Homero descreve uma bebida destinada ao esquecimento, o que pode ser visto como um dos primeiros fármacos, bem como quadros de melancolia e mania, vividos por seus personagens. São momentos passageiros, de que estes não precisam sentir culpa ou remorso, isto porque na época acreditava-se que os deuses eram os responsáveis diretos pelos quadros de insensatez, os caprichos e os ciúmes. A cura acontecia quando o personagem deixava de querer superar ou assemelhar-se aos deuses, quando deixava de querer fugir de seu destino, bem como quando se reintegrava ao modelo social de que se desviara (CHERUBINI, 2006).

Nesse primeiro momento a etiologia da loucura é, portanto, teológica. Diante da intervenção sobrenatural, que acontece quotidianamente, determinando desejos e até o cometimento de crimes, não há estigma ou remorso para as personagens acometidas de momentos de insensatez. Podemos dizer que essa intervenção era

1 Etnopsiquiatria seria a parte da Psiquiatria que recorre à Antropologia e Psicanálise. Área de conhecimento de domínio interdisciplinar da Psiquiatria com a Antropologia em particular e as Ciências Humanas em geral no que diz respeito à compreensão das particularidades étnicas dos processos psicopatológicos de um grupo social, visando a prática clínica e da Antropologia (Etnologia) com a Psiquiatria no concerne ao estudo e à observação do estado de mudanças social e de comportamentos associados a morbidez psíquica (LINS, 2010).

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um mecanismo de defesa e assim, o homem podia ser um “irresponsável” e diminuir sua culpa.

Entretanto, como diz Alvim (1997, p. 30) essa condição não impedia a adoção de algumas medidas contra os loucos. Recomendava-se à família, a sua guarda, “de maneira a tirar-lhe toda a possibilidade de prejudicar a si mesmo ou a outrem” (isso aos loucos de maneira geral). Já aos loucos de difícil controle, reserva-se o encarceramento. Por derradeiro, aos loucos criminosos, impunha-se uma guarda mais rígida, prevendo-se, inclusive, a contenção por correntes.

Em síntese, este modelo de pensamento, na Antiguidade Clássica, inicia com Homero e finaliza com os autores de tragédia grega. Prega a intervenção dos deuses, entendidos como entidades sobrenaturais, sobre a inteligência e as paixões. A autonomia da vontade e do comportamento humano cede diante da entidade mitológica.

Ainda na Antiguidade Clássica Hipócrates (460-380 a.C.), considerado Pai da Medicina, inaugura o modelo organicista da loucura, o qual tem ampla aceitação nos séculos XVIII e XIX. Para ele, a loucura é um desarranjo do cérebro, provocado por disfunções humorais. Tem causa orgânica. Os tipos de loucura não merecem especial enfoque pelo médico da cidade grega de Coos, posto que consistiam em efeitos daquelas disfunções.

Dotado de grande capacidade de observação, já ligava quadros mentais a estados infecciosos, hemorragias e ao parto. Foi o primeiro a tentar libertar a medicina dos ritos mágicos. Através do “Corpus Hippocraticum” acreditava-se que os temperamentos eram baseados numa mistura de humores corporais, portanto as doenças, de uma forma geral,

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