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Compreender a biologia e a ecologia do fila que compõem invertebrados

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Por:   •  17/6/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  9.165 Palavras (37 Páginas)  •  383 Visualizações

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FILO CNIDARIA

BIOLOGIA E ECOLOGIA

Segundo a classificação proposta por Whittaker em 1969 os seres vivos podem ser divididos em 5 reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. O último reino domina sendo composto por cerca de 35,9% dos filos conhecidos e cerca de 73% das espécies já descritas. Dentro dos animais, em torno de 97% dos organismos constituem o grupo dos Invertebrados, caracterizado pela ausência de coluna vertebral. Como uma boa filogenia se baseia em presenças e como não há nenhuma característica positiva que defina o grupo, conclui-se a natureza artificial deste agrupamento. Na realidade, os invertebrados não podem ser considerados com um táxon ou clado verdadeiro, não ocupando nenhum nível hierárquico de classificação. Apesar disto, o termo e o agrupamento são utilizados em quase todos os livros didáticos e cursos de graduação e pós-graduação. Como entender e comparar grupos tão diversos. Esta diversidade se reflete na grande quantidade de formas, hábitos e habitats dos invertebrados e pode ser entendida quando observamos a composição deste grupo: são cerca de 35 filos e mais 2 subfilos pertencentes ao filo Chordata, o mesmo que abriga os seres humanos e demais vertebrados. Por esta razão, é muito mais fácil encontrar, em livros didáticos, análises comparadas e discussões sobre a evolução e a filogenia dos vertebrados, os quais realmente constituem um táxon geralmente colocado na categoria subfilo, que de Invertebrados.

Pese a dificuldade de entendê-los, não se pode negar que os invertebrados compõem um grupo extremamente exitoso. A sua grande diversidade estaria associada a alguns fatores importantes. O primeiro deles seria o tamanho reduzido. Os invertebrados, em sua maioria, são organismos de pequeno porte, às vezes microscópicos, o que favorece no compartilhamento de habitats. Organismos com nichos ecológicos diferentes podem co-existir em um mesmo habitat evitando a competição e o desgaste energético que a mesma implica. Um número maior de nichos a serem explorados permite um número maior de formas diferentes associadas a distintos aspectos da biologia o que reflete (ou já é um reflexo) da grande diversidade do grupo. Outro importante aspecto a ser citado é a antiguidade do grupo. Os primeiros representantes dos invertebrados surgiram no Pré-Cambriano (cerca de 600 milhões de anos atrás), enquanto que os vertebrados apenas surgiram há cerca de 500 milhões de anos. Isto permitiu aos invertebrados em torno de 100 milhões de anos a mais para evoluírem, se adaptarem e diversificarem. Ainda duas outras razões poderiam ser citadas. Apesar do tamanho reduzido os invertebrados possuem uma elevada biomassa devido ao fato de serem extremamente numerosos. Isto é facilmente exemplificado em alguns insetos como formigas ou cupins. Alguns estudos realizados estimaram em 1 hectare de floresta amazônica, pouco mais que 1 dúzia de vertebrados e cerca de 1 bilhão de invertebrados, na maioria formigas e cupins. Assim, cerca de 93% da biomassa animal encontrada no local correspondia aos invertebrados. É claro que isto tem relação com os ciclos biológicos geralmente curtos apresentados por estes organismos, o que constitui a outra causa da diversidade destes animais.

Se por um lado é óbvia a diversidade dos invertebrados e compreensíveis as causas da mesma, se esperaria que desempenhassem importante papel nos ecossistemas. E isto de fato ocorre. Eles podem ocupar vários níveis tróficos. Como consumidores primários, se encontram na base de pirâmides alimentares, disponibilizando nutrientes para níveis superiores, muitas vezes ocupados por vertebrados. Como detritívoros contribuem para a reciclagem de grande parte da matéria orgânica no ambiente. Como parasitas e predadores podem ser importantes reguladores do tamanho de populações de plantas e animais. Ademais, por abrigarem, muitas vezes, microalgas em seus tecidos, podem atuar como produtores primários. Além disso, podem ser polinizadores, garantindo a continuidade dos ciclos reprodutivos de plantas e aumentando a disponibilidade de alimento para outros animais. Também devemos considerar que grande parte da ação natural que mexe, recicla, disponibiliza e altera de forma natural os ambientes, é provocada por invertebrados. Temos a errônea idéia que apenas manadas de grandes mamíferos, elefantes, por exemplo, poderiam alterar drasticamente um ambiente. Basta observarmos a ação de formigas, cupins, gafanhotos, minhocas, poliquetas e inúmeros outros organismos marinhos para ver que, através de suas ações, eles não apenas interferem no ambiente físico, mas também na vida de outros seres vivos. A bioturbação trata de inúmeros exemplos sobre o tema. Considerando todos estes aspectos seria fácil concluir que, se os vertebrados desaparecessem da Terra, os invertebrados, provavelmente voltariam à tranqüilidade em que viviam antes do aparecimento deles. Não obstante, se os invertebrados desaparecessem da face da Terra (tarefa de per si mais difícil), seria pouco provável que os vertebrados conseguissem sobreviver.

Nos oceanos e mares há uma enorme variedade de formas de vida, e um número de táxons superiores muito maior do que no ambiente terrestre. Segundo as estimativas, o mar apresenta apenas 20% de todas as espécies animais, mas estas agrupam 90% ou mais de todas as classes ou filos (MAY, 1988). Basta lembrar que a maioria dos filos conhecidos são exclusivamente ou principalmente marinhos. Dos 35 filos de invertebrados não cordados, 16 são exclusivamente marinhos, 6 predominantemente marinhos, 9 com representantes marinhos, 2 com poucos representantes marinhos e apenas 2 sem representantes marinhos (Pentastomida, parasita de vias respiratórias aéreas de vertebrados, e Onychophora, exclusivamente terrestre).

Dentro desta perspectiva, compreender a biologia e a ecologia dos filos que compõem os invertebrados, permitirá uma melhor compreensão dos mesmos e das relações evolutivas entre eles. Isto é ainda mais imperioso nos invertebrados marinhos, se consideramos que a origem da vida se deu na água e que muitos dos filos hoje conhecidos possuíam representantes nos mares Cambrianos e Pré-Cambrianos. Não devemos esquecer também que a compreensão sobre a biologia e ecologia dos organismos é fundamental para políticas de conservação bem como para o uso racional de recursos. Um exemplo disso é o uso atual de inúmeros organismos marinhos em estudos farmacológicos. A falta de conhecimento acerca da biologia e ecologia de algumas espécies exploradas economicamente para este fim levou a quase dizimar algumas populações.

Neste contexto, os cnidários adquirem grande importância por serem um grupo de organismos altamente diversificados que estão ligados a origem

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