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Análise

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Por:   •  13/9/2014  •  Resenha  •  728 Palavras (3 Páginas)  •  236 Visualizações

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Já faz algum tempo que o funk não é mais uma “grande descoberta” ou uma “grande novidade” a ser apreciada pela classe média e pela rede Globo com um sabor de exotismo. Ainda assim, não custa lembrar que desde o seu surgimento (em fins dos anos 1980) o funk era encarado pelos setores dominantes da sociedade de forma preconceituosa que contribuía para a criminalização de seus apreciadores, os funkeiros. A preocupação em coibir o consumo de drogas nos bailes e a prática do “corredor” (Lado A X Lado B), levou, em 1998, à formação da CPI do funk, com o objetivo de apurar a incitação à violência e o suposto envolvimento entre os donos das equipes de som e traficantes de drogas. Estudava-se a possibilidade de proibir a realização dos bailes. No entanto, essas e outras tentativas de disciplinar o funk e os funkeiros não impediram que o ritmo fosse aceito e reproduzido em massa para outros segmentos sociais.

Desde quando o ritmo se consolidou como uma manifestação cultural criada pela/para juventude da classe trabalhadora carioca (que habitava as periferias e as favelas do Grande Rio), o mercado, que envolvia apenas algumas equipes de som (e seus técnicos), alguns DJ`s e poucos Mc’s, cresceu imensamente e, hoje, envolve produtoras de videoclipes e emissoras de rádio e de televisão, por exemplo. Essa expansão mercadológica contribuiu para que o funk se nacionalizasse, ultrapassando os limites do Rio de Janeiro, entre o fim dos anos 1990 e o começo dos anos 2000. Até aí, o estado do Rio era praticamente o único centro criador e difusor de novas tendências estéticas. No entanto, a partir da segunda metade dos anos 2000, o funk também passou a ser produzido com fôlego nas periferias de São Paulo, de onde surgiu a última inovação estética, conhecida como ostentação.

Essa nova vertente chegou ao Rio em 2012 e, desde então, vem conquistando um espaço importante no cenário carioca, influenciando tanto a temática de suas letras, quanto o visual e o comportamento dos Mc’s. Partindo do princípio de que qualquer tipo de manifestação cultural seja fundamental para entender os valores, as contradições e os conflitos de qualquer sociedade, este texto tem como objetivo analisar essa nova estética do funk e tentar compreender de que forma as relações aí representadas se associam às questões que permeiam a sociedade brasileira.

Na primeira metade dos anos 1990, as letras do funk carioca abordavam temas como a desigualdade social, o racismo, a violência e a criminalização da pobreza. A batida (produzida em baterias eletrônicas) era diferente daquela que se ouvia em São Paulo com os Racionais, e o flow (o “encaixe” das rimas na batida) dos Mc’s cariocas era mais rápido e menos carregado, mas, apesar disso, o som que se produzia no Rio também era chamado de rap. Dessa época, datam o “Rap da Felicidade”, o “Rap do Silva” e o “Rap das Armas”, por exemplo. Nesse período, o Brasil vivia a consolidação do Neoliberalismo, momento em que a inflação elevada, os juros altos e o arrocho salarial aprofundaram as desigualdades sociais e contribuíram para a explosão da violência urbana – reforçada pela falida política de guerra às drogas, que criminaliza a pobreza. Num momento em que a classe trabalhadora tinha um poder de consumo muito baixo (limitando-se, praticamente, aos bens mais necessários) e poucas opções de lazer, os bailes funk

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