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Estágio De Psicologia Em Saúde Mental

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Por:   •  31/7/2013  •  1.603 Palavras (7 Páginas)  •  699 Visualizações

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A psicologia hoje possui diversos campos de atuação, porém seu papel na saúde pública é recente. Pela crescente presença desses profissionais na rede pública de saúde no Brasil dá-se a Reforma Psiquiátrica e ao campo intitulado “Saúde Mental”.

O Programa de Saúde Mental em Minas Gerais foi implantado em 1984, sendo essa ocorrência derivada da união do movimento sanitário com a Reforma Psiquiátrica e o Estado. Embora esta nova atuação tenha recebido o titulo de Saúde Mental, ainda neste período da história, este campo da psicologia estava direcionado à demanda infantil, aos conselhos de saúde, ficando sob a responsabilidade da psiquiatria, os cuidados prestados aos psicóticos e neuróticos graves. O trabalho dos psicólogos com pacientes graves acontece somente após o Movimento da Luta Antimanicomial. Este movimento aconteceu através dos esforços de profissionais da área para uma sociedade sem manicômios e pela luta de uma Reforma Psiquiátrica com autonomia perante o Estado.

Em repercussão aos movimentos a favor de uma reestruturação da Saúde Mental no Brasil, em 1989 no Congresso Nacional, o Projeto de Lei de autoria do deputado federal mineiro Paulo Delgado foi apresentado, propondo a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mental e a extinção progressiva dos manicômios no país. Porém, tal lei foi sancionada somente 12 anos depois, em 2001, sendo esta a Lei Federal 10.216.

Uma das iniciativas tomadas como meio de humanizar e socializar a atenção ao doente mental foi a implantação do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Os CAPS são “serviços territoriais de base comunitária destinados a acolher e tratar os pacientes com transtornos mentais; estimular sua integração social e familiar; apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia; oferecer-lhes assistência de forma integral” (Secretaria Municipal de Saúde).

Existem cinco tipos de CAPS (CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad), cada um com uma clientela diferenciada, a depender do contingente populacional a ser coberto e do período de funcionamento. Os CAPS I atendem a municípios de pequeno porte, que possuem de 20 a 70 mil habitantes; CAPS II são serviços para cidades de médio porte, com população de 70 a 200 mil habitantes; CAPS III são os únicos que atendem 24 horas por dia e estão disponíveis nas grandes cidades, com população acima de 200 mil habitantes. Os CAPSi e CAPSad são unidades de tratamento segmentado, alocadas em cidades de médio porte. Os primeiros atendem a crianças e adolescentes com até 17 anos de idade, enquanto os CAPSad são serviços destinados a dependentes de álcool e outras drogas, cuja dependência é secundária ao transtorno mental.

Na cidade de Varginha, o CAPS II foi credenciado em 2007, sendo seus objetivos: “promover a cidadania dos indivíduos com transtorno mental no que diz respeito à dignidade, salvaguarda dos seus direitos e de liberdade, autonomia, integridade, reabilitação laboral, reinserção social e qualificação da vida.” (Secretaria Municipal de Saúde de Varginha).

Dentre os serviços prestados pelo CAPS II de Varginha estão: “recepção; acolhimento; reuniões da equipe; atendimento individual em psiquiatria; atendimento individual em Psicologia; atendimento em Assistência Social; atendimento em Enfermagem; atendimento em Terapia Ocupacional; oficinas terapêuticas (Jardinagem; Artesanato; Oficina do corpo; Oficina de Cinema; Oficina de Jogos e esportes; Oficina de Contos; Oficina de rádio na Melodia FM); Comemoração de aniversários e datas comemorativas; Reunião com famílias; Supervisão de estágios e apoio matricial em saúde mental para as unidades de saúde do município, além de outros.” (Secretaria Municipal de Varginha).

O estágio em Saúde Mental desenvolvido no CAPS II da cidade de Varginha neste ano de 2012, concentrou-se em fazer visitas semanais ao dispositivo citado, das quais consistiam em acompanhar o atendimento coletivo, no qual os pacientes se entretinham com atividades artesanais; no acolhimento de pacientes novos; no acompanhamento aos atendimentos individuais com psicólogo e psiquiatra; e, participação do matriciamento mensal.

Durante essas visitas pôde-se, a cada dia, conquistar um pouco mais de conhecimento da realidade de cada paciente; da rotina de um CAPS II, dos desafios que todos ali presentes enfrentam. A convivência de perto com pessoas vítimas de sofrimento mental, proporciona um olhar diferente perante o mundo e a vida. A receptividade de cada um, o carinho, a disposição em aprender, os ideais, a necessidade de contar sua história, seu medos, sonhos e angústias, fazem a presença de um psicólogo de suma importância, dentro de um ambiente como este. O acolhimento e a escuta oferecida por este profissional colabora para que o paciente, mesmo em doença mental, busque aos poucos sua identidade e autonomia, trazendo em nível de consciência, o seu processo interno e a busca pelo seu significado.

Dentro das atividades acompanhadas, os trabalhos artesanais foram marcantes, pelo fato de trabalhar a paciência, o controle, a habilidade motora, a criatividade e, principalmente, por ser um outro meio de comunicação para expressão de seus conteúdos internos.

O paciente com doença mental possui uma realidade diferente da convencional, seu mundo é diferenciado daquele que estamos acostumados a vivenciar, sua expressão e o modo como interpretará suas questões não são os mesmos que de um paciente neurótico. Este trabalho proporciona um enriquecimento pessoal e profissional quanto ao contato com a singularidade humana e a peculiaridade de cada um, questionando se talvez a população vítima de sofrimento mental, não seja o grupo de pessoas com maior autenticidade dentro da nossa sociedade.

A escuta, nesta experiência, mostra o valor que esta ferramenta tem para o processo de cada paciente ali presente. O relato de suas vidas antes e após o surgimento da doença coloca o estagiário em contato com dois extremos

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